As Origens da Astronomia (Parte I)
Ano Internacional da Astronomia
O ano de 2009 foi escolhido pela União
Astronômica Internacional (UAI) e pela Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para ser o Ano
Internacional da Astronomia, comemorando quatrocentos anos desde as
primeiras observações telescópicas do céu feitas por Galileu Galilei.
Em todo o mundo, eventos locais, nacionais e globais ocorrerão no
intuito de divulgar a astronomia e a ciência. No Brasil, o calendário de
eventos pode ser acessado no site www.astronomia2009.org.br.
O Jornal PET-Elétrica, ao longo de 2009, publicará alguns artigos
abordando um pouco da história da astronomia, desde os primórdios das
civilizações até os dias atuais. Boa leitura.
As origens da astronomia (parte 1)
O deslumbramento do homem perante o céu
numa noite estrelada, a periodicidade das fases lunares ou mesmo as
estações do ano, sem dúvida, foram fatos que instigaram o pensamento
humano. Junto com o desenvolvimento cultural de diversas civilizações
antigas, surgiram necessidades que dariam o impulso inicial aos
embriões de algumas ciências contemporâneas. A astronomia é uma das
ciências que se encaixam nesse conjunto.
A astronomia é a ciência que estuda a composição, a posição
relativa e o movimento dos astros. No início, devido às limitações
tecnológicas, a observação dos astros era condicionada a apenas aqueles
visíveis a olho nu e estava ligada principalmente à religião e à
marcação do tempo. Para as primeiras sociedades agrícolas o
conhecimento das posições de astros no céu, bem como a periodicidade
das fases da Lua ou do movimento do Sol no horizonte, era determinante
para a escolha da época de plantio, de forma a esperar que a colheita
fosse feita nas melhores condições. Esse conhecimento deu origem a
diferentes calendários. A ligação, que geralmente existia entre rituais
religiosos e as observações celestes, fez com que os primeiros
astrônomos fossem os mesmos indivíduos que eram encarregados das
funções de sacerdócio. Esse foi um dos fatos que, em diferentes
civilizações, fizeram surgir a crença na associação entre astros e
deuses e que fenômenos astronômicos eram presságios de acontecimentos
importantes. Essa foi, aparentemente, a causa da ligação que existiu
historicamente entre a astronomia e a astrologia, hoje extremamente
distintas. Dentre os diversos povos que se destacaram na astronomia
antiga, estão os povos da Mesopotâmia, os chineses, os gregos, os
árabes e os maias, da América pré-colombiana.
As bases da astronomia como ciência no mundo ocidental
surgiram na Grécia antiga. De certa forma, o ambiente criado pelo
surgimento da filosofia natural, junto com as tentativas de dar
explicações racionais sobre o Universo, aumentou o interesse pela
observação dos movimentos dos corpos celestes, sempre na busca de um
modelo que os pudesse explicar de acordo com a Geometria e a Matemática.
Alguns filósofos tiveram feitos notáveis para a época, por exemplo,
Tales de Mileto (~624 – 546 a.C.) que conseguiu prever um eclipse
solar que ocorreu em 584 a.C. Aristarco de Samos (310 – 230 a.C), por
sua vez, argumentou que era a Terra que se movia em torno do Sol, e não o
contrário, dois mil anos antes que Nicolau Copérnico (1473 – 1543).
De fato, é curioso pensar como os gregos da época clássica
partiram de um conhecimento mítico para uma abordagem puramente
racional dos fenômenos naturaisrt. Hoje pode até parecer simples, mas
este foi um processo muito complexo que veio a influenciar todo o mundo
ocidental pelos séculos seguintes.
A próxima edição do Jornal PET-Elétrica tratará de como se
deu a evolução da astronomia no período após a Idade Média.
Edson Porto