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Programas de exploração espacial

A busca pelo conhecimento sobre o espaço que cerca a humanidade.


Por Pedro Henrique Oliveira Toscano Ximenes


A falta de conhecimento pode ser um dos maiores problemas para a humanidade. Um juiz, por exemplo, pode condenar um inocente a anos de prisão caso não tenha as informações necessárias e concretas para um julgamento. Qualquer ser humano pode causar um grave acidente caso não conheça as leis de trânsito. Em alguns sistemas de educação, a não maestria em uma disciplina pode julgá-lo incapaz de ser um bom profissional. Porém, a falta de conhecimento é um dos fatores mais importantes para o crescimento da ciência; a curiosidade e a constante busca por explicações movem o ser humano a tentar entender os mistérios do Universo.

Talvez o ser humano, por mais que a espécie prospere evolutiva e tecnologicamente, jamais obtenha todas as informações que busca ou tenha suas perguntas respondidas. Por maiores que sejam as informações, teorias e leis existentes na ciência atualmente, o conhecimento do homem acerca do Universo no qual está inserido é ínfimo, em comparação com o número de perguntas que ainda necessitam ser respondidas e com aquelas que ainda nem mesmo chegaram a ser elaboradas.

Um dos grandes problemas que impedem um estudo melhor é a restrição espacial. Na atualidade, com a tecnologia existente, ainda não é possível realizar missões para diversos planetas, coletar amostras de sua superfície, estudar sua atmosfera ou seu comportamento, por exemplo. Essa restrição é válida, até mesmo, para mundos mais próximos, dentro do próprio sistema solar, todavia, neste último caso, muitas missões já foram e estão sendo realizadas de maneira satisfatória para os padrões atuais.

Neste momento, diversas sondas e veículos estão ativos em órbita ou na superfície de outros planetas e luas do sistema solar. A Curiosity Rover, por exemplo, coleta informações sobre o território e a superfície marciana, a fim de descobrir se existe a possibilidade de haver ou se já houve vida microbiana no planeta. De um modo geral, a missão busca obter conhecimento sobre a habitabilidade do Planeta Vermelho. A sonda New Horizons estuda Plutão e suas luas, além de outros corpos celestes presentes no Cinturão de Kuiper, que inclui além do planeta-anão, vários outros minimundos gelados.


Figura 1: Curiosity Rover na superfície de Marte em uma autofotografia.

Em 1977, as sondas espaciais gêmeas Voyager 1 e Voyager 2, pertencentes ao Programa Voyager, foram lançadas com o objetivo de explorar e estudar alguns astros do sistema solar. Inicialmente, a ideia era que as sondas fossem em direção a Júpiter e Saturno, porém, um raro alinhamento planetário permitiu que fossem incluídos na missão os planetas Urano e Netuno. Ainda assim, a Voyager 1, teve seu percurso mantido, já a Voyager 2 é, até hoje, a única sonda a estudar todos os quatro Gigantes de Gás do sistema solar (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) de perto. A primeira delas chegou a Júpiter em 1979 e pôde fazer descobertas animadoras para a ciência sobre o próprio planeta e suas luas: foi constatado que a famosa “Grande Mancha Vermelha” no planeta é, na verdade, um ciclone do tamanho da Terra que teve início há pelo menos 300 anos, sendo a maior tempestade existente no sistema solar; achou-se uma indicação da existência de oceano abaixo da camada de gelo que cobre a superfície da lua Europa, a presença de vulcões na lua Io, que chega a cem vezes a atividade vulcânica da Terra e a existência de duas novas luas: Thebe e Metis; entre outros estudos. Utilizando uma técnica chamada assistência gravitacional, Júpiter impulsionou a nave até Saturno, onde chegou em 1981 e foi o segundo veículo espacial a alcançar o planeta, coletando informações muito mais precisas que o seu antecessor Pioneer 11.


Figura 2: Grande Mancha Vermelha de Júpiter, fotografada pela sonda Voyager 1.

Ao final da missão, o então membro da equipe de imagem do programa Carl Sagan teve uma ideia que não estava no plano original. O famoso astrofísico pediu para que um comando fosse enviado para que a Voyager 1 tirasse fotos dos planetas visitados de onde estava; uma destas imagens foi da própria Terra, a mais de 6 bilhões de quilômetros de distância, mostrando apenas “um pálido ponto azul” (“A pale blue dot”), como ficou conhecida. Tal fotografia entrou definitivamente para a história, representando o quão insignificante um planeta pode ser no Universo, “Um grão de poeira, suspenso em um raio solar” (“A mote of dust, suspended in a sunbeam”), nas palavras do próprio cientista.


Figura 3: O “pálido ponto azul”.

Com os objetivos iniciais concluídos, decidiu-se ampliar o Programa Voyager e estabelecer uma nova missão, chamada de “Voyager Interstellar Mission (VIM)” ou “Missão Interestelar Voyager”. Em 25 de agosto de 2012, a Voyager 1 tornou-se o primeiro objeto já feito pelo homem a deixar a heliosfera (grande “bolha” que está sujeita a partículas e ao campo magnético do Sol) saindo oficialmente do Sistema Solar e está, atualmente, a aproximadamente 134,21 UA (Unidades Astronômicas) ou 20.078.146.119 km da Terra.

Há quase 40 anos do lançamento, as naves continuam enviando informações coletadas em seu deslocamento, apesar de não mais receberem comandos e não enviarem mais imagens, já que suas câmeras foram desativadas por volta de 1990. Estima-se, porém, que por volta de 2025 as baterias irão deixar de fornecer o necessário para o seu funcionamento e apenas vagarão pela galáxia. Em cerca de 40 mil anos, a Voyager 1 irá passar a cerca de 1,7 ano-luz da estrela AC +79388, o que representa a esperança mais concreta da humanidade de algum dia se aproximar de um outro sistema solar; e, em aproximadamente 296 mil anos a Voyager 2 passará a 4,3 anos-luz de Sirius, a estrela mais brilhante do céu.

A missão, contudo, não se encerra com a desativação das sondas. Existe em cada uma das gêmeas uma placa circular dourada que carrega informações sobre a Terra e a humanidade com a intenção de comunicar a história de nossa civilização para povos extraterrestres ou, até mesmo, seres humanos do futuro que a encontrem. No disco, estão gravadas saudações em 55 idiomas, 115 imagens, sons da natureza terrestre e músicas de diversas culturas, além de um mapa pulsar, que aponta a posição da Terra em relação aos 14 pulsares mais próximos e, logicamente, instruções de como acessar essas informações.


Figura 4: Disco de ouro presente nas sondas Voyager.

Os cientistas têm consciência, é claro, que a possibilidade de que uma das sondas seja encontrada por alguma raça extraterrestre inteligente é ínfima. Contudo, caso encontrem, saberão que, em algum momento, milhares de anos atrás, uma espécie bastante esperançosa aqui viveu.




Referências: 

Voyager 1: In Depth. Disponível em http://solarsystem.nasa.gov/missions/voyager1/indepth. Acesso em 22 de março de 2016.

Voyager – The Interstellar Mission. Disponível emhttp://voyager.jpl.nasa.gov/mission/interstellar.html. Acesso em 20 de março de 2016.

It’s Official! Voyager 1 Spacecraft Has Left Solar System.Disponível em http://www.space.com/22729-voyager-1-spacecraft-interstellar-space.html. Acesso em 22 de março de 2016.

What is the Golden Record?Disponível em http://voyager.jpl.nasa.gov/spacecraft/goldenrec.html. Acesso em 22 de março de 2016.

‘Pale Blue Dot’ Images Turn 25.Disponível em http://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?feature=4484. Acesso em 22 de março de 2016.






A convite do Jornal PET Elétrica, a engenheira eletricista Rachel Suassuna de Medeiros escreveu sobre a turma de 1973, da então Escola Politécnica da UFPB. Confira!




O Professor Dr. Marcelo Sampaio de Alencar destaca, em seu texto, as finalidades do Iecom, as pesquisas, as parcerias e os projetos nos quais está envolvido. Confira!




          









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