Arte de computador
Existem muitas formas em que a arte pode ser expressa e mais de 7 bilhões de pessoas aptas a fazer arte. Por que não programar sua obra?
Desde que a arte existe, ela se adapta e agrega novas formas. A arte de uma época representa muito bem o cotidiano e o interesse coletivo. Como é de se esperar, a ciência tem cada vez mais espaço no mundo da estética, não só por teorizar sobre seus padrões, mas também por encontrar novos padrões harmoniosos e facilitar sua reprodução por meio da tecnologia.
Com a popularização da internet, a maioria da população teve acesso à arte produzida no mundo e a possibilidade de desenvolver habilidades próprias utilizando softwares, aplicativos e periféricos. Não seria mais necessário investir anos estudando técnicas de pinturas, gastando com quadros e tinta ou no desenvolvimento de uma coordenação motora perfeita para pintar, esculpir ou tocar um instrumento. Bastava alguns “Ctrl Z”, um pouco de perseverança, um bom programa de edição e uma pitada de senso de estética. Ainda assim, tais métodos parecem um tanto analógicos para a era digital em que tudo é programável. Se imagens podem ser descritas com exatidão, elas podem ser feitas por programação. Figura 1 - Superior esquerda: Imagem por Ctrl Alt Design; Superior direita: Imagem por Fabio Paes Pedro; Inferior esquerda: Imagem por Erik Natzke; Inferior direita: Frame do videoclipe Catalina de Moullinex
Dentre as diversas opções para a geração de imagens estáticas e dinâmicas, um dos mais conhecidos é o Processing. Processing é uma linguagem de programação e ambiente de desenvolvimento open source, com uma grande biblioteca de exemplos e uma comunidade de usuários bem ativa. Esta ferramenta permite que leigos em programação consigam produzir peças memoráveis de imagem e vídeo com pouco tempo de aprendizado. A possibilidade de usar Kinect, microfone, webcam e outros dispositivos de entrada de dados passíveis de ser manipulados atrai experts e amadores; também é possível utilizar, por exemplo, aparelhos de saída como um conjunto de lâmpadas ou uma impressora 3D. Atualmente, muitos outros geradores e editores de imagens igualmente bons estão disponíveis na internet, muitos são open source e algumas das linguagens são: ActionScript, Phyton (Nodebox, Shoebot), Javascript (Scriptographer) ou até linguagens próprias (Processing, Pure Data, Squeak).  Figura 2 - Escultura de filamentos projetados por Processing e impressos com impressora 3D, por Lia
O som, também alvo da programação, pode ser criado com muitos softwares de fácil utilização disponíveis para download (segue uma lista de linguagens de programação para música no fim do texto). Um dos mais conhecidos é o ChucK, utilizado pela orquestra de Laptop de Princeton (Princeton Laptop Orchestra) em conjunto com sensores, tablets, teclado para compor música sem instrumentos reais. Integrantes de Orquestras de Laptops criam um algoritmo para um instrumento virtual, podendo ser um tradicional, adaptado ou apenas um conjunto de efeitos sonoros. Figura 3 - Orquestra de Laptops de Princeton
Para quem tem dúvidas se imagens e sons programados podem ser considerados arte, estas geralmente entram em uma classificação especial chamada de arte generativa, em que a obra é feita por um sistema autônomo e pelo homem. O usuário impõe uma série de instruções nas quais um ou mais parâmetros guiam o resultado final. O artista de arte generativa é um criador de algoritmos que deixa, ou não, algumas decisões a cargo do computador, podendo ele mesmo ser surpreendido com o produto final. Links:
Ana Paula Tavares de Melo
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