Hidrelétrica de Belo Monte



A Usina Hidrelétrica de Belo Monte está para ser construída no rio Xingu, localizado no estado do Pará, próxima à cidade de Altamira. Há anos esta obra divide opiniões no Brasil e no mundo mas em um ponto todos concordam: Belo Monte está no centro de uma polêmica.

Essa discussão já dura mais de 30 anos e desde 2009 - quando foi apresentado o novo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) - vem se intensificando o número de debates na região. Em fevereiro de 2011, quando o Ministério do Meio Ambiente concedeu a licença ambiental prévia para sua construção , este número aumentou ainda mais. O governo afirma que a nova usina atenderá cerca de 26 milhões de brasileiros e estará funcionando em 2015, porém suas obras irão até 2019 , gerando 18 mil empregos diretos e 23 mil indiretos além de ajudar a suprir a demanda por energia do Brasil nos próximos anos.

A Usina de Belo Monte será a terceira maior Hidrelétrica do mundo, atrás apenas das usinas Três Gargantas na China e da binacional Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai. De acordo com o governo, a capacidade de Belo Monte será de 11.233 megawatts (MW), mas é garantida a geração de apenas 4.571 MW, em média. Além disso, a valor estimado da obra será de R$ 19 bilhões, tornando a usina o segundo empreendimento mais caro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A construção perde apenas para o trem-bala entre São Paulo e o Rio de Janeiro, calculado em R$ 34 bilhões.

Desde o início de seu projeto, Belo Monte sofreu fortes oposições de ambientalistas brasileiros e internacionais e dealgumas comunidades indígenas locais. Esse conflito levou a sucessivos adiamentos da obra e reduções do escopo do projeto, que continha um número superior de barragens e uma área a ser alagada muito maior que a atual. Em 2008, o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) decidiu que Belo Monte será a única usina hidrelétrica do rio Xingu .

Segundo o governo, uma das grandes vantagens da obra está no preço competitivo de energia produzida lá. O leilão para definir o construtor da Usina de Belo Monte foi realizado no dia 20 de abril de 2010 com duração de apenas 10 minutos e foi vencido pelo Consórcio Construtor Belo Monte, que ofereceu o menor preço pela energia elétrica da futura usina, R$ 78,00 pelo megawatt-hora (MWh) , valor abaixo do teto estabelecido pelo governo (R$ 83 MWh).

De acordo com o depoimento do presidente da estatal Empresa de Pesquisa Energética, Mauricio Tolmasquim, este teto do governo já representava pouco mais que a metade do preço da energia produzida em uma usina termelétrica, por exemplo, com a vantagem de ser uma fonte de energia renovável.

Dentre os grupos que são contra a construção de Belo Monte podemos citar ambientalistas, organizações não-governamentais (como o Greenpeace), líderes católicos, pesquisadores, representantes de povos indígenas e ribeirinhos. Além disso, o Ministério Público Federal ajuizou uma série de ações contra a construção da usina, apontando uma série de irregularidades na obra.

O Coordenador de um painel de especialistas críticos ao projeto, Francisco Hernandez, pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, afirma que a instalação de Belo Monte provocaria uma interrupção do rio Xingu em um trecho de cerca de 100 km, o que reduziria de maneira significativa a vazão do rio. Disse ele: "Isso causará uma redução drástica da oferta de água dessa região imensa, onde estão povos ribeirinhos, pescadores, duas terras indígenas, e dois municípios". O pesquisador afirma também que a instalação de Belo Monte afetaria a fauna e a flora da região.

Além dos impactos ambientais é questionada também a possível ineficiência da usina em termos de produção de energia por causa das mudanças de vazão do rio Xingu ao longo do ano. A vazão do rio pode variar entre 800 metros cúbicos por segundo e 28 mil metros cúbicos por segundo, o que faria com que Belo Monte pudesse produzir apenas 39% da energia a que tem potencial por sua capacidade instalada.

Em contrapartida, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética admite que Belo Monte não produzirá toda a energia que permitiria sua capacidade instalada, mas afirma que, mesmo assim, a tarifa será competitiva o bastante para justificar sua instalação. Segundo ele, o motivo da diminuição da produção de energia está relacionado às modificações do projeto original, a fim de diminuir o impacto da usina na local na região.

Já com relação aos impactos ambientais e sociais na região, o diretor de Licenciamento do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Pedro Bignelli, afirma que há projetos de preservação da fauna e flora e que as comunidades que forem diretamente afetadas serão transferidas para locais onde possam manter condições similares de vida. Ele também nega que as comunidades indígenas serão diretamente atingidas.

Tal questão deixa claro que Belo Monte é um assunto que diz respeito a todos os brasileiros e que precisamos discutir e pesquisar a respeito da real situação e das prováveis consequências desta obra. Nós, como estudantes de engenharia, compreendemos que o país necessita de outras fontes de energia para comportar seu crescimento; porém, devemos conhecer as críticas, pois, muitas delas têm fundamento. Só assim seremos capazes de formar nossa opinião.


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1 Norte Energia (2011) UHE Belo Monte IBRACON - 53º Congresso Brasileiro de Concreto, Florianópolis, SC, 03 de novembro de 2011. Acessado em 2011-12-03.

2 CABRAL, Paulo. (20 de abril de 2010). Entenda a polêmica envolvendo a usina de Belo Monte. BBC Brasil/Folha Online

3 CRAIDE, Sabrina. (16 de julho de 2008). Usina de Belo Monte será a única hidrelétrica do Rio Xingu,   determina conselho. Povos Indígenas no Brasil/Agência Brasil

4 MARTELLO, Alexandre. (20 de abril de 2010). Consórcio Norte Energia arremata usina de Belo Monte em leilão. G1                                                                                                        


Priscila Dias