A grandeza dos materiais
Campina Grande já é conhecida pelo arsenal tecnológico que agrega. Com o Lab. de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais, o CERTBIO, a cidade ganha mais um poderoso aliado na produção científica nacional.
Nossos ancestrais hominídeos usufruíam dos materiais concedidos pela natureza para convertê-los em artefatos que lhes proporcionassem mais conforto e agilidade nos afazeres cotidianos. Hoje, mantemos o hábito exploratório e continuamos manipulando as matérias-primas para obter outros materiais, mas o fazemos de maneira mais aprimorada e produtiva; louros do avanço tecnológico. As Engenharias de Materiais e Química são duas das carreiras responsáveis pelo desenvolvimento de produtos que atendam as necessidades do mercado, da sociedade. E é na Universidade Federal de Campina Grande que encontramos um dos laboratórios mais preparados do país para realizar análises e criação de materiais, o CERTBIO – Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais.
A construção do CERTBIO começou em 2006 e só em 2012 é que o edifício veio a ser definitivamente inaugurado. Salas equipadas com aparelhos modernos para gerir a qualidade, desenvolver produtos e realizar avaliações tecnológicas, além de espaços de estudo disponibilizados aos integrantes do laboratório: toda essa estrutura garante o cumprimento dos trabalhos com muito mais precisão e credibilidade. A equipe responsável pelo andamento das pesquisas é composta por professores, alunos de pós-graduação e da graduação, analistas e técnicos. A inclusão dos universitários é um fator importante para a instituição; as tecnologias, o conhecimento não se destina apenas para empresas privadas ou órgãos gorvernamentais, parte dele também fica entre os muros da universidade, enriquecendo o nível acadêmico.
Em 2009, investimentos do Ministério da Saúde/FNS potencializaram as competências do laboratório na análise e identificação de materiais empregados na saúde. A polêmica causada por duas marcas estrangeiras, fabricantes de próteses mamárias, recentemente, aumentou a preocupação dos órgãos de saúde na fiscalização desses implantes. Assim, o CERTBIO ganhou o credenciamento da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e é creditado provisoriamente pelo INMETRO para cumprir esta tarefa e garantir maior segurança aos usuários; um dos quatro no país responsáveis por esta análise de implantes.

Quando alguém quebra um osso, ficando este danificado de forma que não há como ocorrer a cicatrização naturalmente, aplicam-se biomateriais na fratura para interagir, ou não, com o organismo e permitir a reabilitação da pessoa, caso não haja rejeição. Esses biomateriais, materiais que tem como finalidade a aplicação nos organismos vivos, é um dos focos de estudo do laboratório. A incrível versatilidade da natureza se manifesta bastante nessa área que aperfeiçoa e potencializa os efeitos fármacos de materiais muitas vezes descartados. Um exemplo é a casca do camarão: desperdiçada na cozinha, aqui ela passa por processos físicos, químicos e térmicos, para no fim, gerar um composto que auxilia no tratamento de ferimentos.
Há grande preocupação dos que fazem o CERTBIO para sempre atender com excelência tanto os órgãos governamentais, quanto empresas privadas e ainda produzir material que seja de grande importância no meio científico; postura garantida pela estrutura, segurança e ética profissional. A Paraíba surge, desta vez, de luvas, máscara e jaleco no cenário nacional, rumo ao promissor futuro dos biomateriais. Mas, para que este venha a se concretizar, investimentos intelectual e tecnológico não podem cessar. O Brasil precisa apoiar aquilo que realmente o engrandecerá.
Filippe José Gadelha
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