Minimalismo Conforme fora decidido em reunião
extraordinária do Colegiado Pleno da UFCG, realizou-se, segunda-feira
(17/11/2008), as eleições para reitor e vice reitor da universidade.
Sendo a UFCG uma instituição de renome, espera a boa índole (e porque
não dizer inocência idealista) que a consulta eleitoral seja um exemplo
de democracia e cidadania.
O brasileiro, entretanto, compreende excesso de ingenuidade
como um atalho para a decepção; familiarizou-se a escândalos de toda
magnitude. Resta saber onde está sua capacidade de se indignar, ela
ainda existe? O ultimo dia dezessete oferece um objeto de estudo
formidável.
Comecemos pelo processo eleitoral, de acordo com o artigo
207 da Constituição Federal a universidade possui total autonomia para
elaborá-lo. Segundo levantamento da UnB, dentre cinqüenta e quatro
universidades federais, trinta e uma adotam o voto paritário (o peso do
voto é dividido igualmente entre as três categorias). Tal postura era
compartilhada pela UFCG, entretanto, a resolução 11/2008 (esta altera o
parágrafo único do Art. 3º da Resolução Nº. 01/2008, que regulamenta a
consulta à Comunidade Universitária) introduziu o voto proporcional
(valores desiguais: 70% para docentes e 30% para discentes e
funcionários e técnicos administrativos). É visível o favorecimento do
docente, posição que acena para uma ótica democrática, no mínimo,
controversa.
Seguindo, percebe-se o atual e reeleito reitor Thompson
Mariz, este não acumula o título de doutor (tido como necessário para
se ocupar tal cargo). Fato de importância relevante quando refletimos a
respeito do tempo que ele está à frente da reitoria: inicia, agora em
2009, o terceiro mandato.
Ainda há (corrijo, não houve) destaque para a distribuição
de propaganda eleitoral literalmente às portas da eleição. Uma simples
consulta ao artigo 17 da resolução nº 01/2008 e percebe-se a
ilegalidade do ato. O mesmo procede quanto ao cálculo do percentual de
votos: divulgou-se 96,7%, um valor que desconsidera as abstenções (é
importante ressaltar que 73,16% dos alunos, 38,37% dos professores e
35,6% dos técnicos administrativos não votaram; a abstenção foi de
aproximadamente 67%, num colegiado de 13.638 eleitores).
Esta reflexão é um simples agrupamento de fatos, os quais,
com um mínimo e interesse, podem ser verificados. E mais, não pondera a
respeito da administração do atual reitor, busca sim retornar a uma
pergunta proposta linhas atrás: sua capacidade de se indignar ainda
existe?
Tendo observado estes “detalhes”, se você não experimenta
qualquer indignação somos pessoas largamente distintas. Uma reflete a
respeito das situações que a cercam, enquanto a outra aceita
passivamente desde que sua tranqüilidade não seja abalada. Em qual de
nós está o problema?
Paola Pimentel Furlanetto |