A melhor cena Tudo o que somos é resultado das experiências pelas quais já passamos. Até quando devemos evoluir, ou simplesmente mudar, com elas?
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- Seria legal se o filme terminasse nessa cena. – disse a namorada adolescente no ápice daquele filme, no cinema.
Ao ouvir a frase, o namorado adolescente começa a pensar. “E se a vida fosse o filme? Deveria esta acabar no melhor momento? Que momento seria este? Lembro de quando era criança, de um aniversário no qual ganhei uma bola. Nessa idade, um presente como esse era tudo o que queria! Era tão divertido brincar de bola com os amigos! Mas um dia, no meio de um jogo, a bola acabou furando ao bater em um prego.
Tempos depois, meus pais presentearam-me com um videogame no Natal. Uau, como fiquei feliz naquele dia! Há muito tempo que eu implorava para ganhar um. Mal posso me lembrar de quantas horas passava em frente ao aparelho, divertindo-me com aqueles jogos. Mas depois veio aquele temporal, que fez a energia cair e meu videogame queimou.
Depois disso, meus pais compraram um computador para usarmos em casa. Logo esqueci o videogame de tão excitado que fiquei. Apesar de não ser tão popular o acesso à internet naqueles dias, pude substituir o jogo antigo com algo mais moderno e com mais opções. Mas aí o computador pegou um vírus que o arruinou. Também me recordo da época do colégio, quando eu fui selecionado para o time de futebol que representava a escola. Fiquei radiante, e qual garoto não ficaria? Afinal, eu associaria um lazer com uma responsabilidade, podendo mostrar o que conseguia fazer. Mas qual não foi minha decepção quando quebrei o pé, tendo que ficar em casa por dois longos meses?
E minha primeira namorada? Aquela paixão infantil, ingênua. Eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo quando estava com ela. Achava que seria pra sempre. Porém, ela teve que mudar de cidade... Lembro-me do quão triste eu fiquei. Todas essa situações, apenas exemplos. Quantos momentos felizes não tive, para sofrer desilusões depois? E todas as vezes, superei. Do que adianta acabar no melhor momento? E como garantir que o melhor momento ainda não está por vir? Todas as experiências que passei me definem até agora. Minhas opiniões, preferências, características, toda a minha personalidade é fruto do que vivi, do melhor ao pior. Além disso, acho que ainda tenho muitas cenas boas e ruins, muitos desafios e conquistas. Penso que viverei uns 80 anos, por aí. Talvez um pouco menos ou um pouco mais. Depois, quem sabe? Melhor aproveitar enquanto estou por aqui.” - Não, seria melhor se ele não terminasse. – responde o namorado ex-adolescente.
Vítor Silveira _________________________________________________________________________________________
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