Mulheres na Engenharia


A Engenharia brasileira teve início na área militar em 1810 e foi estendida para os civis apenas em 1874 com a fundação da “Escola Politécnica do Rio de Janeiro”. Atualmente, 200 anos após seu surgimento em nosso país, a engenharia continua sendo uma ciência predominantemente masculina.

De acordo com o resultado do Censo de Educação Superior, realizado anualmente pelo MEC, as mulheres representam maioria no ingresso em cursos de graduação e pós-graduação no país, cerca de 56% do número de matriculados, mas as maiores concentrações de matrículas e conclusões femininas concentram-se em carreiras das ciências humanas e sociais, com destaque para a área da educação. Estes resultados são recentes, pesquisas indicam¹ que o ingresso das mulheres de forma maciça nas carreiras de nível superior data dos anos 1970.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 1991 as mulheres representavam 17% do número de matrículas nos cursos de graduação das engenharias. Em 2000, a representação passou a 19% e, em 2008, já era de 21%.

Mesmo sendo alvo de alguns preconceitos, em grande parte por questões culturais, a verdade é que esta pequena percentagem não deixa a desejar quando o assunto é bom desempenho acadêmico. Sem dúvida, nós mulheres temos uma predominância das ações do hemisfério direito do cérebro, responsável pelas emoções, mas isso não significa que o esquerdo, correspondente ao lado racional, também não atue ativamente.

Pesquisas² mostram que, em diversas áreas de atuação, a participação feminina vem crescendo e ocupando um lugar no mercado de trabalho que antes era composto exclusivamente por homens. Quando analisamos a Engenharia, observamos que este processo torna-se ainda mais difícil, isso por que o preconceito surge desde a graduação, seja com piadas entre colegas até o ato de subestimarem a capacidade feminina em lidar com números. São várias as formas de discriminação, explícitas ou veladas, que aparecem na trajetória das mulheres na engenharia.

Além disso, as pessoas tecem um estereótipo totalmente conturbado no qual toda estudante de engenharia é feia, largada e nada feminina, como se vaidade e inteligência fossem mutuamente excludentes. É certo que tudo tem uma exceção, o fato é que não se pode generalizar. Eu curso Engenharia Elétrica, gosto de moda e posso garantir que não sou a única.

Levando esse contexto à nossa realidade, constata-se que as mulheres do nosso curso (leia-se: mulheres, não apenas estudantes, mas também todas as profissionais do nosso Departamento) correspondem, em alto nível, os desafios que lhes são apresentados, relevam os preconceitos e comprovam que a Engenharia não precisa ser feminina apenas no nome.

  Priscila Dias Pereira



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¹GUEDES, Moema de Castro. A presença feminina nos cursos universitários e nas pós-graduações: desconstruindo a ideia da universidade como espaço masculino. Rio de Janeiro, jun. 2008.

²PROBST, Elisiana Renata. A evolução da mulher no mercado de trabalho. Instituto Catarinense de Pós-Graduação – ICPG. Santa Catarina, 2003..