Eletromobilidade
Com o aperfeiçoamento das técnicas de armazenamento de energia em baterias e o interesse pelas redes inteligentes (“smart grids”), vimos ressurgir o conceito do carro elétrico, como parte integrante do sistema elétrico distribuído.
____________________________________________________________________________________
O emprego de energia elétrica para fins de mobilidade de veículos dos mais variados portes teve início no século XX, quando a disputa entre a tração a vapor e a tração elétrica foi vencida por esta.
Em diversos países, nos sistemas de transportes urbanos, tais como trens, bondes, ônibus e metrôs, tem sido empregada a energia elétrica, seja em corrente contínua ou corrente alternada.
Em 2006, foi lançado nos Estados Unidos um documentário intitulado: “Quem matou o carro elétrico?” Nesse documentário, o diretor, Chris Paine, relatou o desenvolvimento, a comercialização e a retirada do mercado dos veículos elétricos. De acordo com ele, os carros elétricos foram lançados na Califórnia, Estados Unidos, em 1996. Nesse documentário são apresentados depoimentos de representantes do Governo Norte-Americano, da indústria automobilística, das indústrias petrolíferas, de condutores e atores, como Mel Gibson e Tom Hanks, dentre outros. Entretanto, ao tentar responder a questão, o diretor, de forma tendenciosa, deixa transparecer que as empresas petrolíferas seriam as mais interessadas na “morte” do carro elétrico, sem aprofundar o assunto de forma mais sistêmica.
Nos dias atuais, com o aperfeiçoamento das técnicas de armazenamento de energia em baterias e o interesse pelas redes inteligentes (“smart grids”), vimos ressurgir o conceito do carro elétrico, como parte integrante do sistema elétrico distribuído. Nessa situação, o carro elétrico, uma vez estacionado e conectado à rede, tanto pode ser abastecido por ela quanto, em certos períodos, quando houver necessidade de energia elétrica adicional, essa energia pode ser fornecida pelos elementos de armazenamento distribuídos, no caso as baterias dos veículos elétricos.
Aparentemente, o emprego do carro elétrico traria vantagens ambientais, pois em uso não haveria emissão de poluentes pelos canos de escape. Entretanto, um questionamento a respeito da característica ambientalmente amigável do carro elétrico foi apresentado como matéria de capa da revista SPECTRUM do “The Institute of Electrical and Electronic Engineers - IEEE”, em sua edição de julho de 2013. Na capa citada, há um carro vermelho sobre uma montanha de carvão e no meio da montanha, em letras verdes, a pergunta: “Are Electric Cars Really Green?” (Os carros elétricos são realmente verdes?). Na mesma revista, em sua edição de agosto de 2013, o tema é retomado, desta feita apresentando os resultados de estudos realizados por pesquisadores de renomadas instituições de pesquisa dos Estados Unidos, dentre elas o Laboratório de Energia do “Massachusetts Institute of Technology - MIT”, em 2000, o “Electrical Power Research Institute - EPRI” e o “Natural Resources Defence Council -NRDC”, em 2007, e a Academia Nacional de Ciências (“National Academies of Sciences - NAS”), em 2010.
Segundo John Voelcker, editor do “Green Car Reports”, os resultados dos estudos realizados pela Academia Nacional de Ciências diferem bastante daqueles apresentados pelo MIT. Enquanto as conclusões do MIT são de que a eletromobilidade reduziria a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, a conclusão da NAS é de que analisado de forma sistêmica, os carros elétricos causariam mais danos ao meio ambiente que os carros a gasolina. Uma vez estabelecida a controvérsia, o que ele sugere é o aprofundamento das investigações sobre os impactos ambientais causados pelos materiais e as energias utilizados na manufatura e na mobilidade do carro elétrico, tomando como base mais estudos e menos emoção.
Prof. Dr. Benedito Antonio Luciano
_________________________________________________________________________________________
|