A pedagogia que ainda não chegou em Elétrica

 

A pedagogia muito tem se ocupado em estabelecer fundamentos, regras e críticas quanto ao processo de ensino e aprendizado. Qualquer pedagogo com um mínimo de conhecimento ou influência de Paulo Freire vai enumerar uma dezena de preceitos comportamentais que digam ao professor como se portar em sala de aula.

Segundo a imensa maioria dos pedagogos o professor não deve se portar como único detentor do saber, ele deve tornar o conteúdo interessante, motivar o interesse e despertar a curiosidade dos alunos. E além de todos os aspectos técnicos, devem mostrar aspectos construtivos para a formação cidadã e humanística do aluno. Freire diz ainda que: o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

Curioso é notar que absolutamente nada do que preconizam os pedagogos tem sido aplicado efetivamente nas disciplinas. Indo além, todo o texto anterior mais parece a caracterização de um cenário ideal e fantástico completamente destoante da realidade absurda em que algumas disciplinas tem sido administradas dentro da universidade.

É uma utopia esperar que os professores universitários contribuam para a formação cidadã dos alunos, que mostrem conhecimentos de vida e desempenhem a função de educadores. Mesmo que o professor não motivasse os alunos, mesmo que o conteúdo ministrado não seja interessante e ainda que nenhum professor tenha tido, em qualquer momento da sua formação, orientações de como se portar em sala. Nada justifica a incrível falta de razão e de bom-senso que os alunos tem presenciado.

Não é necessário nenhum curso de pedagogia para que um professor saiba que dentro de sala de aula ele detém a autoridade máxima, e que naquele ambiente ele é o maior responsável para que, no mínimo, haja tranquilidade durante as duas longas horas que irão passar. E que por ter esse poder qualquer extravagância instantaneamente se tornará abuso de autoridade.

Extrapolando os meus limites de conhecimento eu vou propor agora algumas regras que em nada se aproximam de estudos complexos, são apenas constatações totalmente justificáveis para quem tenha um mínimo de racionalidade.

  1. Só há um motivo para não responder uma pergunta de um aluno: o professor não saber a resposta.

  2. Não importa qual seja a pergunta, o professor deve se abster de qualquer comentário sobre a relevância ou nível dela.

  3. A sala de aula é seu ambiente de trabalho. Aja, portanto, de forma completamente profissional. Problemas pessoais e aborrecimentos do dia-a-dia devem permanecer fora da sala e isto vale para professores e alunos.

  4. Aja com seus alunos exatamente da mesma forma que você trata os outros professores: com respeito. Afinal são todos colegas de profissão.

  5. É inaceitável humilhar um aluno, não importa qual seja a situação.

  6. Aceite o terrível fato de que todos cometem erros, e que mesmo sendo a autoridade da situação o professor não retém todo o conhecimento sobre aquele assunto, aja com simplicidade para evitar problemas e desconfortos futuros.

Nada disso vai fazer da aula um ponto de interesse nem vai instigar os alunos a serem participativos, muito menos dará um aproveitamento excelente. Seguindo essas regras apenas se garante que a aula não será desagradável e desconfortável para quem tem a obrigação de estar presente.