Onde estão nossos engenheiros?
No momento em que passa por uma etapa ímpar economicamente, o Brasil depara-se com o grave problema de não ter engenheiros suficientes para suprir a demanda do mercado de trabalho.
Em meados do século XVIII, os primeiros cursos de Engenharia começaram a ser implantados no Brasil. Fortificações, artilharia e civil foram os primeiros a surgirem em um país que ainda estava aprendendo a ser uma nação independente. Daí pra frente foram surgindo diversas outras instituições, como o Instituto Militar de Engenharia – IME e a Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Até o ano de 1946, existiam 15 escolas de ensino de engenharia no Brasil, todavia, na década de 1960 houve um crescimento significativo do número de instituições.
Atualmente, o ensino de engenharia mostra-se uma ciência consolidada em nosso país. São mais de 600 cursos espalhados por quase 200 instituições de ensino. Entretanto, é justamente essa área de atuação profissional que está causando preocupações em diversos setores produtivos do nosso país. O Brasil enfrenta o grave problema de falta de engenheiros em um mercado cada vez mais carente e, com a economia vivendo um momento ímpar de sua história, é crescente a demanda por profissionais dessa área.

Nosso país possui aproximadamente 600 mil engenheiros registrados nos conselhos federais de engenharia. Esse número equivale a uma quantidade de seis engenheiros para cada grupo de mil trabalhadores. Contudo, em países como os EUA a proporção é de vinte e cinco para mil. Os números são bem alarmantes e não param por aí: segundo dados do Sistema da Federação das Indústrias, de todos os cursos de nível superior oferecidos em nosso país, 76% são das áreas de humanidades e apenas 8,8% são para engenharias.
Diante de dados tão preocupantes, vem a pergunta: por que a falta de engenheiros no Brasil? Não é fácil escolher um único responsável pela pouca demanda de engenheiros no mercado de trabalho brasileiro; diversos fatores contribuíram para a construção de tamanho problema. Um dos pontos responsáveis por toda essa fuga de profissionais da área das engenharias é a desinformação. A primeira ideia que vem à cabeça de muitos jovens quando indagados sobre sua opinião em relação à engenharia, é que é uma profissão mal remunerada, árdua e muito estressante.
Também existem aqueles que afirmam que nunca fariam engenharia devido à grande quantidade de matemática e física que permeia a profissão. A verdade é que esse preconceito é criado na cabeça dos jovens ainda na infância, quando são rodeados de opiniões e afirmações de que a matemática é uma ferramenta complicada e quase impossível de se aprender. Isso acaba tirando de muitos a possibilidade de conhecer e se identificar com a arte da engenharia.
Para alguns, a falta de investimentos em educação também colabora para a fraca oferta de engenheiros no mercado de trabalho. A realidade é que, para um aluno conseguir um bom desempenho dentro de uma escola de engenharia, ele precisa ter uma firme base matemática e física vinda do ensino fundamental e médio. Aumentar o número de vagas nas instituições de ensino superior sem melhorar a qualidade da educação básica é como querer tapar o sol com a peneira. Pois quando o aluno ingressa em um curso de engenharia sem uma boa formação básica, as chances de evasão são significativamente maiores.
A realidade é que a engenharia é um ponto estratégico para que qualquer país consiga se desenvolver. Assim, medidas imediatas devem ser tomadas para que esse quadro atual possa ser revertido e nosso país tenha base técnico-científica para continuar trilhando o caminho rumo ao desenvolvimento.
Rayan Barreto
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