Realidade Aumentada - RA
Chegou o momento em que as aplicações computacionais permitem ao usuário a interação em tempo real, em um ambiente tridimensional com dispositivos multissensoriais, para atuação ou feedback.
Por José Wemerson Farias Lima
Analisando a evolução dos diversos jogos virtuais ao longo das décadas, é perceptível que antes as pessoas tinham que se adaptar às máquinas. Porém, com os vários esforços de pesquisadores, professores, estudantes e empresas, aliados à grande corrida evolutiva de software, de hardware e dos meios de telecomunicações, esse processo foi invertido e, agora o meio físico se adapta às necessidades dos usuários.
Esse progresso resultou em um fenômeno apresentado pela sociedade moderna em que o tecnológico está cada vez mais fundido com o biológico, o natural, criando uma forma de lidar com o mundo radicalmente diferente da experimentada por nossos antepassados, permitindo a interação de objetos virtuais tridimensionais no ambiente real, por meio da utilização de algum dispositivo tecnológico.
Com o avanço da tecnologia já é possível criar uma situação na qual objetos virtuais podem ser manipulados como objetos reais pelos usuários, possibilitando uma interação que de outra forma seria dificultada ou impossibilitada em um cenário inteiramente real, permitindo uma experimentação de situações livres de riscos. Desse modo abre-se o caminho para diversas possibilidades de utilização da tecnologia, em que o limite é apenas a habilidade e a criatividade dos envolvidos no processo.
Figura 1. Design do teto de um carro de brinquedo real utilizando realidade aumentada. [Fonte: FERNANDES e SANCHES (2008) - REALIDADE AUMENTADA APLICADA AO DESIGN]
A chamada Realidade Aumentada teve sua origem em algo muito simples: as etiquetas que acumulavam informações. Os códigos de barras não estavam mais cumprindo com perfeição a tarefa de representar todas as informações que se queria obter por meio de sua leitura, pois são etiquetas com codificação em apenas uma dimensão. Para resolver esse problema, foram criados os códigos 2D, sendo o QR code o mais conhecido, que permitem um armazenamento muito maior de informação do que os códigos de barras.
Os códigos bidimensionais são os responsáveis pela possibilidade de projetar objetos virtuais em uma filmagem do mundo real, melhorando as informações exibidas, expandindo as fronteiras da interatividade e até possibilitando que novas tecnologias sejam utilizadas, bem como tornar as atuais mais precisas. A realidade aumentada é utilizada combinando-se um código de duas dimensões com um programa de computador.

As empresas viram nos grandes sucessos da televisão e dos jogos um meio para inovar: realizar o desejo das pessoas de interagir da mesma forma que os personagens fictícios. Assim surgiu o Pokémon Go, um jogo que despertou um furor nas pessoas jamais visto pelo mercado Mobile, pois permite aos jogadores desempenharem o papel de verdadeiros mestres Pokémon. Os usuários do aplicativo podem capturar e até batalhar com Pokémons de outros jogadores em uma realidade aumentada. É claro que a gratuidade influencia no sucesso do jogo, mas esse não é o único fator, já que o aspecto da realidade aumentada torna o jogo muito mais interessante. As pessoas são motivadas a saírem de casa em busca de lugares visíveis a outros jogadores, ajudando a impulsionar o fenômeno.

Um dos problemas relacionados com jogos de realidade aumentada é o fato dos jogadores deixarem, muitas vezes, de observar o mundo à sua volta, para se dedicarem apenas ao cenário do jogo. O jogo pode alienar pessoas a ficarem presas à essa ficção. Mas segundo o holandês Johan Huizinga, todos somos homo ludens, seres lúdicos que acreditam que a atividade de jogar é primordial ao ser humano. Indo mais a fundo no cérebro humano, o famoso psicanalista Freud dizia que todos somos um pouco neuróticos que buscam escapar da realidade em certos momentos, então não há porquê culpar os jogos por libertarem as pessoas de problemas e do mundo real que elas não gostam.
A sobreposição de informações em um espaço 3D produz uma nova experiência do mundo e essa realidade mista está alimentando uma maior migração da computação a partir do desktop para o dispositivo móvel, trazendo com ela novas expectativas sobre o acesso à informação e às novas oportunidades para a aprendizagem. Os usos mais frequentes da realidade aumentada têm sido na pesquisa, na publicidade, no entretenimento e também na indústria. Assim, novas utilizações parecem surgir quase que diariamente, como ferramentas para a criação de novas aplicações, tornando-se cada vez mais fáceis de serem usadas.
Referências:
Realidade Aumentada Aplicada ao Design. Bruno Chagas Alves Fernandes. Acesso em 18 de Agosto de 2016.
Osnap! AutoCAD and 3D QR Code Frenzy. Shaan Hurley. Disponível em http://autodesk.blogs.com/between_the_lines/2011/11/osnap-autocad-and-3d-qr-code-frenzy.html. Acesso em 20 de Agosto de 2016.
Como funciona a realidade aumentada. Oliver Hautsch. Disponível em: http://www.tecmundo.com.br/realidade-aumentada/2124-como-funciona-a-realidade-aumentada.htm. Acesso em 20 de Agosto de 2016.
Pokemon Go e as realidades aumentadas de cada um. Kaluan Bernardo. Disponível em: https://www.freetheessence.com.br/inovacao/tecnologia/pokemon-go-realidade-aumentada-brasil. Acesso em 20 de Agosto de 2016.
Entenda a realidade aumentada, recurso por trás do sucesso de Pokémon Go. Márcio Padrão. Disponível em: http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2016/08/05/entenda-a-realidade-aumentada-recurso-por-tras-do-sucesso-de-pokemon-go.htm. Acesso em: 22 de Agosto de 2016.
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