Saber e entender
Porque copiar tudo nem sempre funciona.
Richard Feynman foi um grande físico teórico norte-americano que trabalhou no ramo da Eletrodinâmica Quântica, em que foi honrado com um prêmio Nobel em 1965, e um dos primeiros cientistas a conceber a ideia de um computador quântico.
Embora suas pesquisas tenham sido de enorme contribuição para o estudo da Física Moderna, Feynman também ganhou destaque pela popularização da ciência como um todo. Apaixonado pela Física, o mesmo cientista que desenvolveu teorias do momento magnético anômalo do múon é autor do livro “Mais sobre Física em 12 Lições - Fáceis e Não Tão Fáceis”, em que conceitos físicos são explicados com bastante humor.
Richard Feynman
Em muitas de suas palestras, Feynman buscava focar a importância de compreender o fenômeno físico mais do que saber ou simplesmente decorar suas fórmulas e equações. Pois dessa forma o conhecimento seria consolidado e o conteúdo não seria esquecido.
Entre os anos de 1951 e 1952, Feynman foi convidado a lecionar no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas na cidade do Rio de Janeiro. Apesar de ter adorado a cultura brasileira, especialmente a música, ele ficou chocado com a forma como física era ensinada no país. Suas experiências foram descritas no livro “O senhor está brincando, Sr. Feynman!” e sua principal queixa era o fato de que mesmo os maiores físicos brasileiros tinham dificuldades em exemplificar conceitos físicos e que durante as aulas eles focavam apenas em copiar.
Feynman descreve em seu livro que “Depois de muita investigação, finalmente descobri que os estudantes tinham decorado tudo, mas não sabiam o que queriam dizer [...] .” . Notando esse déficit na educação brasileira, o professor convidado ministrou uma palestra às autoridades do país da época que reconheceram a necessidade de mudança na forma de ensino.
Apesar do fato ter ocorrido há mais de 50 anos, não é difícil encontrar resquícios dessa antiga metodologia de ensino. Ainda é muito comum encontrar alunos e mais alunos se queixando da metodologia de um professor ou de outro.
Se para uns, copiar páginas e mais páginas de um quadro que mais parece um livro transcrito pelo professor funciona, para outros isso faz a aula ser monótona e chata. Ou ainda há quem diga que usar o quadro é retrocesso e opte por ministrar aulas em projeções, o que não há nada de errado afinal é um recurso a mais. De fato, uma aula boa ou não é algo bastante subjetivo e relativo.
Se é impossível uniformizar a aula de cada professor, como é possível fazer o aluno aprender ao invés de decorar? A solução está no estudante. Uma sala de aula é composta por alunos e professor. A interação dessas duas partes gera uma aula. Para que uma boa aula ocorra é necessário que ambas as partes interajam criando um processo de ensino e aprendizado. A partir do momento que o estudante só copia ou só presta atenção, apenas o professor realiza a sua parte.
Quem faz o processo de aprendizado ser a base de memorização é o aluno. É importante que os estudantes saibam como aproveitar ao máximo a metodologia de ensino de cada professor para que eles mesmos aprendam de forma efetiva. Por meio de perguntas e questionamentos os alunos fazem a sua contribuição para uma aula e, consequentemente , para o seu próprio aprendizado, sem decorar.
Hugo Gayoso Meira Suassuna de Medeiros
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