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Tecnologia no tratamento do Diabetes

Conheça um pouco sobre o Diabetes e o uso de tecnologia no seu tratamento.



Você provavelmente conhece algum amigo ou parente que tem Diabetes. Apesar de a doença atingir hoje cerca de 7% da população brasileira e de 387 milhões de pessoas no mundo, poucos sabem o que realmente é ou percebem a importância da tecnologia na vida dos diabéticos.

A energia necessária para manter nosso corpo em funcionamento vem dos alimentos que consumimos. Depois de digeridos, eles se transformam em glicose e esta entra em circulação através do sangue. Para que a glicose chegue aos tecidos e, consequentemente, seja utilizada como energia para as atividades das células, faz-se necessária a presença de um hormônio chamado insulina. O Diabetes é uma doença crônica, não contagiosa, caracterizada pela pouca produção de insulina no pâncreas ou pelo uso ineficaz desse hormônio pelo corpo. Vale salientar que, além do conhecido fator genético, outros fatores como o sedentarismo e a obesidade têm peso na ocorrência do Diabetes.

Apesar de seus sintomas serem conhecidos e documentados até antes de 1500 a.C. por egípcios e gregos, o tratamento da doença se manteve baseado em dietas e outros meios pouco eficientes até o século XX. Só depois de entender a relação do pâncreas com os sintomas do diabetes - glicose na urina, cansaço físico, mudanças de peso, problemas de cicatrização, até mesmo desmaio, coma-, no fim do século XIX, foi possível na Universidade de Toronto, em 1921, chegar a uma das maiores descobertas da Medicina, a insulina, que, podendo ser isolada e aplicada ao homem, reverteu a sentença de morte antes associada ao diagnóstico do Diabetes. Um pouco mais tarde foi feita a divisão entre os tipos 1 e 2 do Diabetes. O tipo 1, que geralmente ocorre na infância, é resultado do ataque feito pelo sistema imunológico às células produtoras de insulina, assim o corpo não produz a quantidade necessária do hormônio. No tipo 2, que atinge a maior parte das pessoas, não há exatamente uma destruição das células, o que ocorre é uma insensibilidade do corpo à insulina, como resposta o pâncreas produzirá mais e mais, podendo falhar e diminuir a produção. Geralmente, para o tipo 2, mudanças de hábitos como prática de exercícios, dietas, podendo chegar ao uso de comprimidos, são suficientes para o controle. Uma vez feito o diagnóstico do tipo 1, o paciente deve fazer o controle do nível de glicose no sangue a partir da administração de insulina. Durante as últimas décadas, esforços têm alcançado resultados significantes para proporcionar tal controle da forma mais natural possível.

Na medição, por exemplo, testes baseados em amostras de urina foram substituídos na segunda metade do último século pelos bem mais precisos testes com amostras sanguíneas. Uma pequena quantidade de sangue é aplicada a uma tira de plástico e esta é colocada em um medidor que indica a concentração em miligramas por decilitros ou milimol por litro. A tira contém a enzima glicose oxidase. Esta em contato com o sangue, consequentemente com a glicose do sangue, produzirá um sinal elétrico que será interpretado e exibido pelo medidor ao usuário. Alguns já contam com sistemas que auxiliam no cálculo ou aplicação de insulina.

Diferentes aparelhos para medição do nível de glicose no sangue.

Apesar de toda sua importância, os medidores de hoje ainda são dolorosos para os diabéticos, pois várias medições são feitas ao longo de um dia. Felizmente, alternativas que causam menor interferência na vida das pessoas estão sendo estudadas como, por exemplo, dispositivos que dispensam agulhas e apresentam medições contínuas, tatuagens coloridas de nano tubos de carbono sensíveis à glicose no MIT, lentes de contato nos laboratórios do Google X ou sensores por bioimpedância. Alguns modelos já se encontram no mercado.

Ampolas e seringas ainda são utilizadas hoje para a aplicação, mas vários outros substitutos já estão disponíveis. Canetas com refil ou descartáveis e até com memória permitiram um aumento significativo na precisão da quantidade aplicada, além de diminuição da dor e de erros, facilitando a autoaplicação.

Caneta NovoPen de aplicação de insulina.

Há também dispositivos que combinam os medidores e as canetas, as chamadas bombas de infusão. A bomba fica a todo momento ligada ao usuário, assim é necessário apenas um furo para as aplicações de três em três dias. Com o conjunto é possível trocar dados e programar, via bluetooth utilizando o medidor, uma aplicação contínua ao longo do dia, com incrementos de controle dependendo da quantidade de carboidratos ingerida.

 
Fotos: I- Um dos modelos de bomba de infusão encontrados no mercado em uso. II- À esquerda, o dispositivo que faz as medições por meio de tiras e controla, via bluetooth, a bomba de infusão de insulina –à direita.

A ideia é fazer com que tais dispositivos tenham cada vez mais autonomia e, por meio de algoritmos de controle, façam a infusão das substâncias normalmente produzidas pelo pâncreas baseado no nível de glicose do sangue em tempo real, tornando os atuais aparelhos desnecessários diante de um pâncreas artificial.


Humberto de Brito Rangel Neto

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A convite do Jornal PET Elétrica, a engenheira eletricista Rachel Suassuna de Medeiros escreveu sobre a turma de 1973, da então Escola Politécnica da UFPB. Confira!




O Professor Dr. Marcelo Sampaio de Alencar destaca, em seu texto, as finalidades do Iecom, as pesquisas, as parcerias e os projetos nos quais está envolvido. Confira!




          








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