Vício em Internet
Quando o mundo virtual se torna o único
Você já parou para pensar como seria sua vida sem internet? Pense por um instante. Um mundo onde não existisse o google, facebook, messenger e todas as facilidades da rede. Definitivamente, no contexto atual, praticamente não se pode evitar essas mídias. Mas, e quando o uso da internet ultrapassa os limites do considerado saudável a passa a prejudicar as relações pessoais e profissionais? Esta é a situação de cerca de 5%(Brasil) a 10% dos internautas do mundo¹, na sua maioria jovens entre 15 e 29 anos que experimentam um cotidiano de cerca de 5-6 a até mais de 14 horas online diariamente.
Mas como saber que a rotina de acessos tornou-se um vício? Geralmente, as pessoas que apresentam esse quadro não conseguem passar um dia sem se conectar e uma vez online ficam numa constante busca de informações e atividades diante da tela. Os principais sintomas estão relacionados à perda de noção de tempo, dificuldade de diminuir o tempo online, falta de concentração, queda de rendimento em atividades intelectuais, isolamento, culpa, ansiedade e depressão. O descontrole pode causar prejuízos no trabalho/estudo e afastamento de pessoas próximas (familiares e amigos) e, segundo o psiquiatra Richard Graham², especialista no assunto, até o esgotamento do cérebro (fadiga mental). Problemas de saúde associados a uma postura inadequada diante do computador, assim como péssimos hábitos alimentares e uma rotina de sono desajustada, também podem ser consequências desse processo.
As causas para uma dependência desse nível são várias e podem estar associadas à dificuldade do indivíduo de se relacionar em nível pessoal ou podem advir de uma sensação de bem-estar ao conectar-se à rede. A baixa autoestima é um dos fatores mais influenciadores para o começo do vício, pois o indivíduo enxerga o mundo virtual como uma forma de fuga dos problemas pessoais. Isso faz com que ele recaia em um ciclo vicioso onde a rotina em frente ao computador só agrava os problemas psicológicos.
Diagnosticar esse tipo de distúrbio não é uma tarefa simples devido às suas características que muito se confundem com os comportamentos típicos da faixa etária a qual ele atinge majoritariamente. O tratamento para esses casos, geralmente, direciona o usuário a procurar atividades que o faça interagir com outras pessoas, e atitudes como evitar serviços específicos, em especial os que tomam mais tempo de acesso (jogos, redes sociais). Em casos mais graves, é necessária uma intervenção médica. No Brasil, o Hospital das Clínicas em São Paulo possui um serviço especializado para tratamento do vício em internet com grupos de psicoterapia e tratamento psiquiátrico individual. Internações não fazem parte do programa, mas essa opção já é aplicada em outros centros semelhantes pelo mundo.
Não existe um consenso sobre uma dose ideal do uso de internet, mas os números se concentram entre 2 a 3 horas diárias. O importante é que o usuário não deixe que sua vida online esteja em prioridade em relação à sua vida fora da tela, prejudicando atividades profissionais e relações pessoais. O uso equilibrado da internet também está associado à qualidade de vida e bem-estar pessoal.
__________________________________________________
¹ROGAR, Silvia
& FIGUEIREDO, João(24 de março de 2010). Quando a rede vira um vício.
Revista Veja. Edição 2157. Acessado em: 2012-02-18.
²CARPANEZ,
Juliana(07 de novembro de 2011). Excesso
de tecnologia esgota o cérebro', diz especialista em viciados na web. Uol Notícias. Acessado em 2012-02-18.
Thyago Sá