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Mundo Acadêmico - Brasil


Emilly Rennale Freitas de Melo


Após 64 anos, o Brasil volta a sediar a Copa do Mundo de Futebol. No dia 12 de junho, na abertura com o jogo Brasil x Croácia, será possível prestigiar outro Brasil além do “país do futebol”: acontecerá a primeira demonstração pública de um exoesqueleto controlado pela mente, uma tecnologia de ponta que permite que pessoas paraplégicas caminhem.

O exoesqueleto foi desenvolvido por cientistas do projeto Walk Again (“Caminhar de Novo”) e é resultado de anos de pesquisa do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que trabalha na Universidade de Duke, nos Estados Unidos da América. A intenção da demonstração na Copa, segundo Nicolelis, é a de “mostrar para o mundo um outro Brasil. Mostrar que aqui no Brasil também se pode fazer grandes projetos científicos com impacto humanitário e mostrar que existe um outro país, um país que cresceu muito nos últimos anos, melhorou a vida de muita gente, mas que ainda pode fazer coisas muito impressionantes não só para os brasileiros, mas para todo o mundo." E é esse Brasil que entra em campo para esta edição do Mundo Acadêmico.

Ilustração mostra como seria a inauguração da tecnologia na abertura da Copa
(Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140509_exoesqueleto_entrevista_dg.shtml - Acesso em 03/05/2014)

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o ensino superior do Brasil é constituído por 2377 instituições, das quais 85% são faculdades, 8% universidades, 5,3% centros tecnológicos e 1,6% são institutos tecnológicos. Trata-se de um patamar relativamente recente no cenário nacional, já que a universidade surgiu no nosso país somente no século XIX, em virtude daqueles que após se formarem na Europa, voltavam ao Brasil criando institutos isolados e faculdades específicas. Apenas em 1934, com a fundação da Universidade de São Paulo (USP), a organização acadêmica brasileira tornou-se mais sistemática, com a contratação de grande número de professores europeus, marcando uma forte expansão do sistema público federal de educação superior. Entre 1930 (boom industrial) e 1964 (início da ditadura militar), mais de vinte universidades foram criadas.

Hoje, o Brasil é constituído por instituições de ensino superior de pequeno e grande porte em praticamente todas as áreas do conhecimento. Pode-se optar por três tipos de graduação: bacharelado, licenciatura e formação tecnológica. Na pós-graduação, os cursos são lato sensu (especializações e mestrados em gestão e administração de negócios, as MBAs) ou strictu sensu (mestrados e doutorados).

Para o ingresso nessas instituições, o vestibular é o modo tradicional. Cada universidade costuma ter seu estilo de provas para analisar os conhecimentos adquiridos pelos estudantes no Ensino Médio. Outra forma cada vez mais relevante no Brasil é o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), o qual, com 180 questões objetivas de caráter interdisciplinar e uma produção textual dissertativa em cerca de dez horas de provas, é imposto como única forma de acesso na maioria das instituições públicas superiores nacionais.

É pertinente aludir também sobre o significativo incremento do setor privado de educação superior no país, mormente nos últimos anos. O aumento da oferta de vagas é reconhecido como imprescindível pelo Ministério da Educação, uma vez que 70% das matrículas é do setor privado, que abrange um contingente expressivo de graduandos.

Mas enfim, qual a melhor universidade do Brasil? Muitos responderiam a USP, porque está entre as 100 melhores do mundo. Todavia, a resposta pode variar de acordo com a área de conhecimento analisada. Para os amantes das Ciências Humanas, a Universidade de Brasília lidera. Para os de Saúde, o primeiro lugar vai para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Já para os loucos por tecnologia, mais conhecidos como engenheiros e cientistas da computação, as universidades de destaque são a própria USP, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a de Minas Gerais (UFMG), a de Santa Maria (UFSM), a Unicamp, dentre outras.

Também faz parte dessa lista a Universidade Federal de Campina Grande, sobretudo em virtude de seus cursos de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação, ambos com graduação cinco estrelas, conceito máximo do Guia do Estudante.

Fonte: Ranking Universitário da Folha de São Paulo.

Ao falar de Engenharia, seria no mínimo injusto somente comentar sobre universidades enquanto temos importantes institutos, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto Militar de Engenharia (IME), com as provas de vestibular mais exigentes do país. Famigerados pela grande excelência de ensino, formam profissionais procurados por empresas do mundo todo.

Portanto, o Brasil oferece boas oportunidades para uma formação acadêmica adequada e de qualidade para o sucesso no mercado de trabalho dos seus cidadãos, embora bastante modestas se comparadas com outras nações. Não obstante ser um país com a sétima maior economia do mundo e de relevância ascendente no contexto global, não é novidade dizer que o Brasil está aquém do esperado quando o assunto é educação e geração de tecnologia. A atual expansão da quantidade de ingressantes nas universidades não foi acompanhada pelo fortalecimento do trabalho de muitas instituições, de modo que apenas dez universidades, cerca de 5%, apresentam um envolvimento significativo com a pesquisa. Porcentagem essa que tende a crescer, desde que o chute do exoesqueleto robótico na Copa não alcance somente a bola, mas especialmente, cada um em verde e amarelo.





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