Energia Nuclear: Problema ou Solução?

 

Diante da ameaça de uma catástrofe radioativa no complexo atômico de Fukushima, província japonesa atingida pelo terremoto e subseqüente tsunami em março deste ano, a utilização da energia nuclear entrou mais uma vez no rol das discussões governamentais em todo o mundo, dividindo opiniões.

Os defensores do uso da energia nuclear afirmam que ela é a substituta ideal dos combustíveis fósseis, além de ser uma das mais baratas e limpas existentes hoje. Comparações com outros tipos de energia baseiam a tese. Quando utilizada de forma cautelosa, a energia nuclear não provoca tantos impactos ambientais quanto, por exemplo, a hidrelétrica – causadora do alagamento de grandes extensões territoriais - ou a termelétrica – que requer a liberação de grandes quantidades de poluentes na atmosfera.

Nem todos pensam assim. Para muitos, a energia nuclear representa um ameaça para a humanidade. Os acidentes de Three Mile Island (EUA, 1979) e Tchernobil (Ucrânia,1986), cujas seqüelas perduram até hoje, embasam o posicionamento. Menciona-se também o perigo do lixo atômico, cujo destino ainda não é seguro. Um dos seus componentes, o plutônio 239, por exemplo, necessita de dezenas de milhares de anos para chegar a níveis seguros de radioatividade.

Mesmo perante tantas discórdias, a energia nuclear ganha cada vez mais espaço no cenário mundial, principalmente diante da crise energética esperada para as próximas décadas. Hoje já existe mais de quatrocentas usinas espalhadas por todo o mundo, e este número tende a aumentar. Na França, por exemplo, cerca de 75% da matriz energética é de origem nuclear. Soma-se a isso o fato de que as chamadas “energias alternativas” (solar, eólica, geotérmica e outras) serem, pelo menos por enquanto, ainda muito caras, inviabilizando uma exploração efetiva.

A problemática em torno da energia nuclear continuará fonte de grandes discussões. Utilizá-la desenfreadamente é fechar os olhos diante dos riscos oferecidos, mas acabar de vez com seu uso é, no mínimo, uma atitude radical. O essencial, portanto, é que não se crie uma dependência exagerada deste tipo de energia e que se dê cada vez mais espaço a outras alternativas.


Júlio César Cavalcanti dos Santos