Entrevista- Igor Torres


O aluno Igor Torres é estudante de Engenharia Elétrica do 10° período e atualmente está fazendo um intercâmbio nos Estados Unidos .

 

1.Você é natural de que cidade e quando ingressou no curso de Engenharia Elétrica na UFCG?

Eu sou natural de João Pessoa e comecei o curso no dia 28 de maio de 2007 (a data é traumatizante o suficiente pra eu lembrar até do dia).

 

2.Você participa de qual programa de intercâmbio? Qual o nome da universidade que você foi estudar e onde ela se localiza?

Estou participando de um programa de intercâmbio idealizado pelo Prof. José Wallace Barbosa do Nascimento, do Departamento de Eng. Agrícola. O nome do programa se chama "Produção de Alimentos e Energia: desenvolvimento de um currículo internacional de Graduação em Engenharia" e é patrocinado no Brasil pela CAPES e nos Estados Unidos pelo FIPSE. A universidade que estou se chama Iowa State University, no estado de Iowa, no meio-oeste americano.

 

3.Como foi o processo de seleção?

O processo de seleção inicialmente foi por análise de currículos e histórico. Após o “peneirão”  inicial, o professor convocou cerca de 13 pessoas para a próxima etapa que seria uma entrevista com professores da Iowa State University e da University of Kentucky, que também é conveniada ao programa.  Após essa entrevista os professores americanos decidira quem iria ficar com uma das 4 vagas. Foram escolhidas,  aprovadas e classificadas 6 pessoas mas apenas 4 ficariam com a vaga.  Se algum dos 4 primeiros fossem mal no simulado do  TOEFL  feita pela unidade acadêmica de letras para nós, ficaria de fora.

 

4.Qual a principal diferença vista por você da graduação aqui no Brasil e nos Estados Unidos?

“Homework”! Muito, muito “ homework”! Não se enganem por achar que só por serem americanos são um pouco melhor que nós. De maneira alguma, as provas deles são muito mais fáceis visto que são extremamente parecidas com o “homework”. Outra coisa é o tratamento aluno-professor. Todos são tratados como iguais e ninguém é melhor que ninguém. Característica que infelizmente falta a alguns.

 

5.Você está satisfeito com a oportunidade de estudar nesta nova Universidade? Conte-nos um pouco de como é estudar por aí. Se você participou de algum projeto, se os professores ajudavam no entendimento da língua e do assunto e de como são os laboratórios.

Estou extremamente satisfeito. O povo de Iowa é excelente! É o tipo de gente que você passa pela rua, eles te olham e te falam "Bom dia!" sem nunca terem te visto. Mudou totalmente meu conceito sobre o povo americano. Aqui não é comum alunos de graduação (undergraduates) trabalharem em projetos. O pessoal busca muito estágio (internship). Aqui as empresas oferecem oportunidades de estágio para estudantes durante a graduação e não apenas próximo ao fim dela.  Dessa forma os estudantes saem daqui com bastante experiência de trabalho. Além de serem muito práticos nesse sentido, já que as disciplinas têm o máximo de enfoque prático possível. Os laboratórios são muito bons, mas fico feliz em dizer que não estamos perdendo pra ninguém. Quanto ao entendimento da língua, bem, eles dão aula pros americanos (e pros chineses... muuuuuitos chineses), então não há essa preocupação, pelo menos aqui na Iowa State, em se preocupar em falar mais devagar. Mas o bom é que o inglês que é falado em seriados e filmes é com o sotaque do midwest, então acaba ficando bem fácil de entender e ser entendido.

 

6.A coordenação do curso oferece algum auxílio com relação a estágios em empresas?

Não exatamente a coordenação, mas aqui ocorreu semana passada, a “Career Fair”. Centenas de estandes de várias empresas conhecendo candidatos às suas companhias e marcando entrevistas para os que tiveram um “resumé” que se adequasse ao perfil que eles buscam. Infelizmente a maioria delas busca apenas cidadãos americanos, então a busca pelo estágio fica meio difícil. Entretanto o Jonas, que veio comigo aqui pra Iowa State, está em vias de conseguir um estágio por intermédio do professor de agrícola que nos recebeu aqui. O estágio é na Sauer Danfoss e é ideal para o pessoal de controle.

 

7.Como é lidar, no cotidiano, com a língua inglesa? Neste sentido, quais são suas maiores dificuldades?

Bem, como nós estudantes de engenharia elétrica estudamos em inglês, acredito que não seja tão difícil a adaptação quanto para outros cursos que tem a literatura mais localizada para o português. As maiores dificuldades ficam para aqueles momentos em que queremos dizer algo e aquela palavra bem específica nos foge à memória ou simplesmente não sabemos. Mas sempre dá pra ser compreendido, é só dar aquele jeitinho brasileiro.

 

8.Qual foi a maior dificuldade que você teve até agora, nos Estados Unidos, relacionada aos estudos?

 Na verdade foi hoje. Como no Brasil, às vezes as coisas ficam tudo para a mesma hora e não tem como evitar. Tive uma apresentação de um grupo que faço parte (estamos projetando um braço de robô para participar de uma competição que simula o Mars Rover!) e um “homework” da cadeira mais difícil que estou pagando aqui. Como tudo coincidiu, não deu tempo de fazer o “homework” inteiro. Mas o problema foi só tempo mesmo.  As provas que fiz até hoje foram fáceis e baseadas no “ homework”, mas todas foram no tempo justo de acabar a prova para terminar o exame. Talvez seja pela falta de costume de fazer provas em inglês e acabo demorando um pouco mais.

 

9.Para o local onde você mora, a bolsa é suficiente para cobrir seus custos?

Minha bolsa aqui é de $870 por mês, depositadas em conjuntos de 3 bolsas. Surpreendentemente a bolsa é suficiente, mas não é nem de perto equivalente à que os americanos recebem quando vão ao Brasil. Nossas obrigações financeiras aqui são o “housing” (apartamento da universidade que é muito bom) e o seguro-saúde da universidade (que eu adquiri no Brasil e dispensei o daqui e ganhei $300 nessa história). O resto fica pra nós. Costumo gastar cerca de $50 no “Walmart” por semana para as 3 refeições. Alimentação não é tão cara quanto pensava aqui.

 

          10.Em relação às culturas que você teve contato. Houve algum aspecto de difícil adaptação? Conte-nos um fato curioso.

Bom, certa vez fui com o Jonas e um amigo alemão nosso para uma espécie de 'Festa na Piscina' que enviaram para o e-mail da universidade convidando quem quisesse ir. Chegando lá começamos a notar um pessoal mais diferente, só cara bombado e mulher super malhada. Fomos chegando mais pela área da piscina e quando entramos na cerca da piscina, um cara chega pra nós e diz: "What are you doing here? You're not supposed to be here" (risos). Foi tenso.

 

          11.De que forma, o intercâmbio está contribuindo na sua formação?

Bom, está me ajudando no inglês, obviamente. Você sente seu ouvido "destampar" para coisas que por exemplo, você passava batido quando ouvia música. Além disso, teve uma apresentação da Microsoft aqui e eles gostaram bastante do me currículo e falaram que estavam precisando de engenheiros para o novo Xbox. Quem sabe né? Estou aprendendo bastante também sobre o sistema de potência aqui e ficando bastante indignado também. Sabe quanto é o kWh (Quilowatt-hora) aqui? 8 cents! Em Campina Grande pagamos 29 centavos achando bom! E a maioria das companhias de geração são privadas... Vai entender.

 

          12.Quais são suas expectativas para o resto do programa de intercâmbio?

Bem, gostaria bastante de arranjar um estágio por aqui numa grande empresa americana, mas o tempo do intercâmbio talvez seja muito curto para isso. E meu status de visto não dá muita margem para tempo de permanência. Além disso, aqui nos Estados Unidos, talvez até mais do que no Brasil, ocorre muito QI - Quem indica. Chegando aqui sem conhecer muita gente fica difícil conseguir contatos, mas vamos tentando dar nosso jeito não é?

 

          13.Quais as suas expectativas quando voltar?

          Gostaria de fazer um mestrado. Estou com isso parcialmente encaminhado na UFCG, mas também gostaria de considerar outras possibilidades, como o mestrado ou outra pós aqui. Ou ainda quem sabe tio Bill Gates me chame pra trabalhar na bodega dele? Sonhar é de graça né!


Por Ilis Nunes e Elvys Raposo

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