O Ensino da Engenharia no Brasil:

uma perspectiva histórica


Rodeados pelo conhecimento exato da Engenharia, pouco atentamos para como a mesma chegou até nós e o quanto é importante que a conheçamos no contexto brasileiro. Do final do século XVII até hoje, muitas foram as mudanças que contribuíram para a difusão do ensino de Engenharia no Brasil, modificações tais que, com o desenvolvimento técnico-científico, possibilitaram a sua expansão sob novas nuances.

O marco inicial do ensino de Engenharia no Brasil é datado de 15 de janeiro de 1699, quando uma carta régia de Dom Pedro II, então rei de Portugal na Europa, estabelece a criação da primeira aula de Fortificação, para a formação de engenheiros militares. A infraestrutura inadequada (falta de livros, instrumentos e outros), porém, não permitiu um ensino efetivo inicialmente. Um avanço se dá em 1792, quando é criada a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, também voltada para engenheiros militares.

A vinda da família real portuguesa para o Brasil , em 1808, possibilitou a criação de diversas instituições - dentre elas superiores - como a Academia Real Militar, em 1810, destinada a engenheiros militares e civis. Em 1874, o exército deixou a formação de engenheiros para instituições civis, fato que originou a primeira escola de Engenharia: a Escola Politécnica do Largo do São Francisco, no Rio de Janeiro. Nela, as primeiras demonstrações públicas científicas foram realizadas, como a transmissão telegráfica (1851) e a iluminação elétrica (1896).


Figura 1: Academia Real Militar

Os cursos de Engenharia naturalmente acompanharam o crescimento das universidades do governo federal do Brasil, criadas nas primeiras décadas do século XX. De 1930 até 1945, com o fim da Segunda Grande Guerra e da ditadura de Getúlio Vargas, a quantidade de cursos passou de 27 para 47, segundo dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Em 1962 , já eram 112. O crescimento foi ainda maior depois dos anos setenta, após a Reforma Universitária de 1968. Tal reforma estabeleceu o regime de créditos no ensino superior e uma nova organização das universidades em centros e departamentos, o que possibilitou um maior preparo para a implantação da pesquisa universitária e a criação de pós-graduações.

Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), aprovada em 1996, ocorreu uma explosão de cursos de Engenharia, principalmente pela iniciativa privada. Até 2008, 1702 cursos já tinham se estabelecido: 35% na dependência administrativa de instituições públicas e 65% de instituições privadas, aproximadamente. Dados mais recentes acerca do número de conclusões de graduação e as perspectivas para o futuro podem ser visualizados nos Gráficos 1 e 2.

     Gráfico 1

    Gráfico 2 


Como engenheiros eletricistas em formação, somos diretamente fruto e parte da trajetória do ensino da Engenharia no Brasil. Precisamos, portanto, estar cientes de nossa responsabilidade diante dela e, como agentes desta história, também darmos nossas contribuições.


¹ Anos antes,em 1952, criou-se a Escola Politécnica de Campina Grande, hoje UFCG. Em 1954 ocorreu o primeiro vestibular para Engenharia Civil. O curso de Engenharia Elétrica seria criado na década seguinte, em 1963.


Júlio César Cavalcanti
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