Perdas de Energia
Conheça os principais motivos e tipos de perdas da geração ao consumo da energia elétrica.
Por Lucas Danrley Cajé de Souza
Inicialmente, é necessário entender como a energia elétrica é transmitida das usinas às residências, industrias e demais consumidores finais. Ao ser gerada, a energia passa por um transformador para aumentar a sua tensão, na tentativa de evitar desperdícios. Em seguida, é transmitida através de cabos isolados, fixados em grandes torres que passam por diversas subestações que aumentam ou diminuem a tensão. Próximo dos consumidores, a tensão deve ser abaixada para se adequar ao uso, em alguns casos podendo passar por outros transformadores em postes de rua, essa é a fase de distribuição. Na Figura 1 é representado um sistema elétrico básico.
Figura 1. Sistema Elétrico Básico. [Fonte: http://www.clubedaeletronica.com.br/Eletricidade/PDF/Livro%20GTD.pdf]
Tendo em vista o contexto elétrico atual, no qual há uma crescente busca pela otimização na transmissão e distribuição da energia elétrica, há um problema inerente a qualquer um dos sistemas e fases da sua comercialização: as perdas. Esse assunto tem sido muito discutido e tratado com prioridade nas distribuidoras de energia e em órgãos como a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e Associação Brasileira de Distribuição de Energia Elétrica (ABRADEE).
A perda é definida como a diferença entre a energia cedida em uma das etapas e a recebida pela etapa subsequente no processo de transmissão. Segundo o site da ANEEL, tais perdas são divididas em: perdas na rede básica, que ocorrem da geração à distribuição da energia e têm origens técnicas, cujo custo é dividido meio a meio entre a geração e o consumo; e perdas na rede de distribuição, que representam um maior percentual nas perdas totais. Estas últimas ainda podem ser subdividas em perdas técnicas e perdas não técnicas (também chamadas de comerciais).
As perdas técnicas estão relacionadas com o Efeito Joule, no qual há a transformação da energia elétrica em energia térmica, no caso das linhas de transmissão esse prejuízo se torna ainda maior, já que se trata de muitos quilômetros de extensão de cabos condutores. Além disso, estão inseridas nessa categoria as perdas dielétricas e o estado de conservação dos equipamentos, como transformadores e medidores, que se desgastam e perdem sua eficiência ao longo do tempo.
Por sua vez, as perdas comerciais são calculadas pela diferença entre a energia total inserida no sistema e as perdas técnicas, sendo oriundas de erros de medições, unidades consumidoras sem equipamentos de medição e os dois itens cruciais: a fraude e o furto de energia, popularmente conhecidas como “gato”. Conforme a ABRADEE, o furto configura-se quando há um desvio de energia direto da rede de distribuição para o consumo ilegal, fazendo-a ser utilizada, mas não contabilizada.
Na fraude, como o próprio nome sugere, o consumidor (seja ele uma residência, fábrica, etc.) é registrado, mas faz modificações na rede para que, embora consuma uma certa quantidade de kWh , pague um valor menor. Vale salientar, ainda conforme o ABRADEE, que todos os custos devido às perdas comerciais são acrescentados ao valor da conta de cada consumidor.
Na Figura 2, o gráfico mostra o percentual de perdas pelas concessionárias no ano de 2015. Percebe-se que as perdas são enormes em alguns estados, como é o caso do Amazonas, chegando a quase 40%. Para reduzir esse índice, algumas concessionárias realizam inspeções em unidades consideradas suspeitas de estarem ilegais, essa é uma das principais técnicas de combate às fraudes.
Figura 2. Percentual de Perdas de Algumas Concessionárias. [Fonte: http://www.abradee.com.br/setor-de-distribuicao/perdas/furto-e-fraude-de-energia]
Um fator que contribui para o aumento dessas taxas é a complexa organização social de algumas cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, sendo difícil a adoção de certas medidas para reduzi-las. Cabe, assim, a participação da população no processo de combate a fraudes e furtos, denunciando e fazendo uso consciente da eletricidade, visto que no final de tudo quem irá pagar as contas serão todos os consumidores.
Referências:
Furto e Fraude de Energia. Associação Brasileira de Distribuição de Energia Elétrica. Disponível em http://www.abradee.com.br/setor-de-distribuicao/perdas/furto-e-fraude-de-energia. Acesso em 26 de maio de 2017.
PENIN, C. A. S. Combate, Prevenção e Otimização das Perdas Comerciais de Energia Elétrica. 2008. 227 f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Universidade de São Paulo, São Paulo. 2008.
Perdas de Energia. Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em http://www2.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=801&idPerfil=4. Acesso em 25 de maio de 2017.
RESENDE, T. Perdas na Distribuição. Disponível em http://www.abradee.com.br/imprensa/artigos-e-releases/1018-perdas-na-distribuicao-baixa-tensao-altos-prejuizos-reportagem-especial-canal-energia. Acesso em 26 de maio de 2017.
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