Quem se importa com os professores?
No dia 17 de maio de 2012, foi iniciado por 29 Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) o movimento grevista de duração indeterminada. Passadas duas semanas, o número de instituições aderentes já era superior a 40. As principais reivindicações dos professores baseiam-se em medidas que valorizem a profissão, tais como aumento de salário, melhores condições de trabalho e mudanças na política salarial.
Durante o Governo Lula, houve a reformulação salarial de várias categorias. Até 2005, universidades de vários estados entraram em greve exigindo, também, melhores condições de trabalho e reajuste salarial. A greve de 2005 teve duração de 112 dias e chegou a atingir 39 das 61 instituições de ensino superior. Os docentes reivindicavam aumento de 18% no salário-base, o governo propôs aumento de 9,75% e diminuiu a diferença entre ativos e inativos, firmando um compromisso de reformular a carreira docente até 2007. O mandato de Lula chegou ao fim e nenhuma medida significativa foi tomada para atender as solicitações dos professores, deixando o legado para o atual Governo da presidenta Dilma.
Até agosto de 2011 nenhuma medida concreta relacionada a melhorias às condições de trabalho dos docentes havia sido tomada por parte do Governo. Neste período, um acordo emergencial foi estabelecido, o qual determinava uma data definitiva (31 de março de 2012) para que o Governo apresentasse uma proposta plausível. Foi garantido, de início, que até a data estabelecida os professores teriam um aumento de 4%. Entretanto, o prazo validou-se e o aumento prometido, que ainda representaria uma perda de aproximadamente 11% quando descontada a inflação referente aos últimos dois anos, não foi cedido.
Na tentativa de evitar a Greve, o Ministro da Educação, Aloisio Mercadante, editou, junto à presidenta, uma medida provisória. Tal medida honraria a promessa de aumento de 4% para os professores. No entanto, o não cumprimento do prazo estabelecido foi o motivo inicial para o fortalecimento da mobilização dos professores quanto à solicitação de melhores condições de trabalho e reformulação da profissão.
“Se não houver pagamento digno para a professora, não há valorização pela sociedade da profissão de professor. Então, não há como, no Brasil, se fazer qualidade da educação sem pagar bem o professor.” Este foi um dos pronunciamentos da presidenta Dilma Roussef em um dos seus debates eleitorais transmitidos pela emissora Rede Globo de em 29 de maio de 2010. Não se trata apenas dos direitos dos professores. A melhoria da educação brasileira está sujeita à qualidade de ensino dos docentes. Portanto, cabe ao Governo garantir condições necessárias para que estes continuem a investir em suas formações, como também para a dignidade do trabalho dos mesmos e salários recompensastes.
Bruna Larissa Crisóstomo
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