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Entenda e Adapte-se ao Padrão Brasileiro de Plugues e Tomadas

Desde 2011, o Inmetro adota um novo modelo mais seguro e inovador de plugues e tomadas, entretanto é comum ver residências que ainda não se adaptaram ou até brasileiros que sequer entendem o motivo das mudanças.


Por Caio Victor Aires Diniz


Nos últimos dez anos, o DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil), órgão da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde com a responsabilidade de coletar, processar e disseminar informações sobre saúde, registrou 13.776 internações com 379 óbitos e mais 15.418 mortes imediatas decorrentes de acidentes relativos à exposição a correntes elétricas em residências, escolas, asilos e locais de trabalho. Além disso, segundo o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) dentre os acidentados, o choque elétrico é a terceira maior causa de morte infantil.

Ademais, há alguns anos existiam muitos tipos de tomadas em uso, com grande variação nos plugues de encaixe, o que dificultava a vida do cliente e do eletricista. Em alguns casos, os formatos e as potências distintas dos aparelhos tornavam o ato de ligá-los uma ameaça à segurança do usuário. Antes da padronização, havia mais de doze tipos de plugues e oito tipos de tomadas diferentes, segundo a Zap Imóveis, além da grande quantidade de adaptadores e multiplicadores de tomada para ligar os aparelhos, nem sempre de forma segura.

Assim, com o intuito de dar mais segurança ao consumidor, no dia 11 de julho de 2011 (G1, 2011) foi instaurado um novo modelo de tomada, obrigatório em todo o território brasileiro e totalmente inovador. Visto que não existe um padrão universal houve várias tentativas de criá-lo em todo o mundo, inclusive da entidade internacional de normalização do setor, a Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC), mas não foram adiante. O novo modelo não era adotado por nenhum outro país no mundo e por isso recebeu fortes críticas quando implantado.


Figura 1. Apresentação alguns dos antigos modelos de plugues aceitos no Brasil e os aceitos atualmente. [E&N Negócios]

A Associação Brasileira de Norma Técnicas (ABNT) adotou três critérios para escolher esse novo modelo: adaptabilidade, segurança e custo. A adaptabilidade levou em conta os modelos em que os padrões se adaptavam melhor às instalações que já existiam. A segurança envolve tudo o que já foi citado anteriormente e o custo diz respeito ao melhor custo-benefício que contemplasse tanto usuários quanto as empresas.

Atualmente, dois modelos de plugues e tomadas são homologados pelo Inmetro. Os plugues podem ser de dois ou três pinos e precisam ser adequados a cada equipamento visto que alguns necessitam de aterramento, como máquinas de lavar, geladeiras e computadores, nestes casos, o terceiro pino realiza essa função. Por outro lado, as tomadas podem ter orifícios de 4 mm ou 4,8 mm, cada qual com seu modelo apropriado para aparelhos que necessitam de corrente até 10 A e até 20 A, funcionando no segundo modelo, ambos os tipos de aparelhos. Os aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos produzidos atualmente e certificados pelos Inmetro devem sair de fábrica com o novo modelo de tomadas. Segundo o próprio Instituto, essa distinção se faz necessária para garantir a segurança dos consumidores, pois evita a ligação de equipamentos de maior potência em um ponto não especialmente projetado para essa ação. Além disso, é fonte de economia, pois só equipamentos de maior consumo necessitariam de uma tomada mais robusta, portanto mais cara.


Figura 2. Modelos de tomadas aceitos atualmente pelo Inmetro. [Blog Engenharia Express]

É importante observar que a principal mudança implantada é a presença de um terceiro pino, responsável pela ligação com o fio terra, isto é, isolar cargas maiores de energia não utilizadas pelo equipamento e que podem danificá-lo (Stephanie Hering, 2013). Dessa forma, evita-se que o consumidor sofra um choque elétrico ao ligar aparelhos que estejam em curto-circuito. Portanto, não é válida qualquer ideia que comprometa este pino, visto que ele assegura o bom funcionamento do sistema elétrico.

Além disso, é preciso ter certeza de que o local tenha aterramento ou que a tomada esteja em boas condições. "O terceiro pino nas tomadas está ligado diretamente ao aterramento da casa ou prédio. Caso não haja aterramento ou se ele não estiver adequado, o aparelho ficará desprotegido como se não existisse o terceiro pino. Vamos supor que você ligue um computador a uma tomada utilizando corretamente o terceiro pino, porém, o Pino Terra não está em bom funcionamento e há uma fuga de corrente para a sua carcaça. Se o aterramento da rede não estiver correto, quando colocarmos a mão neste equipamento, iremos tomar choque, pois o nosso corpo fará o papel de aterramento e a corrente passará por nós", explica Rodrigo Baldo, Engenheiro Eletricista pela USP e professor na Unicamp.

Outra mudança importante foi o formato da tomada. A modificação foi feita com a intenção de dificultar o contato do dedo do consumidor com a corrente elétrica e impedir que apenas um dos pinos no plugue seja inserido. Esses fatores, segundo o Inmetro, tornam o equipamento mais seguro e econômico, uma vez que evitam a perda de energia.


Figura 3. Vantagens da mudança de formato no novo modelo adotado. [Inmetro]

É evidente que nem todas as residências têm condições de realizar a troca de sistema rapidamente e muitas ainda não fizeram essa mudança. O principal motivo se deve ao custo e à possibilidade de se utilizar os adaptadores, que também possuem suas regras específicas de segurança. Entretanto, o consumidor deve estar ciente de que esse tipo de equipamento não realiza o aterramento do circuito elétrico, pois nesses casos, o terceiro pino não é conectado a nada. Portanto, é importante utilizar apenas os adaptadores e multiplicadores de tomadas certificados pelo Inmetro, visto que podem causar problemas na Qualidade da Energia Elétrica (QEE), como sobrecargas.

Uma das desvantagens do novo modelo está no fato de que ela não se adapta facilmente aos demais modelos internacionais. Dessa forma, é comum em hotéis a presença de adaptadores que facilitem o uso da energia elétrica proveniente da rede. Portanto, para facilitar a vida dos turistas brasileiros a Folha de São Paulo realizou uma pesquisa com base nas informações fornecidas pela Comissão Eletrotécnica Internacional que fornece os dados acerca das tomadas utilizadas nos 20 países mais visitados pelos brasileiros. Entretanto, é interessante lembrar que a tensão fornecida pela rede muda de país para país.






Figura 4. Resultado da pesquisa que auxilia os turistas brasileiros na hora de escolher os adaptadores que devem ser levados consigo. [Folha de São Paulo]

Assim, é evidente que a padronização dos plugues e tomadas trouxe mais benefícios que prejuízos para o consumidor brasileiro, principalmente quando se fala em segurança. O novo formato de plugues permite um contato mais eficiente com a tomada, evitando aquecimentos que podem levar a acidentes como incêndios e curto-circuitos. Apesar da problemática com relação aos aparelhos importados, a mudança trouxe vantagens na qualidade dos equipamentos utilizados no dia a dia da população, uma vez que em alguns equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos o aterramento é algo extremamente necessário.




Referências: 

Plugues e Tomadas. Disponível em http://www.inmetro.gov.br/qualidade/pluguestomadas/. Acessado em 20 de junho de 2016.

Conheça os padrões de tomada nos países mais visitados por brasileiros. Gustavo Simon. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/turismo/2014/05/1450912-conheca-os-padroes-de-tomada-nos-paises-mais-visitados-por-brasileiros.shtml. Acessado em 20 de junho de 2016.

Porque as novas tomadas possuem três pinos? Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz. Disponível em http://casaeimoveis.uol.com.br/tire-suas-duvidas/arquitetura/por-que-as-novas-tomadas-possuem-tres-pinos.jhtm. Acessado em 20 de junho de 2016.

Entenda o que mudou com o novo padrão de três pinos para tomadas. Revista Zap. Disponível em http://revista.zapimoveis.com.br/entenda-o-que-mudou-com-o-novo-padrao-de-tres-pinos-para-tomadas/. Acessado em 20 de junho de 2016.

Terceiro Pino: quebrar ou não, eis a questão. Stephanie Hering. Disponível em http://canaltech.com.br/dica/o-que-e/Terceiro-pino-quebrar-ou-nao-eis-a-questao/. Acessado em 20 de junho de 2016.

Saiba tudo sobre a padronização de plugues e tomadas. Rogério Carvalho. Disponível em http://www.centraldalapa.com/pagina/padronizacao-dos-plugues-e-tomadas/. Acessado em 20 de junho de 2016.








          









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