Entrevista - Thiago Ferreira de Paiva Leite
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O aluno Thiago Ferreira de Paiva Leite é graduando em Engenharia Elétrica na UFCG. Está no quinto período e foi selecionado para o Programa Ciência sem Fronteiras no início do ano corrente.
Em entrevista ao jornal PET-Elétrica, Thiago fala sobre sua experiência no exterior e deixa um mensagem de motivação para os outros alunos interessados no Programa.
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1. Você é natural de que cidade e quando ingressou no curso de Engenharia Elétrica na UFCG?
Sou Natural de João Pessoa e ingressei no curso de Engenharia Elétrica da UFCG no primeiro período de 2010.
2. Você participa de qual programa de intercâmbio? Qual o nome da universidade que você foi estudar e onde ela se localiza?
Eu participo do programa Ciências sem Fronteiras, faço parte do primeiro grupo de estudantes desse programa que foi enviado pela Capes para fazer intercâmbio nos Estados Unidos. Atualmente, estudo na Texas A&M University, que se localiza na cidade de College Station, no estado do Texas.
3. Como foi o processo de seleção? E como foi saber da aprovação?
O processo de seleção foi muito corrido. Como essa foi a primeira vez que a Capes organizou um projeto dessa magnitude, houve muitos mal-entendidos, muitas informações que saíram no edital inicial foram alteradas, alguns pré-requisitos de candidatura foram retirados do edital inicial e por aí vai. A correria foi grande para fazer o Toefl, pedir cartas de recomendação e cumprir os prazos e requisições do IIE (Institute of International Education, orgão americano que junto com a Capes administra o programa Ciências sem Fronteiras). Depois de toda a correria, não há palavras para descrever a emoção de receber uma resposta positiva de uma universidade americana, se bem que eu tive pouquíssimo tempo para comemorar. Do dia em que eu soube que eu fui aceito em uma universidade para o dia da minha viagem passaram-se apenas 16 dias, e haja mais correria para ajeitar tudo para a viagem. Só para dar uma idéia meu pai foi buscar meu passaporte na sede dos correios em João Pessoa 4 horas antes de eu pegar o avião! Mas no final deu tudo certo e o esforço valeu muito a pena!
4. Qual a principal diferença vista por você da graduação aqui no Brasil e nos Estados Unidos?
A diferença mais óbvia que eu vi foi o tempo de duração do curso. Aqui na minha universidade, não só o curso de Engenharia Elétrica, mas todas as Engenharias, tem duração de quatro anos. Ainda não descobri 100% o porquê dessa diferença em relação ao Brasil, mas pelo pouco tempo que passei aqui, pude perceber que não só as aulas, como a própria conjectura das disciplinas do curso de Engenharia Elétrica são muito mais voltadas para o curso de Engenharia Elétrica, diferente do curso da UFCG, por exemplo, no qual muitas vezes fazemos uma série de disciplinas que na opinião de vários (inclusive alunos formados e professores) poderiam ser dispensadas ou aglutinadas a outras disciplinas.
Outra diferença muito interessante que eu pude perceber, pelo menos aqui na minha universidade, pois não sei se também é assim em outras universidades americanas, é que muitos alunos fazem estágio antes mesmo de chegarem ao último ano do curso, não só por interesse dos próprios alunos, mas também pela alta oferta de estágios por parte das empresas. Por exemplo, aqui na Texas A&M University aconteceu uma “Feira de estágio”, na qual mais de 200 empresas montaram estandes mostrando as oportunidades de estágio e emprego disponíveis. Nessas oportunidades, os alunos podiam deixar seus currículos nos estandes das empresas que lhes interessassem, e muitos foram chamados para entrevistas.
5. Você está satisfeito com a oportunidade de estudar nesta nova Universidade? Conte-nos um pouco de como é estudar por aí. Se você participou de algum projeto, se os professores ajudavam no entendimento da língua e do assunto e de como são os laboratórios.
Estou muito satisfeito com essa oportunidade, não tenho palavras para expressar o quanto estou realizado por estar numa universidade desse porte (Texas A&M University está entre as 10 maiores universidades dos Estados Unidos, e é referencia nacional e internacional no ensino de Engenharia). Estudar aqui está sendo uma experiência maravilhosa, os professores das disciplinas que eu estou cursando esse período são de forma geral muito bons, explicam muito bem e procuram apresentar os assuntos abordados de forma bem prática, sempre apontando possíveis aplicações dos conteúdos lecionados.
Por incrível que pareça, o idioma não foi uma barreira tão grande quanto eu imaginava na compreensão das aulas, inclusive alguns professores não são americanos, o que facilita mais ainda, pois, por não serem americanos, acabam falando mais pausadamente. Inicialmente eu estava preocupado com os termos matemáticos e técnicos que seriam utilizados, antes de chegar aqui eu me perguntava se eu conseguiria acompanhar as aulas, pois eu não conhecia nem a metade dos termos que seriam utilizados em inglês. Felizmente isso também não foi um obstáculo muito grande, pois à medida que os professores vão falando esses termos você vai aprendendo naturalmente, e cada aula passa a ser um grande apredizado não só dos conteúdos programáticos, mas também dos termos técnicos em inglês.
Com relação aos laboratórios, pude perceber que estes têm de modo geral uma ótima estrutura e ótimos aparelhos, o que deixa as aulas de laborário muito mais interessantes e mais próximas da realidade com a qual iremos nos deparar em nossa vida profissional. Com relação a projeto de pesquisa, estou atrás de oportunidades, mas acho que em breve conseguirei algo. Tive sorte porque aqui na universidade tem um professor que é de Recife. Sabendo disso fui procurá-lo para jogar o famoso “verde” para ver se ele poderia me ajudar a arranjar algum projeto de pesquisa, ele foi muito simpático comigo e me passou o contato de um professor muito renomado aqui na universidade que se dispôs a me receber como pesquisador. Espero começar a pesquisar daqui a algum tempo, e quem sabe essa pesquisa possa até gerar parcerias com a UFCG! Vamos esperar para ver!
6. Como é lidar, no cotidiano, com a língua inglesa? Neste sentido, quais são suas maiores dificuldades?
Para mim, particularmente, lidar com a língua inglesa é uma experiência ótima, sempre gostei muito de aprender outros idiomas e já havia feito aulas de inglês no Brasil. A principal dificuldade para mim é entender americanos da minha idade conversando. A forma como eles falam entre si é de certa forma diferente da forma como eles falam com estrangeiros, mas à medida que eu vou escutando, se eu não entendo alguma coisa eu geralmente pergunto o significado dessa palavra ou frase, e assim tenho aprendido bastante desde que eu cheguei aqui.
7. No local onde você mora a bolsa é suficiente para cobrir seus custos?
A bolsa é mais que suficiente para cobrir nossas despesas básicas e ainda sobra para comprar besteiras! A Capes paga o nosso aluguel (eu estou morando num apartamento dentro do campus), todas as taxas escolares, nossa alimentação e ainda por fora recebemos um dinheiro para demais despesas.

8. De que forma, o intercâmbio está contribuindo na sua formação?
Esse intercâmbio irá reprensentar um diferencial enorme no meu currículo, pois aqui tenho a oportunidade de cursar disciplinas que não são ofertadas na UFCG e que tenho muito interesse em cursar, pois fazem parte da ênfase que pretendo fazer na UFCG, como “Projeto de sistemas microprocessados”. Também algumas disciplinas que constam no currículo da UFCG tem um conteúdo programático um pouco maior aqui, além de contarem com melhores estruturas laboratoriais, o que sem sombra de dúvidas me deixa um passo à frente em termos de conhecimentos das tecnologias atualmente utilizadas no mercado de trabalho. Além de tudo, uma experiência de um ano em contato direto com a língua inglesa também representa um diferencial muito desejado pelas empresas.
9. Em relação às culturas que você teve contato: qual a que você apreciou mais?
Apesar da enorme diversidade cultural da universidade, as disciplinas que estou cursando têm relativamente poucos alunos internacionais, ou seja, eu ainda não me aproximei o bastante de nenhuma cultura específica, a não ser da cultura americana. Tive a excelente oportunidade de dividir o apartamento onde estou morando com mais três americanos, o que tem sido uma experiência fantástica, pois a cada dia aprendo mais e mais dos costumes americanos.
10. O que você sente mais falta daqui do Brasil?
O que sinto mais falta no Brasil é a minha família! Sem sombra de dúvidas eu não estaria aqui sem o apoio constante dos meus pais e familiares, que sempre me apoiaram e me deram forças para superar todos os obstáculos.
11. Como é feito o contato com a família e os amigos?
Eu fiz um plano de telefonia em uma operadora local que me possibilita ligar ilimitadamente para telefones fixos no Brasil. Além disso, sempre mantenho contato pelo skype e pelo facebook.
12. Quais são suas expectativas para o resto do programa de intercâmbio?
As expectativas são as melhores possíveis. A cada dia descubro novas formas de aproveitar ainda mais essa experiência maravilhosa que tem sido esse intercâmbio. Até agora tenho ido muito bem nas disciplinas que estou cursando, e já estou de olho nas disciplinas que cursarei no próximo período. São tantas as disciplinas que eu gostaria de cursar que se eu fosse fazer todas, acho que precisaria de uns cinco períodos. Fora as disciplinas, a universidade tem muitas oportunidades para os alunos aprenderem ainda mais e também se aproximarem do mercado de trabalho, como grupos de estudos, palestras, workshops e várias atividades do ramo estudantil do IEEE, que vale salientar que aqui na universidade é muito ativo.
13. Quais as suas expectativas quando voltar?
Quando voltar, pretendo utilizar os conhecimentos adquiridos aqui da melhor forma possível, e tentar fazer de tudo para ajudar o curso de Engenharia Elétrica e a UFCG a crescerem e desenvolverem-se cada vez mais.
14. O que você aconselha para os alunos que também pretende participar de um programa de intercâmbio?
Eu gostaria de dizer aos colegas que estão tentando ou irão tentar participar de algum programa de intercâmbio que dêem o melhor de si, que não deixem uma boa oportunidade de intercâmbio passar, pois ela pode ser única. Por fim, aproveitem ao máximo porque eu tenho certeza que essa será uma das melhores experiências da sua vida, assim como tem sido para mim. Muito obrigado ao PET-Elétrica por essa oportunidade, foi um prazer responder a todas essas perguntas, e espero ter ajudado ou até motivado a galera que está por vir. Um abração, galera!
Elvys Raposo Pontes
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