Amigos, amigos. E tudo mais que faz parte.
Estudos mostram alguns benefícios menos evidentes de se ter amigos.
Há três mil anos um ditado assírio já dizia: “Diga-me quem são seus amigos e eu direi quem você é”. O filósofo grego Aristóteles também tinha sua máxima sobre a amizade, que seria “uma única alma habitando dois corpos”. Num tom só um pouco menos poético, estudos científicos mostram o quanto nossos amigos – e até os amigos de nossos amigos - podem nos influenciar positiva e negativamente, além de revelarem alguns aspectos menos evidentes da importância deles em nossas vidas.
A origem da palavra “amizade” é incerta. Talvez tenha surgido do vocábulo latim amicus (“amigo”), termo derivado de amore (“amor”). Outra possibilidade é que tenha vindo dos verbetes gregos a (“sem”) e ego (“eu”), de modo que “amigo” significaria algo como “sem o meu eu”. Segundo o dicionário Aurélio, a amizade é um “sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família”. Independentemente de um conceito formal, o conhecimento – digamos - empírico já testifica que os amigos são fundamentais para o nosso bem-estar – e as pesquisas sobre o assunto afirmam que a importância deles é bem maior do que poderíamos imaginar. 
Segundo estudos da Universidade da Califórnia, a qualidade das nossas amizades tem um efeito tão grande em nossa saúde quanto a qualidade de nossa alimentação. Para pesquisadores da Universidade de Harvard, laços fortes de amizade aumentam nossa vida em até 10 anos, além de nos prevenirem de diversas doenças. Estudos apontam que as relações de amizade estimulam a produção do hormônio ocitocina, que tem um efeito contrário ao da adrenalina. Enquanto esta eleva o nível de estresse, aquela diminui os batimentos cardíacos e a pressão sanguínea, de modo a reduzir o risco de doenças cardíacas. A ocitocina também está ligada ao combate às infecções.
Os lugares em que as amizades são feitas também são muito importantes. Pessoas que estabelecem tais relações no trabalho se sentem sete vezes mais envolvidas com o que fazem e são até duas vezes mais contentes com o salário que recebem. Os amigos dos nossos amigos também nos afetam consideravelmente. O amigo de uma pessoa obesa tem 45% de chances de engodar – mais do que o cônjuge dela, em que esta taxa é de 37%. Se a obesidade acometer o amigo de um amigo, o risco é de 20%. A probabilidade é ainda de 10% se o aumento considerável de peso acontecer a um amigo de um amigo de um amigo. Também podemos ser influenciados em outros fatores - tais como no nível de felicidade e até na prática do tabagismo - por pessoas que nem conhecemos, da mesma forma que o desenvolvimento da obesidade.
Apesar de tantos estudos científicos apontarem os benefícios de amizades saudáveis, nenhum deles é necessário para mostrar que ter amigos com quem conversar, compartilhar, desabafar – enfim, simplesmente viver - é uma das maiores conquistas que podemos fazer em nossas vidas. Portanto, agradeço a todos os meus amigos – e aos amigos deles também - por existirem. Uma parte considerável de quem eu sou veio de vocês. Obrigado.
Júlio César Cavalcanti
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