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Stephen William Hawking

Conheça a história do homem que mudou a compreensão do Universo do início ao fim.


Por Wislayne Dayanne Pereira da Silva


Nascido no aniversário de 300 anos da morte de Galileu Galilei, o britânico Stephen William Hawking completou, em janeiro de 2016, 74 anos. Consagrado como o físico teórico mais brilhante desde Albert Einstein, ocupa, na Universidade de Cambridge, o cargo de professor lucasiano emérito, cátedra que já foi preenchida por Isaac Newton.

Na infância, Hawking era um menino normal, dois colegas até chegaram a apostar um saco de caramelos que ele não seria nada na vida. Sem dúvidas, ele não estava entre os melhores alunos da turma, mas possuía uma curiosidade imensa sobre o funcionamento das coisas, característica que o levou a ganhar o apelido de Einstein na escola. Na adolescência, seu pai, o Biólogo Frank Hawking, queria que ele estudasse Medicina, mas o menino achava que a Biologia era muito descritiva e não suficientemente fundamental, por isso preferia a Matemática e a Física.

Em 1959, o jovem ingressou na Universidade College, em Oxford, para estudar Física, embora achasse a matéria fácil demais, ela oferecia possibilidade de compreender as questões existenciais da humanidade. "Eu queria sondar as profundezas do Universo", diz o cientista em seu livro Minha Breve História.

Figura 1. Stephen Hawking, 1963. [Fonte: https://br.pinterest.com/pin/259731103480107880/]

Aos 21 anos, recém-graduado em Física e lançando para a comunidade científica sua pesquisa de doutorado sobre buracos negros, o jovem cientista foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença degenerativa rara e sem cura que causa a paralisia dos músculos do corpo. Não demorou muito para que Hawking perdesse os movimentos e passasse a se locomover com uso de cadeira de rodas.

Os especialistas afirmavam que ele não chegaria aos 25 anos. No início, Hawking acreditava nisso. Para ele não havia sentido continuar suas pesquisas, sabendo que não viveria o tempo necessário para terminar o doutorado. Felizmente, ele se deu conta que ainda poderia fazer muitas coisas interessantes, quando começou a perceber que a Relatividade Geral não se alinhava com a Física Quântica para explicar os buracos negros.

Existiam, na época, muitas dúvidas envolvendo os buracos negros, incluindo questionamentos sobre a natureza do Universo, se ele era ou não estático, se estava se expandindo e se o Big Bang era realmente uma ideia a ser considerada. Nesse contexto, a intuição de Stephen Hawking surpreendeu mais uma vez. Ele começou a imaginar o que aconteceria se um buraco negro fosse revertido, e como isso poderia ter relação com o surgimento do Universo. Para ele a expansão do Universo poderia ser o resultado do colapso de uma estrela em reversão. Essa singularidade seria o Big Bang, que originou o tempo, o espaço e a matéria. Assim, Hawking acabara de desvendar o mistério por trás da criação: um buraco negro em reversão total originou o Big Bang.

A doença continuava a progredir e o jovem cientista continuava na corrida contra o tempo para preencher as lacunas que ainda existiam nas suas teorias. A explicação dos buracos e do Big Bang despertou a atenção de brilhantes pesquisadores para Cambridge, onde Hawking trabalhava. Mas ele ainda não estava satisfeito. No início da década de 1970, ele, mais uma vez, revolucionou o meio científico com suas ideias. De acordo com seus estudos, logo após o Big Bang formaram-se vários minúsculos buracos negros – com tamanho comparado a um fóton – que possuíam um bilhão de toneladas de matéria. A enorme massa e a gravidade faziam com que esses buracos negros obedecessem às leis da gravidade, e pelo tamanho ínfimo, também obedeciam às leis da Mecânica Quântica, emitindo radiação térmica devido a efeitos quânticos.

Foi nesse momento que Hawking conheceu a essência do seu estudo: formular uma teoria unificada, capaz de explicar a Relatividade de Albert Einstein e a Mecânica Quântica. Em 1979, Stephen Hawking foi nomeado Professor Lucasiano de Matemática em Cambridge, e passou a dedicar sua vida à procura da Teoria de Tudo.

Com uma infinidade de possibilidades de descoberta, em 1985 a saúde do cientista foi ainda mais afetada. Ele foi submetido a uma traqueostomia para facilitar a respiração, prejudicada por conta de uma pneumonia. A cirurgia foi um sucesso, mas Hawking não podia mais falar. Não com a própria voz. Ele passou a se comunicar por meio do Equalizer Software, uma tecnologia que possibilita montar frases selecionando, com o toque dos dedos, palavras em um tablet. As informações selecionadas são enviadas a um sinalizador, que as transforma em uma voz robótica, o que tornou o físico ainda mais famoso.

Figura 2. Stephen Hawking, década de 1980. [Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Stephen_Hawking.StarChild.jpg]

Em 2008 a doença prejudicou o movimento dos polegares, que permitiam que a comunicação fosse efetiva, sendo necessária uma adaptação no dispositivo para a comunicação ser realizada por meio da movimentação de um músculo da bochecha.

Atualmente, 53 anos após o diagnóstico, Hawking não apenas surpreendeu a Medicina, ele mudou a concepção do Universo e continua dedicando a vida para desvendar os grandes mistérios por trás da nossa existência e das leis que controlam tudo que conhecemos.

Como físico teórico e um dos maiores cosmólogos da atualidade ele é considerado uma das pessoas mais inteligentes vivas, tendo, com suas teorias, contribuído muito para o avanço da Ciência. Mas esses não são os fatores determinantes para o seu sucesso. Hawking tenta tornar as suas complexas teorias astrofísicas acessíveis para o grande público, por meio de livros de divulgação científica. Como, por exemplo, no best-seller Uma Breve História do Tempo, de 1988, no qual o autor explica para leigos vários temas de Cosmologia, incluindo a Teoria do Big Bang, os buracos negros e a Teoria das Supercordas, além de abordar modelos matemáticos complexos.

Uma Breve História do Tempo foi o primeiro livro popular a tratar de Cosmologia e de Astrofísica. O sucesso da obra foi o ponto de partida para que Hawking expandisse o seu projeto de divulgação científica por meio de outros livros e programas de televisão. Sempre levando assuntos teóricos muito complexos como algo de interesse da população.

Recentemente, o físico britânico criou o prêmio Stephen Hawking Medal for Science Communication, destinado a pessoas que ajudam a divulgar ciência e conseguem fazer com que ela seja apreciada e compreendida por todos.


Stephen Hawking não é apenas uma das mentes mais fantásticas que conhecemos atualmente, é também um símbolo de superação. A carreira dele já seria excepcional para uma pessoa qualquer. Mas Hawking não é uma pessoa qualquer, ele é um gênio preso a uma cadeira de rodas que se comunica por um sintetizador de voz eletrônico. Quando ele disse: “Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você pode fazer, e triunfar. Enquanto há vida, há esperança”, ele se auto definiu. Preocupado com a completa compreensão do Universo, o cientista não se limitou ao seu estado físico e às expectativas médicas, ele foi muito além e mudou a compreensão do Universo do início ao fim.




Referências: 

Stephen Hawking, Brief Biography. Disponível em: http://www.hawking.org.uk/about-stephen.html. Acesso em 23 de julho de 2016.

O Universo do início ao fim. Alexandre De Santi. Disponível em: http://super.abril.com.br/cultura/o-universo-do-inicio-ao-fim. Acesso em 23 de julho de 2016.

Stephen Hawking Medal for Science Communication. Disponível em: http://www.starmus.com/stephen-hawking-medals-for-science-communication/ Acesso em 24 de julho de 2016.

Biografia de Stephen Hawking. Editores do HowStuffWorks. Disponível em: http://ciencia.hsw.uol.com.br/stephen-hawking.htm. Acesso em 24 de julho de 2016.











          






            


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