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Provas: um sistema de avaliação ineficiente
O que mede uma prova? Há diferença entre uma boa nota e um aprendizado eficiente?


Todo aluno, desde o primeiro período, sabe que deve obter média sete para ser aprovado numa disciplina, sem necessidade de fazer uma prova final. Caso a média seja menor que sete, mas superior a quatro, ele precisa fazer cálculos para descobrir qual a nota mínima que deve tirar no último teste para ser aprovado com, pelo menos, média cinco. Mas o que esses números representam? Quanto o aluno aprendeu no decorrer do período letivo?

O professor possui duas árduas tarefas: ensinar e avaliar. No começo do semestre letivo, há um grupo de alunos que pouco ou nada entendem sobre o que será visto em determinada disciplina. No decorrer das semanas, teoricamente, a matéria é toda vista em sala, ou seja, os estudantes aprendem. Em determinado ponto, ele deve provar que aprendeu, realizando um teste escrito, que deve ser corrigido pelo professor. Ou seja, este avaliará se o aluno tem ou não capacidade de seguir adiante no curso de graduação. Teoricamente, o funcionamento desse processo é eficiente. Mas, na prática, diversos fatores concorrem para torná-lo ineficaz.

Todas as disciplinas que o aluno cursou estão no seu histórico, com as respectivas médias ao lado. Fazendo uma média ponderada com o número respectivo de créditos, obtém-se o CRA. E o que mede o CRA? Como ele foi construído? Será que o estudante que possui um coeficiente oito sabe 80% do que foi visto no seu curso?

A nota de uma prova não mede o que o aluno aprendeu, tampouco o que ele sabe fazer. Apenas mede o que ele conseguiu fazer. Ainda assim, há aqueles professores que, ignorando a enorme responsabilidade de avaliar o aluno (e, em parte, de se autoavaliar) fazem uma correção superficial, analisando apenas a resposta obtida e desconsiderando o desenvolvimento proposto.

A diferença entre saber e conseguir resolver alguma questão reside em dois pontos principais. Na honestidade de não “colar” e na falta de atenção de um erro pontual, a exemplo dos erros de cálculo, que levam a uma resposta incorreta e, às vezes, faz com que todo um desenvolvimento seja equiparado a uma questão em branco, a depender do método de correção imposto pelo professor.

Por fim, os alunos passam a não mais estudar para aprender, voltando o foco apenas para a prova. Eventualmente, ambos os fins coincidem. Outras vezes, o objeto de estudo não é uma matéria, e sim um professor: já que o critério de aprovação é uma nota, e não o aprendizado (embora ambos também normalmente coincidam), aprendem-se os métodos do professor, culminando numa nota melhor àquela que seria obtida se o intuito fosse aprender o conteúdo.

Mas, do que adianta criticar se não é apresentada uma solução? De início, creio que quantificar o aprendizado é uma noção deveras complicada. Um aluno com CRA oito é melhor que um com CRA sete e meio? A nota deveria ser substituída por um conceito: bom, suficiente, insuficiente etc. O professor deveria ter um contato mais profundo com seus alunos, a fim de avaliá-los melhor. Mas isso é impossível devido às numerosas turmas. A avaliação também deveria ser contínua: aula a aula, devido ao interesse e progresso do aluno, e não de forma discreta, três ou quatro vezes no período, durante duas horas.

Há professores que tentam alterar os métodos, propondo minitestes, trabalhos e seminários. Isso é louvável. Mas isso leva a outro empecilho: o próprio aluno. A cultura das notas está tão enraizada que qualquer brecha é passível de trapaça, seja com plágios ou “colas”. Portanto, o sistema está fadado a perpertuar-se.

Por sorte, a maioria dos professores ainda busca acompanhar o desenvolvimento individual dos alunos. Caso o desempenho quantitativo nas provas não seja suficiente para a aprovação, a análise extraprova acaba por ajudar o aluno que, segundo o professor, adquiriu um nível de conhecimento suficiente para ser aprovado. Entretanto, há aqueles que, por excesso de tarefas ou escassez de interesse, enxergam o aluno apenas como um número obtido após dois ou três minutos de correção de um teste.

Finalmente, para o aluno, dado o funcionamento do sistema, resta saber que o importante é o que foi aprendido, contanto que haja a aprovação. Assim, a longo prazo, é melhor aprender e, se necessário, conversar pessoalmente com o professor, do que apenas ter boas notas e se formar sem saber o que é um fasor.

Vítor Silveira
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