Criônica
Um processo de conservação do corpo humano que desafia a morte com um toque de frio.
Já se viu muito em filmes um processo de conservação das condições físicas do corpo humano, não tão comum, com base no uso de nitrogênio líquido para congelá-lo, a criônica. Ao contrário do que muitos pensam, esse processo já é realizado na vida real, mas, diferentemente dos filmes, só é feito com indivíduos cujos corações pararam de bater e que ainda possuem uma mínima atividade cerebral. Qual é o objetivo dessa prática? Tem-se a esperança de que no futuro, os indivíduos congelados sejam reanimados e possam voltar a viver normalmente.
Os estudos sobre a criônica começaram após se observar que algumas pessoas, depois de caírem em lagos muito frios, conseguiram sobreviver por mais tempo do que se caíssem em um lago com temperatura "normal". Isso aconteceu porque o metabolismo delas reduziu, podendo passar uma quantidade relativa de tempo sem respirar. Com isso, alguns cientistas começaram a realizar experimentos com animais. Eles conseguiram congelar ratos e revivê-los, alguns com sequelas, e, também, macacos pequenos, que morreram horas após acordar.
Uma das maiores motivações para que a criônica fosse estudada é que se um indivíduo falecesse por uma doença com cura desconhecida na época, ele seria reanimado quando a cura fosse descoberta. Mas se ele já estava morto como é possível reanimá-lo e ainda tratá-lo, ou seja, como é realizado esse processo realmente?
Primeiramente, como não é permitido realizar esse tipo de experimento com seres humanos vivos, espera-se que o coração pare de bater, como já foi mencionado anteriormente, mas que o corpo ainda tenha uma mínima atividade cerebral. Sendo assim, passa-se a fornecer oxigênio para o cérebro e para o sangue, para que o organismo realize funções vitais. Depois disso, retira-se toda a água do corpo humano e a substitui por um composto químico, o crioprotetor. Terminada essa etapa, coloca-se o corpo em um container e o mergulha no nitrogênio líquido, não se faz isso antes, pois a água dentro das células sofreria uma expansão, formando diversos cristais de gelo no corpo.Após mais essa etapa, o corpo possui uma temperatura média de -196 °C e passa a ser conservado de cabeça para baixo, protegendo o cérebro de um possível vazamento.
Pronto, mas como é feito o processo reverso? Justamente é esse o grande desafio enfrentado, os cientistas ainda não descobriram como retirar o crioprotetor e recolocar a água no organismo, garantindo que o ser humano sobreviva. Sendo assim, eles esperam que na época em que os corpos que já foram congelados forem reanimados, já tenham descoberto como solucionar esse problema.
Outro possível grande problema é o fato de que se os cientistas conseguirem reviver os indivíduos congelados, eles poderão se encontrar em uma época totalmente diferente daquela em que costumavam viver. Imagina se Walt Disney, que morreu em 15 de dezembro de 1966 e diz-se que ele passou pelo processo de criônica, fosse descongelado agora, fazê-lo se acostumar com o "novo" mundo, a internet, que surgiu há pouco mais de vinte anos, seria só o primeiro passo.
O estudo sobre a criônica ainda tem muitos obstáculos a serem derrotados, mas assim que o forem, esse processo pode trazer várias aplicações, sendo uma delas a que foi comentada anteriormente, como também, a de conservação do corpo humano para viagens espaciais de anos-luz. Espera-se apenas que os laboratórios que fazem esse processo ajudem a recolocar os "congelados" na sociedade, além de concederem alguma quantia de dinheiro para eles, como já vem sendo criado um fundo de investimento para isso.
Daniel Abrantes Formiga
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