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Solid State Drive: uma forma diferente de guardar informações

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Solid State Drive: uma forma diferente de guardar informações

O Solid State Drive é um novo modelo para armazenamento de dados. Ele possui algumas vantagens em relação à utilização dos HD tradicionais. Entenda um pouco da sua estrutura.

Por Lucas Danrley Cajé de Souza


Ao longo da evolução da computação, uma das características mais relevantes que sempre mereceu destaque foi o armazenamento dos dados, uma vez que nenhum processamento fazia sentido se não pudessem ter seus resultados guardados, pois na maioria das vezes é necessário utilizá-los novamente. Nesse contexto, as primeiras formas de armazenamento de informações se deram pela perfuração de cartões, cuja sequência de furos representava um dado.

Com a necessidade de um menor consumo de energia, maior velocidade na transferência de dados, menor tamanho, maior capacidade de armazenamento e outros fatores, hoje há várias formas e dispositivos de armazenamento, como pen drives, cartões de memória, hard disk (ou HD), CDs (em alguns poucos casos) e até mesmo o armazenamento em nuvem.

No que diz respeito aos computadores, todos os documentos e softwares são guardados em único local: o HD. Esse dispositivo possui a característica de ser uma memória não volátil, ou seja, os dados não são apagados quando a energia é cessada. Além disso, com sua evolução, é possível ter velocidades de transferências altíssimas, uma capacidade de armazenamento cada vez maior e um custo muito acessível. Porém, ele possui algumas desvantagens, o que levou a necessidade do desenvolvimento de outro dispositivo que está ganhando cada vez mais espaço: o SSD (solid state drive).

O SSD é um novo padrão no armazenamento de dados, uma vez que é composto por chips de memórias flash. Tal memória é utilizada em pen drives e cartões SD, por esse motivo também necessitam ser não voláteis, e podem resistir a variações de temperatura e pressão. O seu tipo de arquitetura utilizada para aplicação nesse dispositivo é a NAND, formada por transistores em série, diferentemente da arquitetura NOR, que é em paralelo.

Existem três tipos de células de memória NAND, cuja mais simples é a SLC (Single Level Cell), que pode armazenar um bit de dado por célula. Para fazer isso, são constituídos de dois transistores, chamados de floating gate e control gate, separados por um óxido de silício, rico em cargas negativas, o que permite que os dados sejam armazenados por um longo tempo (CODÁ, 2013).

A figura 1 é uma representação de como isso é feito. Inicialmente não há uma tensão aplicada ao floating gate, assim a corrente elétrica não passa do terminal drain (emissor) para o source (coletor), o que representa o bit 0. Quando se aplica uma tensão ao floating gate, o transistor irá conduzir, representando bit 1, sendo necessária uma força muito alta para que os elétrons armazenados no óxido retornem ao floating gate, por esse motivo o dado pode ser armazenado por um longo tempo.

Figura 1. Memória tipo flash NAND SLC. [Fonte: http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/12/ssd-celulas-de-memoria-nao-volateis.html']

Baseado na SLC, as outras duas são MLC (Multi Level Cell) e TLC (Triple Level Cell), que podem armazenar 2 e 3 bits respectivamente, o que representou um avanço, já que é possível mais informações por chip, porém a desvantagem está no aumento do tempo de gravação e leitura. Esse armazenamento é possível ser feito devido à utilização de tensões intermediárias e bem específicas, como pode-se notar na figura 2.

Figura 2. Diferentes tipos de arquitetura NAND. [Fonte: http://laptopmedia.com/review/sandisk-z410-review-reliable-ssd-that-will-boost-your-systems-performance/]

A memória flash NAND proporciona ao SSD inúmeras vantagens, tais como o aumento na velocidade de escrita e leitura de dados e a diminuição no consumo de energia. No entanto a limitação desse tipo de memória, que acaba sendo também uma limitação para o SSD, é o número finito de leitura e escrita. Quando se deseja armazenar um dado, os dados antigos precisam ser apagados antes da inserção dos novos, o que atrasa ainda mais a operação, além disso esse processo de exclusão e gravação faz com que haja, a longo prazo, um desgaste do óxido entre os elementos.

Para retardar o desgaste e aumentar o tempo das operações, são empregados alguns métodos. Um deles é o método TRIM, que para funcionar deve ser suportado tanto pelo SSD como pelo sistema operacional (SO). Uma vez que os dados necessitem serem apagados, o SO informa ao controlador do SDD quais blocos não estão mais em uso para que ele possa fazer a limpeza, diferentemente do que ocorre no armazenamento tradicional, onde o espaço é apenas liberado para uso (e não apagado de fato), após isso a informação é gravada por cima. Outros métodos podem distribuir, de forma uniforme, os ciclos de gravação, melhorando, assim, seu desempenho.

A velocidade é a grande avanço fornecido pelo equipamento. Com alguns softwares é possível observar o desempenho do SSD e HD. É natural que as configurações do computador também influenciem no resultado, mas de maneira geral os resultados são muito superiores. Na figura 3 é feita uma comparação entre as principais características do SSD e HD, como o consumo de energia, tempo de acesso aos dados e consumo de processamento da CPU.

Figura 3. Características de um SSD frete ao HD. [Fonte: https://blogs.technet.microsoft.com/nzedu/2017/05/15/onedrive-files-on-demand-perfect-for-byod/]

Além disso, não há qualquer parte móvel no dispositivo, tornando-o menor, mais silencioso, mais leve, dissipa menos calor, e sem risco de danos, diferentemente dos HDs tradicionais. A figura 4 mostra a estrutura básica de um SSD, onde é possível observa os chips de memória e o mesmo padrão de conexão que os HDs, o SATA. Porém, existem modelos com outros padrões, o que também pode influenciar em sua performance.

Figura 4. Estrutura de um SSD. [Fonte: http://www.gpj.com.br/hd-vs-ssd]

A utilização mais frequente atualmente está nos computadores e servidores de grande porte, onde a velocidade é um parâmetro fundamental. Isso ocorre devido aos preços ainda serem elevados em relação aos HDs. Independentemente disso, o dispositivo SSD surge como uma alternativa frente as desvantagens da utilização de um HD tradicional, uma vez que continuam evoluindo: as buscas pelo aumento de capacidade e menor preço são constantes, estas que são, praticamente, as únicas desvantagens desse dispositivo.




Referências: 

CODÁ, L. M. R, 2013. Memória Flash [Arquivo pdf]. Disponível em https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3869315/mod_resource/content/1/MEMÓRIA%20FLASH_2013.pdf. Acesso em 24 de novembro de 2017.

Effectiveness analysis of using Solid State Disk. . A. Skendžić, B. Kovačić e E. Tijan. University of Rijeka, Croácia. 39th International Convention on Information and Communication Technology, 3 de junho de 2016.

O que é SSS: velocidades, capacidades e tecnologias. Emerson Alecrim. Disponível em https://www.infowester.com/ssd.php. Acesso em 25 de novembro de 2017.

SSD: Células de memória não voláteis. Breno Piropo. Disponível em http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/12/ssd-celulas-de-memoria-nao-volateis.html. Acesso em 25 de novembro de 2017.











          






            


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