Um pouso histórico
Pela primeira vez na História, um robô conseguiu pousar em um cometa e pode trazer respostas para grandes perguntas.
Há algumas semanas, um pouso entrou para a história. Não se trata de uma aterrissagem salvadora de vidas como a do voo US Airways 1549 no Rio Hudson, tampouco de uma aterrissagem comum de uma aeronave, mas sim de um pouso totalmente inédito. Pela primeira vez na História, um robô conseguiu pousar em um cometa, por intermédio do módulo Philae, enviado, por meio da nave Rosetta, dez anos atrás pela Agência Espacial Europeia, ESA, (European Space Agency).
Módulo Philae.
A nave Rosetta viajou cerca de seis milhões de quilômetros até conseguir se aproximar do destino, em agosto deste ano. O destino era o cometa 67P/Churyunov-Gerasimenko que se trata, basicamente, de uma massa imensa com superfície composta de poeira e gelo, mas o pouso em si só foi alcançado no último dia 12 de novembro e contou com alguns problemas inesperados. Pelo que se sabe, houve uma falha no funcionamento do sistema de ancoragem, o que acabou ocasionando saltos do Philae antes de se fixar definitivamente na superfície do cometa. No link abaixo, você pode ouvir o ruído emitido na aterrissagem do módulo:
https://soundcloud.com/cnes/son-premier-atterrissage-philae
Você pode se questionar sobre o que há de tão especial e significativo neste feito, mas bastam poucas linhas para responder este questionamento. Além de se tratar de algo totalmente histórico e inédito, o que já tornaria tal feito especial e significativo, esse pouso, de caráter extremamente complicado, pode significar avanços importantíssimos no que concerne à obtenção de respostas relacionadas ao surgimento do sistema solar e da vida pelo fato de que várias teorias creditam o surgimento da vida na Terra, como nós a conhecemos, a algum cometa, de forma que eles podem ter sido o ponto de partida da formação da chamada “sopa orgânica”, cedendo ingredientes da mesma, como, por exemplo, a água.
Após o pouso, o módulo teve cerca de sessenta horas para análise científica do cometa por meio da poeira, dos gases, do solo e de seus compostos químicos. Dentro desse tempo, o Philae completou 80% de suas missões iniciais de coleta e conseguiu fazer descobertas importantes. Mediante a análise de gases, foram encontradas moléculas orgânicas, mas que ainda não se tem a certeza se são aminoácidos, partículas base de proteínas. Na superfície do cometa, também foi encontrado gelo, que deve ter sua composição estudada buscando saber se corresponde à composição de isótopos da água da Terra.
Nave Rosetta, Módulo Philae e cometa 67P/Churyunov-Gerasimenko.
Mais estudos e análises só poderão ser feitos quando a bateria do módulo for recarregada via energia solar. Suspeita-se que devido aos saltos na hora do pouso, o Philae tenha ficado cerca de um quilômetro distante do ponto originalmente designado para a aterrissagem, o que pode ter dificultado a incidência solar nele. No entanto, esse deslocamento pode ser positivo no ponto de vista de que o módulo vai demorar mais para ficar superaquecido na aproximação do cometa do Sol. Desse modo, os técnicos da ESA esperam poder contactar novamente o Philae no ano que vem, quando deve ocorrer a aproximação, favorecendo, assim, a iluminação sobre ele.
Dessa maneira, pode-se ver a grande importância do fato, algo que reflete os grandes avanços na área científica e tecnológica que se vem alcançando. Quem nunca quis saber como surgiu a vida ou se originou o sistema solar? Essa aterrissagem pode responder perguntas como essa e ajudar em vários outros aspectos, até mesmo na proteção à Terra de asteroides. É mais do que notório que o estudo do universo a nossa volta, além de sanar dúvidas históricas, pode contribuir para o desenvolvimento no nosso planeta e é isso que esperamos para o futuro.
Arthur Silva Vasconcelos
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