Entrevista - Prof. Dr. Edmar Candeia Gurjão




    O Prof. Dr. Edmar Candeia Gurjão é graduado em Engenharia Elétrica pela UFPB, mestre e doutor pela UFCG, e, desde 2005, desenvolve um papel importante como tutor do Grupo PET-Elétrica. Devido à oportunidade de realizar um pós-doutorado nos Estados Unidos, e consequentemente, à sua saída do Grupo, foi realizada uma entrevista pelo Jornal PET-Elétrica, onde o Prof. Edmar comentou sobre sua carreira profissional e seu tempo de participação no PET. 

 
 

    1. Qual foi sua motivação para escolher o curso de Engenharia Elétrica? 

    Venho de uma família muito ligada às Ciências Exatas e sempre tive paixão por Eletrônica, tive a oportunidade de estudar algum tempo na Escola Técnica Redentorista, o que aumentou o meu interesse pela área.

 

    2. O que o fez se interessar pelo ensino e seguir a carreira acadêmica?

   Sempre tive vocação para academia e convicção de que seria professor. Entendo que é uma atividade nobre, pois podemos influenciar positivamente a vida das pessoas, além de podermos nos manter sempre atualizados, tanto com a nossa área de atuação quanto com as evoluções da sociedade que os jovens alunos nos trazem.

 

    3. Ao longo da sua graduação e do tempo como professor, como o Sr. vê o crescimento da universidade e, em particular, do curso de Engenharia Elétrica?

    Devido às políticas do governo federal para a universidade, que normalmente refletem nos demais governos, tivemos uma grande expansão da universidade, o que naturalmente permite que mais pessoas tenham acesso ao ensino superior: esse é um ponto positivo. Entretanto, creio que essa expansão foi, em muitos casos, feita sem critérios adequados, ou seja, sem respeitar as vocações e necessidades regionais; temos cursos que não atraem alunos, outros que oferecem uma quantidade de vagas exagerada para uma mesma região, e outros que fornecem pouquíssimas vagas, causando assim desequilíbrios.

    O crescimento do curso de Engenharia Elétrica da UFCG, especificamente na quantidade de vagas, poderá implicar na queda da qualidade do alunado e das aulas. No primeiro caso, pois passaremos a receber alunos sem a qualificação necessária para um curso de Engenharia, e que em outras épocas não entrariam no curso; no segundo caso, como o número de alunos em sala de aula e a quantidade de turmas vão aumentar, o professor não poderá dar a atenção devida às particularidades dos alunos, fazendo com que as aulas e avaliações tenham que ser mais gerais. Entretanto, creio que podemos manter uma qualidade mínima se continuarmos contando com o bom trabalho realizado pelo Departamento de Matemática, que, no meu entender, dá uma grande contribuição para a qualidade da Engenharia Elétrica, e com um maior engajamento dos professores do curso.

 

    4. Durante sua graduação, como era o comprometimento dos alunos com as disciplinas?

    Lembro que tínhamos os mesmos fenômenos que hoje, porém em menor escala pois a entrada era menor (80 por ano), ou seja haviam pessoas muito comprometidas, outras nem tanto e até algumas que nem sabiam muito bem por que estavam aqui, o mesmo que acontece hoje. Porém, como as oportunidades eram poucas, os alunos necessariamente tinham que esforçar mais para conseguir espaços. Porém em alguns pontos noto uma involução, quando por exemplo, vejo que para alguns alunos ser reprovado é normal, que os alunos querem respostas prontas e tem muita dificuldade em ler, isso eu não percebia na minha época.

 

    5. E hoje em dia, nas disciplinas ministradas, que conclusões são tiradas da participação dos alunos nas aulas?

    Noto que boa parte dos alunos tenta fazer o mínimo possível, e em alguns casos nem tentam entender o que estão fazendo, apenas aprendem a mecânica da resolução de exercícios e se baseiam somente no leite. Somente uma pequena parte se esforça para entender os fundamentos e são esse que participam da aula.

 

    6. Como se deu seu ingresso no Grupo PET-Elétrica como tutor? O que o Sr. esperava encontrar?

    Na época a seleção era por indicação do tutor anterior, que fez uma votação com os petianos e fui escolhido. Tinha expectativa de encontrar um conjunto de alunos engajados e poder fazer com eles um bom trabalho para a graduação, objetivo maior do PET.

 

    7. No momento de seu ingresso no PET-Elétrica, em que situação de coletividade e de correspondência com os objetivos estava o Grupo?

    O Grupo estava disperso e sem foco. Tivemos que aprender como trabalhar em grupo e definir um foco. Foi uma tarefa árdua, porém na época havia alunos com grande capacidade intelectual e de trabalho, que foram fundamental para termos sucesso.

 

    8. E atualmente como está o perfil do Grupo? O que deve ser mantido com a sua saída do PET?

    O Grupo hoje é bastante coeso, tem foco e consegue realizar trabalhos em grupo com grande maestria. Alguns pontos gostariam que fossem mantidos, dentre eles posso citar: a ideia que o tutor não precisa estar presente para que o grupo funcione, que a opinião dos alunos deve ser levada em conta na hora das decisões, que se mantenha o foco na graduação com atividade que busquem sua melhoria e o entendimento que o PET não é um PIBIC, é mais amplo.

 

    9. Com base nesse panorama, o que o PET contribuiu para sua carreira, ao longo desses anos, e como o Sr. contribuiu para o PET?

    Creio que o PET contribui mais para mim do que o contrário. Passei a ter mais proximidade com os alunos, entender melhor a graduação e mudei algumas ideias com relação à forma de ministrar as disciplinas. Minha contribuição para o Grupo pode ser resumida na implementação do sentimento de equipe.

 

    10. À primeira vista, que conselho o Sr. daria a um professor que estivesse interessado na tutoria do PET? O que ele deve esperar frente a um primeiro contato com o Grupo?

    Inicialmente buscar o máximo de informações para entender os objetivos do PET, ver os trabalhos já realizados pelo grupo e por outros grupos PET. No primeiro contato, deve vir preparado para inicialmente aprender com alunos que estão no grupo.

 

   11. Com essa oportunidade de realizar uma pós-graduação no exterior, o que o Sr. espera encontrar em termos de engrandecimento profissional e, num possível retorno à UFCG, trazer para o enriquecimento da universidade?

    Terei oportunidade de trabalhar com pesquisadores que estão desenvolvendo pesquisa de ponta, e de trabalhar em laboratórios muito bem equipados o que será de grande valia para minha vida profissional. Quando do meu retorno à UFCG espero trazer as experiências de sucesso lá realizadas, e principalmente, conseguir convênios que permitam o intercâmbio de alunos de graduação para àquela instituição.

 

    12. Como o Sr. encara a oportunidade de estudar no exterior, mais especificamente num intercâmbio durante o curso? O que um graduando deve priorizar para tentar alcançar esse objetivo?          

    Creio que essa á uma oportunidade única e que deve ser aproveitada ao máximo. Isso implica em analisar o local onde será o intercâmbio para verificar as áreas disponíveis, e com isso maximizar o aproveitamento do que for realizado, ou seja, caso o aluno tenha interesse em Controle e Automação, por exemplo, que procure no intercâmbio fazer disciplinas e estágio nessa área, e não em outras áreas para que apenas consiga estudar em outra escola.

 

    13. De forma geral, um conselho para os estudantes.

   Nas aulas procurem entender o máximo do que o professor está explicando, e se necessário interrompam e questionem, independente do humor do professor. Que tentem aproveitar as oportunidades que a UFCG, e em especial o DEE, oferecem.   

 

Arthur Cruz de Araújo