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200 anos da fotografia, inovação e transformação do olhar fotográfico

O incrível poder de resistência que uma técnica bicentenária detém, mesmo em meio a era da informação, em que a tecnologia revolucionou a forma como a fotografia é realizada, onde extinção deu lugar a adaptação, transformação e inovação. Permitindo não só o manifesto interior dos amantes da sétima arte, eternização da história, mas agora a visão da ciência, revelada com detalhes microscópicos que impulsionam a comunidade científica a vislumbrar grandes descobertas.



A oportunidade de influenciar no modo como um momento pode ser guardado deve ser vista como um divisor de águas da humanidade. Antes, o registro um acontecimento histórico, um encontro ou um fascínio da natureza só podia ser gravado na memória e entregue aos segundos do agora ou pelos olhos de um outro alguém por meio da pintura, o que não era exatamente eternizar o que se via. A fotografia trouxe a possibilidade de fazer viajar notícias, histórias, sentimentos, pessoas. Tudo materializado, ao alcance das suas mãos, dos seus olhos por mais uma vez, outra e outra. Além do seu poder de inspirar, tornou-se a memória dos acontecimentos mundiais e inevitavelmente conquistou o planeta.

Joseph Nicéphore Niépce, em 1793, deu início a essa inspiradora técnica ao “imprimir” luz em uma superfície sem usar tinta, mas as imagens desapareciam rapidamente. Ele usava uma espécie da câmara escura e papel com cloreto de prata. Só em 1849 Louis Daguerre desenvolveu uma técnica que fixava a imagem em uma placa rígida e espelhada, permanentemente, o que consolidou a popularização da fotografia.

Joseph Nicéphore Niépce [1765 - 1833]

O Daguerreótipo (como ficou conhecido o instrumento que gerava as imagens), realizou uma das fotos mais famosas da época, a do artista surrealista Edgar Allan Poe. A riqueza nos detalhes e aparência tridimensional caracterizavam esse tipo de fotografia.

Edgar Allan Poe

A partir de então, outros incontáveis pesquisadores de aperfeiçoamento de métodos de registrar imagens desenvolveram técnicas ou tiveram ideias importantes. Entre os negativos de Madoxx e um pouco de química, chegamos aos Autocromos dos irmãos Lumiére e à fotografia colorida, que era principalmente realizada com placas rígidas de vidro, solução de fécula de batata e outros componentes químicos. Gerava ótima resolução e qualidade de cores. Até hoje as imagens captadas com essa técnica são valorizadas e muito apreciadas pelos melhores fotógrafos tradicionais da atualidade.

Um Autocromo da Primeira Guerra Mundial Nieuport, cerca de 1917

Avançamos no mercado popular depois da invenção dos filmes, e posteriormente das câmeras reflex SLR ("single-lens reflex" - reflex mono-objetiva), seguidas das DSLR (“digital single-lens reflex”) com a tão sonhada fotografia digital. Uma gama de lentes, filtros, difusores, sensores e a eletrônica redefiniram o caminho da luz, que agora registra imagens em sensores, ao invés de filmes, invadindo a sétima arte para a satisfação de muitos e desamparo de outros.


O fato é que hoje em dia, com o avanço da tecnologia, milhares de imagens são carregadas a cada minuto e qualquer pessoa com um smartphone pode brincar de ser fotógrafo. Mas registrar momentos não é tão amador quanto parece. A engenharia, a aeronáutica, a astronomia e até mesmo as áreas de saúde investem na melhoria da capacidade de registro cada vez mais poderoso em nitidez e próximo da visão humana.

Um exemplo é a grande difusão da microfotografia, que conta com competições internacionais e tem incentivos de importantes multinacionais por ajudar a comunidade científica a observar em realidade aumentada muitas pesquisas importantes. A microfotografia é uma vertente da macrofotografia, tão utilizada pelos fotógrafos amantes da captura de pequenos detalhes em suas composições.

Time-Lapse”                                  Macrofotografia

Light-Painting”                                  “Light-Painting

Essa técnica valoriza o foco em um ponto de interesse da cena, desvalorizando os demais com a distorção da imagem. Esse contínuo desenvolvimento deu vazão a uma tecnologia emergente no mundo da fotografia muito comentada na comunidade científica: a Lytro. Nessa tecnologia, a máquina fotográfica funciona com um sistema de foco múltiplo, isto é, ela foca diferentes pontos da imagem e grava isso em um único arquivo. É como se ela tirasse várias fotografias ao mesmo tempo com distâncias focais diferentes e reunisse toda essa informação em um só local. Aproximando a máquina fotográfica ainda mais do olho humano. Para se ter uma ideia dessa comparação, devemos entender:

Como a câmera funciona

A câmera digital recebe a luz e a focaliza através da lente para um sensor feito de silício. Ele é constituído por uma série de pequenos photosites que são sensíveis à luz. Cada photosite é geralmente chamado de pixel, uma contração de "picture element". Existem milhões desses pixels individuais no sensor de uma câmera DSLR. O ângulo de visão que a câmera vê é dividido em uma grade retangular de pixels, e os tons de variação contínua de brilho exterior são divididos em passos discretos individuais de tom. Cada photosite sobre um CCD ou CMOS chip é composto por uma área sensível à luz feita de silício de cristal em um fotodiodo que absorve fótons e liberta elétrons por meio do efeito fotoelétrico. Os elétrons são armazenados como uma carga elétrica que se acumula ao longo do comprimento da exposição. A carga que é gerada é proporcional ao número de fótons que atingiram o sensor. Essa carga elétrica é então transferida e convertida para uma tensão analógica que é amplificada e depois enviada para um conversor analógico-digital, onde é digitalizada. O arquivo de imagem digital é então armazenado em um arquivo que nossos computadores podem trabalhar.


Como os nossos olhos funcionam

Os nossos olhos são capazes de olhar em torno de uma cena e ajustar dinamicamente com base no assunto, enquanto câmeras capturam uma única imagem fixa. Por exemplo, nossos olhos podem compensar como vamos nos concentrar em regiões de brilho variável, podem olhar ao redor para abranger um amplo ângulo de visão, ou podem alternadamente focalizar objetos a uma variedade de distâncias, o que não encontramos nas mais modernas câmeras do mercado atual.


A Lytro surge como uma verdadeira promessa de inovação nesse mercado.

Entretanto, muitas técnicas desenvolvidas ao longo desses 200 anos da fotografia ainda são primordialmente utilizadas na comunidade fotográfica artística ou cientifica, como o Lightpaint, mais conhecido como “rastro da luz”, pois a impressão que fica na foto é que as luzes da cena deixam literalmente um “rastro”, e o Motion Blur, técnica que há uma sensação de movimento na foto. Essas ou outras centenas podem ser realizadas com o domínio das principais funções que uma câmera objetiva possui: velocidade do obturador, exposição da imagem (abertura do diafragma) e ISO. A união desses três elementos pode produzir milhares de imagens incríveis com diferentes objetivos de captura para as mais diversas finalidades.

A velocidade do obturador da câmera pode controlar a exposição, mas é também uma das mais poderosas ferramentas criativas na fotografia. Ele pode transmitir movimento, congelar a ação, isolar temas, entre outras habilidades.

Um obturador da câmera é como uma cortina (que abre e deixa entrar a luz para começar a exposição, em seguida, fecha para terminá-la). Uma foto, por conseguinte, não apenas captura um momento no tempo, mas representa uma média de luz ao longo de um período de tempo. O termo "velocidade de disparo" é utilizado para descrever essa duração. Um ajuste de abertura da câmera controla a área sobre a qual a luz pode passar através de sua lente da câmera. Esse ajuste é o que determina a profundidade de uma foto de campo (a faixa de distância sobre a qual os objetos aparecem em foco). Os valores mais baixos f-stop correlacionam-se com uma profundidade de campo.

A velocidade ISO determina como a sensibilidade à luz é recebida pela câmera.

A chave, no entanto, é saber quais os trade-offs para fazer, uma vez que cada ambiente também influencia outras propriedades da imagem. Por exemplo, a abertura afeta a profundidade de campo, a velocidade do obturador afeta o borrão de movimento e a velocidade ISO afeta o ruído da imagem.

Menino Austríaco rece-         Nikola Tesla sentado em seu laboratório          Microfotografia: Décimo 
 bendo novos sapatos du-            com seu “Transmissor Magnífico”                quarto lugar de 2013    
    rante a Segunda Guerra                                                         no concurso de microfoto-    
                                                                                grafia da Nikon

Entre técnicas avançadas, divisor de águas na história da humanidade e solução de fécula de batata, o mais interessante sobre a fotografia é que, apesar do avanço da tecnologia, a essência da imagem capturada pelo pioneiro Joseph Nicéphore Niépce permanece. É muito mais fácil para qualquer um capturar uma imagem tecnicamente proficiente, mas a habilidade de fazê-lo esteticamente agradável e emocionalmente ressonante não vem com uma câmera digital. Continua a ser uma habilidade indescritível.


Bárbara Nicoly M. Oliveira

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A convite do Jornal PET Elétrica, a engenheira eletricista Rachel Suassuna de Medeiros escreveu sobre a turma de 1973, da então Escola Politécnica da UFPB. Confira!




O Professor Dr. Marcelo Sampaio de Alencar destaca, em seu texto, as finalidades do Iecom, as pesquisas, as parcerias e os projetos nos quais está envolvido. Confira!




          









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