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Linguagens técnicas e científicas



 Por Benedito Antonio Luciano, professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG.


Atualmente, tenho observado, com preocupação, certos descuidos na elaboração e na apresentação de trabalhos técnicos e científicos. Desta forma, na condição de professor e pesquisador, não posso considerar irrelevante o emprego de linguagem inadequada na elaboração desses textos, assim como na apresentação deles.

As linguagens técnicas e científicas são diferentes da linguagem coloquial. A redação técnica ou científica não deve ser confundida com a elaboração de texto de cunho literário ou jornalístico.

O fato é que, diferentemente da literatura, na qual pode ser empregada qualquer tipo de linguagem, da erudita à popular, a elaboração de textos técnicos e científicos não comporta ambiguidades e interpretações outras que não sejam aquelas a que eles se referem.

Lamentável, mas no meio acadêmico tem se tornado comum o uso inadequado dos termos técnicos, por parte dos alunos, contando com a conivência de alguns professores que não querem parecer antipáticos perante esses alunos e, assim, deixam que eles saiam por ai, escrevendo coisas como: “amperagem”, “voltagem”, “censibilidade”, “materiau”, “o presente trabalho apresenta”, “a figura mostra”, “univercidade” e “dicertação”, só para citar alguns exemplos constrangedores que depõem contra esses futuros profissionais e as instituições que lhes concedem os diplomas.

Efetivamente, o uso correto dos termos se impõe pela própria natureza do trabalho técnico e do rigor científico. Senão, imagine o que poderia acontecer se em torno de uma mesa de operação os médicos falassem uma linguagem e seus assistentes outra? Se, no chão de fábrica ou canteiro de obras os engenheiros dessem as orientações técnicas e os operadores das máquinas compreendessem de forma diferente? Em ambos os exemplos, certamente vidas correriam riscos.

As linguagens jornalísticas também são diferentes das linguagens técnicas e científicas, pois tanto na redação técnica, quanto na redação científica, o que se diz ou escreve não deve ser nem mais nem menos o que realmente é. Gírias, metáforas e neologismos não são condizentes com as linguagens técnicas e científicas.

Nos textos técnicos e científicos a exatidão é mais importante do que a beleza da forma como se escreve.

E, por falar em exatidão, em termos de metrologia (ciência da medição), exatidão não significa o mesmo que precisão. Nesse contexto, o conceito qualitativo de exatidão diz respeito ao grau de concordância de uma medição e um valor tido como verdadeiro da grandeza mensurada. Por sua vez, precisão está relacionada com o grau de consistência ou reprodução nas indicações de uma medida. Em termos práticos, um instrumento de medição preciso pode não ser exato, embora o seja na maioria dos casos.

Pode parecer pragmatismo ou preciosismo, mas é assim que as coisas funcionam nos mundos da ciência e da tecnologia em termos de linguagens.




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A convite do Jornal PET Elétrica, a engenheira eletricista Rachel Suassuna de Medeiros escreveu sobre a turma de 1973, da então Escola Politécnica da UFPB. Confira!




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