Segundo o governo, uma das grandes vantagens da obra está no preço competitivo de energia produzida lá. O leilão para definir o construtor da Usina de Belo Monte foi realizado no dia 20 de abril de 2010 com duração de apenas 10 minutos e foi vencido pelo Consórcio Construtor Belo Monte, que ofereceu o menor preço pela energia elétrica da futura usina, R$ 78,00 pelo megawatt-hora (MWh) , valor abaixo do teto estabelecido pelo governo (R$ 83 MWh).
De acordo com o depoimento do presidente da estatal Empresa de Pesquisa Energética, Mauricio Tolmasquim, este teto do governo já representava pouco mais que a metade do preço da energia produzida em uma usina termelétrica, por exemplo, com a vantagem de ser uma fonte de energia renovável.
Dentre os
grupos que são contra a construção de Belo Monte podemos citar ambientalistas,
organizações não-governamentais (como o Greenpeace), líderes católicos,
pesquisadores, representantes de povos indígenas e ribeirinhos. Além disso, o
Ministério Público Federal ajuizou uma série de ações contra a construção da
usina, apontando uma série de irregularidades na obra.
O Coordenador
de um painel de especialistas críticos ao projeto, Francisco Hernandez,
pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São
Paulo, afirma que a instalação de Belo Monte provocaria uma interrupção do rio
Xingu em um trecho de cerca de 100 km, o que reduziria de maneira significativa
a vazão do rio. Disse ele: "Isso causará uma redução drástica da oferta de
água dessa região imensa, onde estão povos ribeirinhos, pescadores, duas terras
indígenas, e dois municípios". O pesquisador afirma também que a
instalação de Belo Monte afetaria a fauna e a flora da região.
Além dos
impactos ambientais é questionada também a possível ineficiência da usina em
termos de produção de energia por causa das mudanças de vazão do rio Xingu ao
longo do ano. A vazão do rio pode variar entre 800 metros cúbicos por segundo e
28 mil metros cúbicos por segundo, o que faria com que Belo Monte pudesse
produzir apenas 39% da energia a que tem potencial por sua capacidade
instalada.
Em
contrapartida, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética admite que Belo
Monte não produzirá toda a energia que permitiria sua capacidade instalada, mas
afirma que, mesmo assim, a tarifa será competitiva o bastante para justificar
sua instalação. Segundo ele, o motivo da diminuição da produção de energia está
relacionado às modificações do projeto original, a fim de diminuir o impacto da
usina na local na região.
Já com relação
aos impactos ambientais e sociais na região, o diretor de Licenciamento do
Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis), Pedro Bignelli, afirma que há projetos de preservação da fauna e
flora e que as comunidades que forem diretamente afetadas serão transferidas
para locais onde possam manter condições similares de vida. Ele também nega que
as comunidades indígenas serão diretamente atingidas.
Tal questão deixa
claro que Belo Monte é um assunto que diz respeito a todos os brasileiros e que
precisamos discutir e pesquisar a respeito da real situação e das prováveis
consequências desta obra. Nós, como estudantes de engenharia, compreendemos que
o país necessita de outras fontes de energia para comportar seu crescimento; porém,
devemos conhecer as críticas, pois, muitas delas têm fundamento. Só assim
seremos capazes de formar nossa opinião.
__________________________________________________
1 Norte Energia (2011) UHE Belo Monte IBRACON - 53º Congresso Brasileiro de Concreto, Florianópolis, SC, 03 de novembro de 2011. Acessado em 2011-12-03.
2 CABRAL, Paulo. (20 de abril de 2010). Entenda a
polêmica envolvendo a usina de Belo Monte. BBC Brasil/Folha Online
3 CRAIDE, Sabrina. (16 de julho de 2008). Usina de Belo
Monte será a única hidrelétrica do Rio Xingu, determina conselho. Povos
Indígenas no Brasil/Agência
Brasil
4 MARTELLO, Alexandre. (20 de abril de 2010). Consórcio
Norte Energia arremata usina de Belo Monte em leilão. G1
Priscila Dias