Sistemas Elétricos e Redes de Computadores (Parte I)
A maior parte das pessoas que têm acesso a computador, mesmo que de forma superficial, tem uma noção básica sobre redes de computadores. Seja no escritório para interligar os computadores a uma única impressora, seja quando acessam a Internet ou ainda numa LAN-House, estão sendo utilizando conceitos de redes.
Recentemente tem surgido uma nova área de aplicação das redes de computadores, as subestações de energia elétrica. Esses sistemas que devem funcionar ininterruptamente e com segurança para que nele trabalhem ou de dele se utilizam fazem uso de dispositivos estrategicamente situados com a finalidade de protegê-lo efetiva e seguramente contra uma falha, ou seja, qualquer estado anormal do sistema. Os dispositivos protetores devem atuar no sistema de forma a remover e isolar a anormalidade sem que as outras partes do sistema sejam afetadas, portanto os dispositivos devem operar seletivamente.
Os equipamentos utilizados para a proteção dos sistemas elétricos ainda servem para supervisionar a operação de um sistema de forma a assegurar o melhor possível a continuidade de alimentação de seus usuários.
Uma subestação contém um conjunto de equipamentos de proteção, conhecidos como relés, que precisam trocar informações entre si tanto na supervisão do sistema quanto no momento de atuar. Historicamente a troca de informações entre esses sistemas é feita utilizando um protocolo específico do fabricante, ou seja, nem sempre é possível colocar um relé do fabricante A em um sistema que utiliza relés do fabricante B.
Para amenizar esse problema, foi lançada a norma IEC-61850 que tem dentre os seus objetivos estabelecer uma forma de comunicação única entre relés, que agora passa a serem denominados de dispositivos eletrônicos inteligentes ou IED (Intelligent Electronic Devices). Essa norma ainda estabelece que a comunicação entre os IEDs seja feita por uma rede e que independente do fabricante, o dispositivo consiga trocar informações com os demais, permitindo assim interoperabilidade.
Nesse ponto surgem novos conceitos para a área de Proteção de Sistemas Elétricos. Os relés que antes exigiam uma ligação ponto a ponto com os demais, formando assim uma rede em malha, agora se tornam dispositivos digitais que trocam informações por uma rede única, que pode ser um barramento. Portanto, a proteção dos sistemas elétricos passa a ser uma rede de computadores e com isso traz grandes desafios para os engenheiros, sendo primeiro deles a interdiscipliariedade do profissional, que será tratada em outros artigos que seguirão a este.
Edmar Candeia Gurjão