Sobre o processo de ensino e aprendizagem na disciplina
Conversão Eletromecânica

Prof. Benedito Antonio Luciano


O meu primeiro contato com a disciplina Conversão Eletromecânica se deu em 1975, como estudante do curso de graduação em engenharia elétrica, no campus II da UFPB, atual UFCG. O nome do professor era Jeremy Faynes e o livro por ele adotado era o clássico FITZGERALD, A. KINGSLEY Jr, C. e KUSKO, A. Máquinas elétricas. São Paulo: McGraw-Hill, 1975. 623 p.

Concluído o curso de graduação, em 1977, me tornei professor do Departamento de Matemática e Física, no qual atuei como professor de Física IV (Eletricidade e Magnetismo) até 1979, quando me transferi para o Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) da UFCG, onde estou lotado até hoje.                 

Certamente, ter sido monitor de Física (Eletricidade) e de Eletrônica Básica, como aluno do curso de graduação, influenciou na minha opção pela carreira docente.

No DEE, como professor, duas foram as disciplinas que me foram destinadas: Circuitos Magnéticos e Medição de Energia Elétrica. Posteriormente, lecionei outras disciplinas, dentre elas: Conversão Eletromecânica, Técnicas de Medição, Gerenciamento de Energia, Projeto de Engenharia e Laboratórios de Conversão e de Máquinas Elétricas. Mas, neste espaço vou me reportar especificamente à minha experiência como professor da disciplina Conversão Eletromecânica.

A disciplina Conversão Eletromecânica, nos moldes como ela se apresenta na estrutura curricular atual do curso de graduação em Engenharia Elétrica na UFCG, é o resultado da junção dos conteúdos programáticos das disciplinas Circuitos Magnéticos e Conversão Eletromecânica de Energia, ocorrida por ocasião da última reestruturação no conjunto de disciplinas. Essa junção resultou na seguinte ementa: Materiais magnéticos: estudo, classificação e fenômenos físicos associados. Estruturas eletromagnéticas com e sem entreferro: modelo de estudo, analogia e equivalência. Acoplamento magnético. O transformador ideal. O transformador real: estudo em vazio e em carga, regulação, rendimento. Transformadores trifásicos. Transformadores especiais. A transformação de energia em movimento. O balanço de energia. Conversores translacionais. Conversores rotativos: tipo anel e tipo comutador. 

Trata-se de um conteúdo denso, que requer por parte do professor ministrante um bom planejamento em termos de plano de curso. No que diz respeito aos alunos, para o acompanhamento e um bom aproveitamento da disciplina é desejável o conhecimento básico das leis fundamentais do eletromagnetismo, em particular das leis de Faraday/Lenz, Ampère, conservação da energia e mecânica newtoniana. Também é importante que o discente possua uma boa base de cálculo vetorial e equações diferenciais.

Ao longo de mais de vinte anos expondo o conteúdo previsto na ementa, tive oportunidade de empregar diversos recursos didáticos como ferramentas de apoio ao ensino e de introduzir as chamadas infotecnologias, visando sempre melhorar o aprendizado. Nesse processo, os alunos, semestralmente, tiveram participação efetiva no processo ensino-aprendizagem, nas denominadas aulas operatórias e nas avaliações operatórias. Em termos específicos, essas participações podem ser exemplificadas como revisão e proposição de ampliação do conteúdo da apostila “Fundamentos de circuitos magnéticos e transformadores”, elaborada pelo professor; apresentações orais e escritas de trabalhos sobre cada uma das três unidades em que está dividido o conteúdo programático da disciplina.

Nas aulas operatórias, o aluno participa ativamente do processo ensino-aprendizagem, tendo oportunidade de confrontar o seu conhecimento prévio com a nova abordagem trazida pelo professor, que nesse contexto atua não apenas como expositor, mas, sobretudo como facilitador do processo.

Partindo desta metodologia, o que se espera, ao término do semestre, é que não somente os objetivos gerais e específicos preconizados no plano de curso sejam atingidos, mas, sobretudo que tenha ocorrido uma mudança de postura por parte dos alunos; passando os mesmos da condição de agentes passivos, como ocorre no tradicional modelo de ensino centrado no professor, para a condição de participantes ativos do processo de aprendizagem, como decorrência da abordagem operatória, centrada no processo operatório, do qual participam ativamente alunos e professor.

Assim, semestre a semestre e a cada turma diferente, tenho procurado repassar o resultado desse aprendizado mútuo, pois quanto mais o professor ensina, mais ele aprende; e quando o aluno assimila esse processo, melhor preparado estará para enfrentar os desafios que os esperam na vida profissional, dentro ou fora da academia.



O autor é tutor do grupo  PET Engenharia Elétrica  UFCG