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O Clássico dos Maiorais


O primeiro jogo entre o Treze Futebol Clube e o Campinense Clube ocorreu em 27 de Novembro de 1955, no Estádio Plínio Lemos, saindo o Treze vencedor pelo placar de 3x0. Diferentemente do que muitos acreditam, nesta época não existia nenhuma rivalidade entre os dois times. O Treze já era conhecido na cidade, tendo consagrado-se campeão em torneios municipais várias vezes, bem como campeão estadual, entre outras premiações. Do outro lado o Campinense, que acabara de reorganizar seu quadro de futebol amador no ano anterior.

O time rubro-negro fora criado em 1918 a pedidos dos sócios do Campinense Clube, a agremiação social mais importante da cidade. No entanto, devido à participação um tanto quanto “violenta” dos jogadores, o presidente do clube da época, em consenso com a diretoria, decidiu extinguir o quadro de futebol no mesmo ano. O Galo da Borborema, que fora criado em 7 de Setembro de 1925, nunca foi abolido, embora o time tenha suspendido suas atividades no período de 1930 à 1936.

Desta forma, o leitor deve estar se perguntando de onde surgiu a grande rivalidade que movimenta a cidade em dias de clássico?

O primeiro fator foi a goleada do Treze sobre o Campinense por 4x0, em 10 de Março de 1957. A diretoria rubro-negra, chateada com o último resultado, decidiu profissionalizar o time que até então era amador. Para agravar a situação, o Treze venceu os dois jogos seguintes, contabilizando seis vitórias consecutivas. Agora, até jogadores e torcedores se incomodavam com a situação rubro-negra. Ironicamente, o Campinense finalmente obteria sua primeira vitória por 2x1, no dia TREZE de Outubro de 1957,  no estádio do arqui-rival, o Estádio Presidente Vargas.

Com o passar dos anos a rivalidade entre as torcidas foi consolidada gradativamente a cada jogo, a cada resultado e a cada nova sátira entre torcedores e jogadores. Outro fator crucial foi a quantidade de jogos entre os times por ano. Para termos uma idéia, em 1965 ocorreram 16 duelos entre o Galo e a Raposa! Só no mês de maio foram quatro clássicos!

No entanto, foi em 1977 que os ânimos entre as torcidas realmente se exaltaram. Após seis vitórias rubro-negras consecutivas, a extinta Torcida Organizada da Raposa (TORA) decidiu realizar uma missa de sétimo dia, caso o time vencesse novamente. Mesmo não ocorrendo a missa, pois o alvinegro vencera o jogo realizado em João Pessoa, a ironia já havia mexido com os brios da torcida trezeana, que responderia as provocações na década seguinte.

“Convite-missa” distribuído pelos rubro-negros. A torcida alvinegra riu por último.
Fonte: Treze Futebol Cluve: 80 anos de história.

A devolução da “cesta” ao Campinense foi comemorada com a confecção deste adesivo.
Fonte: Treze Futebol Cluve: 80 anos de história.

 

Em 1981, as torcidas organizadas do Treze levaram ao campo cestas de vime, alusão à sexta vitória consecutiva que o Galo conquistaria naquele dia. Com a concretização da “cesta”, Treze e Campinense estavam quites, e então se criou à expectativa em torno da missa de sétimo dia. Em 25 de Outubro, quase 20 mil torcedores presenciaram o gol de pênalti do atacante Gabriel, aos 45 minutos do segundo tempo, que empatara a partida impedindo a resposta alvinegra à sátira rubro-negra de 1977.

No ano passado, após a “cesta de chocolate” comemorada pela torcida galista, alusão à sexta vitória consecutiva do alvinegro conquistada no domingo de Páscoa (16 de Abril de 2006), ressurgiu novamente a expectativa sobre a inédita missa de sétimo dia. No entanto, no dia 04 de Fevereiro de 2007, o Campinense venceu o jogo por 1x0, adiando mais uma vez o sonho dos trezeanos.

Os alvinegros orgulham-se por possuírem mais vitórias no clássico e por terem balançado mais vezes a rede do rival, enquanto os rubro-negros defendem-se com o argumento de passarem mais jogos sem perder para o adversário. Ao longo de mais de 50 anos de história, Treze e Campinense medem forças, mas a verdade é que os times empataram mais entre si do que venceram!

O mito da Missa de Sétimo Dia, que se alonga a mais de 30 anos, e as apaixonadas torcidas fazem do Clássico dos Maiorais, expressão criada pelo narrador esportivo Joselito Lucena, um dos clássicos mais acirrados do Brasil, considerado por muitos, o maior do interior brasileiro.

  Elíbia Colaço


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