Nióbio: potencial valorizado ou apenas mais ouro de tolo brasileiro?
O nióbio aparece mais uma vez na mídia para o Brasil como passagem só de ida para o mundo desenvolvido. Mas até que ponto as informações que nos chegam são críveis? Saiba um pouco mais sobre o nióbio e sua importância!
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Uma vez mais um dos elementos químicos mais abundantes no Brasil volta a chamar atenção nas mídias – o nióbio. O afã sobre isso surge em função de sua alta aplicabilidade na indústria associada à alta disponibilidade do material, já que 98% das reservas mundiais são brasileiras, em contrapartida à suposta subutilização destas por parte do Governo Federal.
O nióbio é um elemento químico com alta resistência à corrosão e uma propriedade de aumentar a leveza do material a ele associado. Dessa forma, é bastante útil nos setores de construção civil, na indústria aeroespacial e automobilística. Por outro lado, o nióbio não existe de forma pura na natureza, mas associado a outros elementos, e a forma mais comum na qual é encontrado é o pirocloro no qual a concentração média de nióbio é de 2,5%, um valor considerado alto. Apesar de tudo, o nióbio não é insubstituível: existem outros elementos como o tântalo, o titânio e o vanádio, que apresentam propriedades semelhantes às dele.
Nióbio é extraído a céu aberto na mina da Anglo American
em Catalão (GO) (Fonte: G1, 2013)
Um dos mais enfáticos defensores do nióbio, talvez um dos primeiros a trazê-lo aos meios de comunicação, foi o deputado federal Enéas Carneiro, que em 2006, já atribuía ao nióbio o potencial de alavancar a economia nacional. O elemento também já foi correlacionado ao mensalão pelo empresário Marcos Valério, na CPI dos Correios em 2005. Além disso, em 2010, com o vazamento de um documento secreto do Departamento do Estado Americano, constatou-se que as minas brasileiras de nióbio constam na lista de locais com recursos estratégicos para os EUA. Ainda em 2011, o minério voltou a ser notícia mediante a venda de uma generosa fatia da maior produtora mundial de nióbio – a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) para companhias asiáticas.
No Brasil, existem três regiões que predominantemente detêm o nióbio mundial: em Minas Gerais, nos municípios de Araxá e Tapira, contabiliza-se 75,08% do minério; no Amazonas 21,34%, nas cidades de São Gabriel da Cachoeira e Presidente Figueiredo; e em Goiás 3,58%, nas cidades de Catalão e Ouvidor. Existem duas empresas privadas que praticamente monopolizam a produção de nióbio: a líder de mercado CBMM, já citada, e a empresa britânica Anglo American. Vista aérea das instalações da CBMM, em Araxá, e da Anglo American, em Catalão (Fonte: G1, 2013
)
Uma busca precipitada na Internet acerca desse tema pode fatalmente levar a informações falhas e duvidosas, mitos infundados divulgados como verdade. É preciso cautela na hora de absorver tais informações e segurança pra passá-las adiante. Tal conduta acaba levando a opiniões generalizadas, como por exemplo, a atribuição recorrente da definição do preço do nióbio à Inglaterra. Apenas a Anglo American, que detém 10% da produção brasileira, é de posse britânica. A CBMM, que conta com a maior parte do mercado, é quem define a referência de preço do nióbio, função simplesmente da demanda pelo mesmo, já que não existe, por exemplo, uma bolsa de valores regendo a evolução do preço do nióbio.
Em suma, há uma opinião geral contra o governo, que acusa a negligência sobre o minério, representada aqui no comentário da pesquisadora Monica Bruckmann, professora do Departamento de Ciência Política da UFRJ e assessoria da Secretaria-Geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
“O Brasil detém praticamente todo o nióbio do planeta, mas este potencial é desaproveitado. O que se esperaria é que o Brasil tivesse uma estratégia muito bem definida por se tratar de uma matéria-prima fundamental para as indústrias de tecnologia de ponta e que pode ser vista como uma fortaleza para a produção de energias limpas e para o próprio desenvolvimento industrial do país” – Monica Bruckmann.
Por outro lado, também há quem considere que há sim um bom aproveitamento do recurso da parte do Governo Federal, como ilustrado no comentário do Ministério de Minas e Energia – MME.
“Consideramos que o país tem aproveitado adequadamente o nióbio extraído do seu subsolo, se considerarmos que o minério é convertido em ferro-liga e exportado com um maior valor agregado, por outro lado, na medida em que o parque siderúrgico brasileiro se desenvolver, a utilização de nióbio para a produção de aço poderá aumentar” – MME.
O objetivo deste texto não é polarizar opiniões ou induzir argumentos aos leitores, mas sim expor as informações de maneira clara, objetiva e acima de tudo, verdadeira. É evidente a polêmica que permeia nessa discussão e mais uma vez é importante “pé atrás” quanto à credibilidade da informação. Cabe, portanto, a cada um se complementar ao que concerne ao tema e construir seu próprio ponto de vista em torno dele. Na tentativa de ajudar-lhes nisso, seguem abaixo alguns links interessantes.
Alguns links:
‘Monopólio’ brasileiro do nióbio gera cobiça mundial, controvérsia e mitos
http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2013/04/monopolio-brasileiro-do-niobio-gera-cobica-mundial-controversia-e-mitos.html
Vídeo esclarecedor acerca das polêmicas e mitos do nióbio: Nióbio de cool é HOAX
https://www.youtube.com/watch?v=RqohMBQfWvk
Arthur Araújo
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