O que acontece por trás da Evasão Universitária
O MEC define evasão como a saída definitiva de um indivíduo da graduação sem que haja a conclusão. Este desligamento pode ser pela saída apenas do curso, da instituição ou do sistema de ensino superior.

A partir de muitas pesquisas realizadas pelo MEC, levantou-se o questionamento com relação aos fatores que desencadeiam a evasão universitária. O fator financeiro aparece como vilão em muitas situações – uns não conseguem se manter, outros não conseguem conciliar a relação emprego e estudo, e abdicam os estudos. Pesquisas de ordem educacional apontam que muitos alunos chegam ao ensino superior com deficiências em sua base escolar, o que interfere no desempenho dos mesmos, fazendo-os desistir do curso. Muitos são aqueles que chegam à universidade com tal desconhecimento a respeito do que cursarão, há também aqueles que optam por um curso por pressão familiar. Vale salientar que a escolha profissional se dá de forma precoce, num momento em que os jovens ainda estão descobrindo seus ideais. Em outros casos, o curso e a instituição não oferecem uma boa estrutura, o que dificulta no processo de aprendizagem do alunado.
Um relatório desenvolvido pelo NAEG (Núcleo de Apoio aos Estudos de Graduação) e CEPPPE-FEUSP (Centro de Estudo e Pesquisas de Políticas Públicas em Educação - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo) em 2004 indica que a dificuldade na escolha decorrente da pressão familiar ou da falta de informação corresponde a 44,5% dos casos de evasão, a má estrutura do curso é responsável por 30,7%, o caso de insatisfação com o mercado de trabalho 13,4% e de razões pessoas, 11,4%.
Diante da situação econômica emergencial que o Brasil passa, o mercado de trabalho necessita cada vez mais de engenheiros, e poucos estão chegando ao mercado para suprir essa necessidade. Na UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), o curso de Engenharia Elétrica forma por ano uma média de 80 alunos, com entrada anual de 120 alunos, mas há expectativa que essa média aumente já que entram 225 alunos desde 2010.
Muitos desses estudantes não conseguem definir seu futuro profissional por razões bem distintas, é fato que na maioria dos casos o processo de aprendizado no ensino médio é baseado em memorização, e ao aluno embarcar na graduação ele se depara com uma realidade bem diferente. O adiamento do contato com as atividades práticas do profissional gera uma insegurança por parte dos estudantes; além do mais alguns professores não possuem uma formação didática pedagógica para lecionar, sendo um pouco tecnicistas, levando o aluno a aprender sozinho.
O excelente conceito do nosso curso atrai muitos alunos que não têm a certeza de que realmente querem se tornar engenheiros eletricistas. A estudante de Engenharia de Alimentos Anna Beatriz B. da Silva conta que saiu do curso de Desenho Industrial e optou por Engenharia Elétrica. “Fiz vestibular para Engenharia de Alimentos e tentei transferência pra Elétrica, no final de 2008; talvez o 'status' de Elétrica tenha me levado a escolher o curso”, lembra. Outras vezes a identificação com uma área se dá pelo contato com disciplinas da parte profissional. O estudante de Engenharia Elétrica Renan Mota Lima decidiu por Engenharia Civil. “Eu já estava em dúvida antes de entrar em Elétrica, só que acabei escolhendo Elétrica por achar interessante, e também pelo conceito do curso, só que período passado quando começou mesmo as cadeiras do curso vi que não estava gostando tanto como achava que iria, então optei por mudar para minha outra opção, por se tratar de uma engenharia um pouco mais prática do que Elétrica e que é a parte que eu gosto”.
Foi realizado um levantamento, junto a secretária do curso de Engenharia Elétrica Adail Ferreira da Silva Paz , que aponta a quantidade de alunos que abandonam por vários motivos a graduação de 2006 a 2011.1. De acordo com o levantamento foram desligados 1009 alunos, observemos os dados nas tabela 1 e 2 :


CCU - Conclusão de Curso
TOI - Transferência para outra Instituição
FAL - Falecimento
CMA - Cancelamento de Matricula por Abandono
CMT - Cancelamento de Matricula
CMC - Cancelamento por Mudança de Curso
CDJ - Cancelamento por Decisão Judicial
CSA - Cancelamento por Solicitação do Aluno
SUT - Suspensão Temporária
CNG - Concluído - Não Colou Grau
CCP - Cancelamento não Cumprimento do PEC
CNV - Cancelamento Novo Vestibular, mesmo curso
CVE - Cumprimento do Convenio Aluno Especial
NOR - Novo Regimento, outro curso
NCC - Não Compareceu ao Cadastro
Foi constatado, dentre o período analisado, que o fenômeno da evasão cresceu a cada ano, chegando a 252 desligamentos em 2010 e 201 desligamentos só no primeiro período de 2011. Os dados do período de 2006 a 2011.1, mostram que o abandono do curso dá-se principalmente pelo Cancelamento de Matricula por Abandono, dentre outras principais formas de desligamento mostradas no gráfico 1:

São 800 mil estudantes por ano que abandonam a graduação no Brasil, seja em instituições públicas ou privadas. Se for feito uma média que cada aluno ‘custe’ 10 mil reais ao ano a uma universidade, serão 8 bilhões de reais desperdiçados ao ano. Tendo em vista essa situação complicada, algumas medidas e atitudes devem ser tomadas para evitar toda essa problemática. Os pré-vestibulandos devem pesquisar e procurar informações a respeito do curso desejado - conversar com a coordenação do curso e tirar suas dúvidas também é válido. Pode-se também procurar ajuda psicológica a fim de obter uma orientação vocacional - na UFCG existe atendimento psicológico gratuito oferecido pela PRAC (Pró-reitoria de Assuntos Comunitários). Para aqueles alunos que já estão no curso de Engenharia Elétrica e têm dificuldades com cadeiras do básico ou estão à procura de um contato com assuntos mais avançados, participar dos minicursos e clubes de montagem oferecidos pelo grupo PET- Elétrica (Programa de Educação Tutorial) é uma ótima pedida.
Larissa Diniz