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Voar está mais seguro do que nunca

Os últimos acidentes aéreos levantaram o seguinte questionamento: viajar de avião está mais perigoso?



Quem não gosta de viajar, tirar férias, visitar amigos e familiares ou até mesmo conhecer novos lugares? Obviamente, todos nós. E, que tal viajar pelos ares? Desde a sua criação, no início do século XX, o avião se tornou um importante meio de transporte em todo o planeta. Devido à sua velocidade e à capacidade de alcançar áreas remotas, livrando-se dos obstáculos terrestres e marítimos, em um século a humanidade viu o protótipo 14-bis evoluir para 27 milhões de voos registrados em 2014, segundo relatório da Associação Internacional de Transportes Aéreos. Isto significa dizer que, a cada 24 horas, 74 mil aviões levantaram voo. Porém, os grandes desastres aéreos, em especial os dos últimos anos, levaram todos a se perguntarem: voar ainda é seguro?

Acidentes aéreos têm ganhado maior destaque na mídia desde 11 de setembro de 2001, um dia que mudou para sempre a história da aviação. Pois, o medo, que antes era basicamente por falhas mecânicas, ganhou novas componentes com as ameaças terroristas e sequestros de aeronaves. Não o suficiente, os mistérios relacionados ao desaparecimento e à queda de alguns aviões nos últimos anos fazem com que o passageiro fique com o pé atrás. Em 14 de março de 2014, um voo da Malaysia Airlines, com 239 pessoas a bordo, desapareceu após mudar sua trajetória de forma inexplicável, até hoje, nenhum vestígio foi encontrado. No mesmo ano, quatro meses depois, um Boeing 777, da mesma companhia aérea, foi abatido, supostamente por rebeldes pró-Rússia em território ucraniano, com quase 300 civis a bordo, ninguém foi responsabilizado pelo ato. O ano de 2014 se encerrou com oito acidentes com repercussão internacional, entre eles, um no Brasil, envolvendo o candidato às eleições Eduardo Campos e mais uma aeronave desaparecida misteriosamente na Ásia, esta encontrada dois dias depois.

Destroços de avião – último grande acidente aéreo, França.

O corrente ano já marca dois grandes desastres envolvendo aviões, o primeiro em 04 de fevereiro em Taiwan e o mais recente em 24 de março na França. O primeiro ocorreu logo após a decolagem enquanto que o segundo, de acordo com as investigações, foi causado pelo assassinato-suicídio do copiloto. Dentre todas as variáveis envolvidas no projeto de segurança de uma aeronave, o fator humano é uma das mais imprevisíveis, como se pode perceber no último acidente, pois, aparentemente, por decisão própria do copiloto, motivada possivelmente por algum distúrbio emocional, o avião mergulhou em direção às montanhas francesas. O que demonstra que a Engenharia deve estar sempre prevendo possíveis falhas e corrigindo as já existentes. Por exemplo, o protocolo de controle da porta das cabines foi completamente alterado depois do atentado de 11 de setembro, porém, foi justamente o protocolo atual que impossibilitou o piloto de entrar na cabine e possivelmente salvar as 150 pessoas a bordo da aeronave envolvida neste último acidente. Isto nos faz refletir sobre a dinâmica da Engenharia, isto é, não é suficiente apenas criar soluções para os problemas, mas sim testar as soluções para que elas mesmas não gerem futuros problemas imprevisíveis.

Se finalizarmos analisando apenas o mundo atual, a conclusão certeira é de que o número de acidentes aéreos cresceu, de modo geral, nos últimos anos. Isto significa que a Engenharia tem falhado e que viajar de avião tornou-se mais inseguro? Não necessariamente. Nunca a humanidade voou tanto. Segundo um relatório do site especializado AirlineRatings.com, em 2014 as companhias aéreas do mundo todo registraram um número recorde de 3,3 bilhões de passageiros em 27 milhões de voos. Segundo a BBC Brasil, há 50 anos o mundo tinha apenas 5% do número de voos que tem hoje, mas quatro vezes mais acidentes. Analisando tais informações, a conclusão que se chega é que voar nunca foi tão seguro como é hoje, devido, principalmente, aos avanços tecnológicos.

Atualmente, a velocidade com que a informação circula pelo planeta possibilita acesso a muito mais informações do que antigamente, ao mesmo tempo em que se tornou mais fácil acompanhar os fatos nos lugares mais remotos do planeta. Estes dois fatores são essenciais para que a informação seja mais acessível. Deste modo, alguns acidentes aéreos que antes dificilmente seriam noticiados a nível global, hoje, em questão de segundos estampariam os principais sites do mundo todo. A questão é que o poder da mídia influencia a construir a falsa ideia de que voar é perigoso, porém, se dividirmos o número de acidentes em 2014 pelo número de voos no mesmo ano, tem-se que ocorreu um acidente para cada 1,3 milhão de voo. Estatisticamente, aviões são o meio de transporte mais seguro que existe, com a menor probabilidade de acidentes e o com o menor índice de óbitos por milhão de passageiro.

Os avanços tecnológicos nos últimos 100 anos foram inúmeros e sabiamente empregados na aviação. O desenvolvimento de novos materiais mais resistentes e mais leves, feitos principalmente de plástico reforçado com fibra de carbono, permitiu mais liberdade no desenho das aeronaves deixando-as até 20% mais leves, econômicas e seguras. O aperfeiçoamento dos sensores também foi essencial para o sucesso da aviação, pois são eles que captam os sinais externos que irão modelar as condições de voos, logo, com melhores sensores consegue-se fazer esta modelagem de maneira mais fidedigna à realidade. A microeletrônica e o advento das fontes chaveadas foram cruciais para reduzir o peso dos circuitos eletrônicos, bem como das fontes de alimentação, além de claro, melhorar a eficiência desses circuitos e a velocidade de processamento de dados. Não podemos falar de melhorias na aviação sem falar de avanços nos sistemas de telecomunicações. Estes são vitais para a comunicação entre a aeronave e o controlador de voo. Esta comunicação permite que o controlador tenha acesso às informações captadas pelos sensores e possa orientar a aeronave, mesmo esta estando invisível a ele.

Materiais empregados na construção do Boeing 787.

Diariamente, novas tecnologias vão surgindo e ganhando aplicações. Hoje, já se fala em aeronaves com comunicação wi-fi para os passageiros, de modo que não será mais necessário desligar o celular ou coloca-lo no modo avião quando viajar. Outra proposta é a de melhorar a eficiência energética por meio de células fotovoltaicas instaladas na carcaça do avião, de modo que usufruiria da energia solar. Existem também projetos mais futuristas e revolucionários, como por exemplo, o projeto do avião transparente do Centro de Processo e Inovação do Reino Unido. A proposta é revestir as paredes internas da aeronave com telas finas de OLED que irão reproduzir tudo o que se passa do lado de fora do avião, proporcionando uma experiência única de voo. De todo modo, por mais extravagante que seja o projeto, o futuro da aviação busca, sem dúvidas, desenvolver aeronaves com o maior grau de segurança possível. Portanto, voar com segurança sempre será prioridade.

Arte conceitual do avião “transparente”.


Danilo Pequeno

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A convite do Jornal PET Elétrica, a engenheira eletricista Rachel Suassuna de Medeiros escreveu sobre a turma de 1973, da então Escola Politécnica da UFPB. Confira!




O Professor Dr. Marcelo Sampaio de Alencar destaca, em seu texto, as finalidades do Iecom, as pesquisas, as parcerias e os projetos nos quais está envolvido. Confira!




          








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