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Astrobiologia e Habitabilidade Planetária

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Astrobiologia e Habitabilidade Planetária

A possibilidade da existência de vida em outros planetas é concreta e estudada por um real campo da ciência chamado de astrobiologia. Como podemos identificar e achar vida fora da Terra e quais são, portanto, as condições aceitáveis para que um planeta seja considerado habitável?

Por Pedro Henrique Oliveira Toscano Ximenes


Algumas pessoas acreditam que seres extraterrestres frequentemente entram em contato com humanos . Muitas construções como as pirâmides do Egito, as estátuas da Ilha de Páscoa e até mesmo o estranho padrão do posicionamento de pedras encontrado na Inglaterra, o Stonehenge, teriam sido, na verdade, trazidas à terra por seres de outros planetas. Marcianos de pele verde e ideias como essa, até onde a ciência concorda, são consideradas não mais que teorias da conspiração e são estudadas por um campo da pseudociência chamado de ufologia, palavra que vem do inglês U.F.O (unidentified flying object ou objeto voador não identificado, em português) e “logia”, do grego logos, que significa estudo.

A possibilidade da existência de vida em outros planetas é, contudo, concreta e estudada por um real campo da ciência chamado de astrobiologia. Acredita-se que a maior parte das estrelas possua ao menos um planeta em sua órbita, que são chamados de exoplanetas, ou seja, planetas que orbitam uma estrela diferente do Sol. Muitos desses exoplanetas foram considerados potencialmente aptos a suportar vida. Como, porém, os cientistas podem afirmar que um determinado astro pode ser habitável de uma distância tão grande?

Primeiramente, para entender essa ciência é necessário compreender as suas motivações. Por que ela existe? Essa pergunta pode ser respondida com mais alguns questionamentos que afloram a humanidade há muito tempo: o que fazemos no Universo? Estamos sozinhos? No último século, pela primeira vez na história, obtivemos tecnologia suficiente para, ao menos, começar uma busca pelas respostas e, por isso, um campo da ciência destinado ao seu estudo se tornou necessário.

É estimado que no Universo existam aproximadamente 2 trilhões de galáxias, cada uma delas com aproximadamente 100 a 400 bilhões de estrelas. Pode-se perceber, com isso, que a quantidade de exoplanetas existentes no Universo é algo até mesmo difícil de imaginar. Assumir que somos a única espécie existente nesse vasto Universo pode ser um pensamento de certa forma arrogante. Por conta dessa grande possibilidade da existência de vida em outros planetas, a astrobiologia foi criada.

Segundo o Instituto de Astrobiologia da NASA (NASA Astrobiology Institute - NAI), essa ciência é o estudo da origem, evolução, distribuição e futuro da vida no Universo e se baseia em três questões fundamentais: Como a vida começou e se desenvolveu? Existe vida fora da Terra e, se sim, como podemos detectá-la? Qual é o futuro da vida na Terra e no Universo?

Numa primeira análise crítica acerca dessa ciência, outra pergunta intrigante pode logo ser feita: como se pode estudar a vida em outros planetas se nós só possuímos informação sobre um único ambiente propício à vida? Uma raça alienígena pode simplesmente ter se desenvolvido em um planeta com atmosfera de cloro, por exemplo. Essa resposta é simples, porém necessária: sim, isso com certeza pode acontecer. Contudo, não podemos considerar possibilidades sobre as quais não sabemos, portanto, para a busca por vida extraterrestre, tomamos por base nosso próprio planeta, onde temos certeza que apresenta condições aceitáveis para o desenvolvimento.

Quais são, portanto, tais condições aceitáveis para que um planeta seja considerado habitável? Primeiramente, ele deve estar localizado na chamada “zona habitável”, ou seja, deve estar a uma distância do seu sol que permita em sua superfície uma temperatura nem tão quente (planeta muito próximo do sol) e nem tão fria (planeta muito distante do sol). Além disso, sua atmosfera deve ser composta por gases que sejam propícios a suportar vida.

Figura 1. Zona habitável. [Fonte: https://exoplanets.nasa.gov/the-search-for-life/habitable-zones/]

O estudo da composição atmosférica é feito por meio de imagens coletadas pelo telescópio espacial Hubble e pela análise do espectro da luz proveniente dessas imagens. Cada elemento químico possui um conjunto específico de linhas espectrais associadas, ou seja, ao observar o espectro de luz de cada elemento, percebe-se que linhas pretas surgem em pontos específicos para cada um deles. Isso se deve pela diferente absorção de luz que cada um desses elementos apresenta. Essa característica é chamada de espectro (ou linhas) de Fraunhofer e essa técnica é chamada de espectrografia. Alguns padrões podem ser observados na figura 2.

Figura 2. Linhas de Fraunhofer. [https://www.visionlearning.com/es/library/Qu%C3%ADmica/1/Teor%C3%ADa-At%C3%B3mica-II/51]

A partir dessa técnica é possível, então, observar a composição química da atmosfera dos exoplanetas. O maior problema por enquanto é a qualidade da imagem que conseguimos captar desses astros. É muito difícil simplesmente detectar planetas, já que sua estrela emite muito mais luz e acaba por ofuscá-los. Estudá-los, portanto, é uma tarefa ainda mais complicada. Atualmente, foram estudados com muitos detalhes apenas algumas unidades de exoplanetas, que, além de tudo, são muito grandes, muito maiores do que a Terra, tamanho fora dos padrões esperados.

O principal interesse da astrobiologia é encontrar vida, por isso utiliza-se extrapolações das condições da Terra como parâmetros. Porém, a única exigência absoluta para a existência de vida é uma fonte de energia e, por isso, depositamos esperanças em diversos outros astros que possam apresentar qualquer forma de vida, nem que seja microscópica, como Europa, uma lua de Júpiter que apresenta a superfície formada por um oceano de gelo, que pela presença de água em abundância também se torna um candidato.

A identificação desses planetas potencialmente habitáveis é ainda muito imprecisa, devido a incapacidade de obter detalhes sobre eles. É esperado, contudo, que nas próximas gerações de telescópios espaciais nós já consigamos identificar com mais clareza o que é e o que não é uma nova Terra, nos aproximando ainda mais de responder outras de nossas maiores perguntas.




Referências: 

The Search for Planets Beyond Our Solar System. TED Talks. Disponível em https://www.ted.com/talks/sara_seager_the_search_for_planets_beyond_our_solar_system. Acesso em 27 de dezembro de 2017.

About Astrobiology. NASA Astrobiology Institute. Disponível em https://nai.nasa.gov/about-astrobiology/. Acesso em 28 de dezembro de 2017.

Habitable Worlds. Astrobiology at NASA. Disponível em https://astrobiology.nasa.gov/research/astrobiology-at-nasa/habitable-worlds/. Acesso em 28 de dezembro de 2017.

Exobiology. Astrobiology at NASA. Disponível em https://astrobiology.nasa.gov/research/astrobiology-at-nasa/exobiology/. Acesso em 29 de outubro de 2017.

Warm welcome: finding habitable planets. NASA Exoplanet Exploration. Disponível em https://exoplanets.nasa.gov/the-search-for-life/habitable-zones/. Acesso em 29 de dezembro de 2017.











          






            


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