Pedro Américo: O orgulho da Paraíba
Denomina-se Independência do Brasil o processo que resultou na emancipação política do país do reino de Portugal. Oficialmente, a data do acontecimento foi 7 de setembro de 1822, quando ocorreu o controverso episódio denominado de “Grito do Ipiranga”. O personagem principal desse evento foi príncipe Dom Pedro I, que ficou marcado historicamente pelo seu grito “Independência ou Morte!”, proferido às margens do rio Ipiranga. Mas o que pouca gente sabe é que a principal obra artística sobre este fato foi feita pelo paraibano Pedro Américo, natural da cidade de Areia.

Figura 1 - “O Grito do Ipiranga” (1888), atualmente este quadro se encontra no salão do Museu Paulista da USP, e é a obra mais divulgada de Pedro Américo. Mede cerca de 7,60m x 4,15m, e o seu nome original é “Independencia ou Morte”. Esta obra foi encomendada pelo governo imperial, antes que o Museu do Ipiranga existisse.
Pedro Américo de Figueiredo e Melo (figura 2) nasceu no dia 29 de Abril de 1843 na cidade de Areia, situada na região do brejo paraibano, e morreu no dia 7 de outubro de 1905 na cidade de Florença, Itália. Por ter nascido em uma família ligada às artes, Pedro Américo desde pequeno já recebia incentivo dos pais para desenvolver o seu talento precoce para o desenho e música. Seu pai, Daniel, já era violinista, facilitando o aprendizado do filho.

Figura 2 – Pedro Américo de Figueiredo e Melo
A fama do menino prodígio logo se espalhou pela pequena cidade. O naturalista Luis Jacques Brunet, que comandava uma expedição científica pelo nordeste, chegou à pequena cidade de Areia em 1852, ficando espantado com o talento do menino de apenas 9 anos, colocou vários objetos para Pedro desenhar e o mesmo os desenhou, porém com tamanha perfeição, que foi contratado pelo naturalista para desenhar e documentar a fauna e a flora dos locais do sertão em sua expedição. Pedro passou vinte meses cruzando o Nordeste brasileiro.
Com 11 anos, Pedro Américo foi estudar no Rio de Janeiro, no Colégio Pedro II, e logo o menino se destacou entre os colegas por sua aplicação e inteligência. Depois de um ano de estudos no colégio, ele ingressou na Academia Imperial de Belas Artes, onde conquistou 15 medalhas e prêmios. Com tamanho destaque, Pedro recebeu uma pensão do imperador Dom Pedro II para ir aperfeiçoar-se na Europa.
Durante o período de 1859 a 1864, ele cursou na École des Beaux-Arts de Paris e em outras instituições. Na França, ele foi discípulo de Ingres, um dos maiores nomes do neoclassicismo francês, e também de Coignet, Hippolyte Flandrin e Horace Vernet. Durante sua estadia na Europa, visitou outras capitais e outros centros de artes a fim de ampliar seus horizontes culturais.
Nesta época, ele começou a elaborar uma de suas maiores obras-primas, a grande Batalha do Avaí. Quando a obra estava sendo iniciada, Pedro a expôs na comemoração do centenário de Michelangelo, em Florença. Mesmo com a obra ainda incompleta, sua fama se espalhou por toda a Europa, sendo celebrado e noticiado como um dos maiores pintores de sua época.
Em 1864, Pedro Américo chega ao Rio de Janeiro e logo se inscreveu para ser professor da cadeira de desenho da Academia de Belas Artes. Ele ganhou o prêmio com a obra Sócrates afastando Alcebíades dos braços do víciocom louvores do corpo docente acadêmico, do público e de seus concorrentes.
Obteve seu doutorado em ciências naturais pela universidade de Bruxelas, na Bélgica. Sua tese foi aprovada com grande distinção e contou com a presença do Cônsul do Brasil. A defesa demorou 5 horas e foi narrada por vários jornais, incluindo o Diário Oficial, O Independência Belga, o Eco do Parlamento. Depois da vitória, o paraibano retornou ao Brasil para exercer sua função na Academia de Belas Artes.
Entre os anos de 1885 e 1893, Pedro terminou a Batalha do Avaí e fez outra grande obra-prima, a Proclamação da Independência.
Pedro Américo ainda foi nomeado Cavaleiro da Coroa da Alemanha e Grão da Ordem Romana do Santo Sepulcro.
Vítima de beribéri, doença que o afetava desde a infância, Pedro Américo, que já estava praticamente cego, faleceu em Florença, empobrecido com a crise financeira nacional causada pelo encilhamento.
A casa onde nasceu hoje é um museu à sua memória, a Casa Museu Pedro Américo.
Hoje em dia ele é patrono da cadeira número 24 da Academia Paraibana de Letras, que tem como fundador Horácio de Almeida.
Nustenil Segundo de Moraes Lima Marinus