Moral: Barreira do Conhecimento?
Há muito tempo, antes que o ser humano pudesse ser classificado como ser social, já existiam sociedades que seguiam regras e padrões morais. Essas regras vão desde formas de governo e tratamentos aos chamados bons-sensos. São esses padrões sociais que guiam cada pessoa a tomar atitudes que não transgridam a liberdade dos outros, a tomar atitudes não instintivas, mas sensatas.
No mundo da ciência, sempre houve choque entre as regras e lugares-comuns criados pelas sociedades e ambições de cientistas. Em um passado não tão distante, na Segunda Guerra Mundial, há inúmeros exemplos desses embates, como, por exemplo, a invenção da bomba atômica e da energia nuclear e os avanços da medicina. No primeiro caso, a ambição da pesquisa feita por Albert Einstein certamente não visava à criação de uma arma de destruição em massa, mas sim da criação de uma forma de se obter energia elétrica eficiente e pouco poluente. No segundo, o fato é que com o episódio do Holocausto houve o sacrifício de muitos judeus sem discriminação de gênero ou idade. Esse sacrifício, porém, acabou por permitir experimentos em humanos que nunca haviam sido permitidos na história, o que levou a aprofundamentos nas áreas da fisiologia e anatomia humana. Diante disso, será seguro dizer que as regras morais criadas são apenas uma barreira ao desenvolvimento da humanidade?
Todos os avanços, especialmente os citados, foram, sim, grandes avanços no conhecimento e com certeza revolucionaram a época, mas será que não já teríamos atingido o mesmo patamar, embora levasse 10, 20 anos a mais sem a necessidade de tantas mortalidades? Atualmente estamos na fase predominantemente nanotecnológica da contínua revolução técnico-científica. O conhecimento necessário para a criação e controle de nanomateriais e nanorrobôs fica cada vez mais claro, ao mesmo tempo em que o número de aplicações continua a aumentar. De forma análoga à bomba atômica, a nanotecnologia traz benefícios tremendos na medicina e na engenharia, seja por meio de pequenos robôs controlados remotamente para erradicação de câncer ou por meio da criação de materiais mais eficientes na conversão de energia elétrica; tanto quanto traz possibilidades da criação de verdadeiras armas de destruição em massa, muito mais perigosas que uma bomba atômica, pois seriam capazes de eliminar seus alvos pontualmente, e de dentro para fora.
Com isso, pode-se chegar à conclusão de que a moral humana é, de fato, uma barreira à ampliação de conhecimento, mas extremamente fundamental para a manutenção da existência na Terra, e ainda mais importante para qualquer profissional, que deve medir suas ações levando em conta que está responsável não só por si mesmo, mas por todos à sua volta.
Danilo B. Cavalcanti
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