Alessandro Volta
Embasados na necessidade de conhecer sobre personalidades de destaque na Engenharia Elétrica, o grupo PET-Elétrica se propõe a escrever uma série de artigos, que serão publicados na edição atual e em subseqüentes do Jornal PET Elétrica, com o objetivo de informar aos leitores um pouco sobre grandes nomes que construíram a história da Engenharia Elétrica e que devem ser lembrados pela sua contribuição.
O escolhido desta edição foi Alessandro Volta que, dentre outras invenções, criou a pilha e, por isso, recebeu diversas homenagens, inclusive a unidade do Sistema Internacional de força eletromotriz, bastante familiar aos Engenheiros Eletricistas, o Volt.
Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta nasceu em 18 de fevereiro de 1745, na cidade de Como, Lombardia (atual Itália). Seus pais, Conde Filippo Volta e a Condessa Maria Madalena, preocuparam-se bastante com sua saúde mental, porque, aos 4 anos, ele ainda não falava. Aos 7 anos, após a morte de seu pai, Volta foi morar com um tio e sua condição financeira caiu bruscamente.
Em 1794, aos 49 anos, Volta casou-se com Teresa Peregrini, filha de Count Ludovico Peregrini e o casal teve três filhos. Alessandro Volta morreu em março de 1827 em sua cidade natal como um dos grandes pioneiros no estudo da eletricidade e o inventor de diversos instrumentos para medi-la.
Academicamente, Volta iniciou seus estudos em um colégio Jesuíta, pois sua família tinha pretensão de que ele seguisse carreira eclesiástica. Aos 14 anos, decidiu que seria físico, deixando o colégio aos 16, porém continuando os estudos de forma autodidata. Aos 24 anos, publicou seu primeiro artigo sobre eletricidade que o tornou conhecido e possibilitou seu ingresso como professor de física na Escola Real de Como, 5 anos mais tarde. Em 1779, tornou-se professor de Física na Universidade de Pavia, posição que ocupou por 25 anos. Volta também lecionou na Universidade de Paris e foi diretor da faculdade de filosofia da Universidade de Pádua.
Volta criou diversos inventos de sucesso em sua época e que propiciaram desenvolvimento à humanidade. A primeira de suas invenções, o eletróforo, criada em 1775, consistia em uma máquina simples de indução eletrostática. O eletróforo era um prato com um cabo isolante e uma base; a base era previamente eletrizada por atrito e aproximava-se o prato sem encostá-la na base, separando as cargas por indução. Um fio era conectado entre o prato e a terra propiciando o movimento das cargas e, ao separar o prato da base, este estava eletrizado por um mecanismo até então inédito.

Primeira invenção de Volta: eletróforo
A seguir, dedicando-se ao estudo da química e da eletricidade atmosférica, descobriu o gás metano ao passear de barco pelo lago Maggiore e perceber que, ao cutucar o fundo do lago com uma vara, desprendia-se um gás que, se armazenado em frascos, podia ser queimado depois. Este gás, que Volta chamou de “ar inflamável dos pântanos”, era o metano (CH4) com o qual ele ainda realizaria alguns estudos que resultaram na criação de um dispositivo que mede a força de uma explosão (a “pistola de Volta”).
A mais importante de suas invenções, a denominada pilha de volta, surgiu em 1800, como fruto de uma divergência com Luigi Galvani. Volta começou seus experimentos para tentar provar que a corrente elétrica não era necessariamente proveniente de seres biológicos. Nesta época, surgiram duas vertentes contrárias, uma delas defendia os pensamentos de Volta (eletricidade metálica) e a outra defendia a opinião de Galvani (eletricidade animal). Assim, comprovando a teoria da eletricidade metálica, Volta construiu um estranho aparelho com moedas de cobre, discos de zinco e discos de feltro banhados em uma solução ácida, que produzia continuadamente um movimento de cargas elétricas através de um condutor. O nome “pilha” foi dado devido aos anéis metálicos empilhados.

Pilha de Volta.
A invenção da pilha promoveu uma intensificação dos estudos sobre as relações entre as correntes elétricas e os campos magnéticos. Volta inventou, também nesta mesma época, um dispositivo que permitia medir quantidades minúsculas de eletricidade estática.
Posteriormente, inventou a “bateria de Volta” (também chamada de “coroa de copos”) que obtinha maiores tensões. Volta relatou em uma carta à Royal Society de Londres, em 1800, que ele media a intensidade das correntes colocando as mãos molhadas nas extremidades da pilha!
Volta recebeu tanto em vida, como após sua morte, diversas honrarias que merecem ser citadas em um artigo sobre sua biografia. As principais de suas homenagens foram:
- A nomeação de conde por Napoleão em 1801;
- Um cargo no Senado do Reino de Lombardia em 1810;
- O Imperador Austríaco o tornou diretor da faculdade de filosofia da Universidade de Pádua onde permaneceu até 1819;
- Tornou-se membro da Royal Society de Londres em 1791;
- Recebeu a medalha Copley;
- Ganhou a medalha de “Honra da Legião” de Napoleão Bonaparte;
- Foi dado o nome de “volt” à unidade para tensão elétrica;
- A nomeação de “Cratera Volta” a uma cratera da superfície lunar em 1964;
- Em Como, sua cidade natal, foi construído (1928) um mausoléu onde estão
expostos seus inventos e artigos originais. Este museu é chamado
Templo Voltiano.

Templo Voltiano.
Vale mencionar sobre o mausoléu que o projetista, para significar que a invenção da pilha tinha sido a base da aproximação dos povos de todo o mundo, pediu a todos os países para enviar um pedaço de granito com objetivo construir o piso do mausoléu. O primeiro país que atendeu ao pedido foi o Brasil e, desta forma, no centro do Templo Voltiano, está um pedaço de Brasil, rodeado pelos granitos do resto do mundo.

Piso do mausoléu de Volta
Portanto, Alessandro Volta, por ser o precursor dos estudos sobre eletricidade e inventor de instrumentos relacionados à geração e medição de tensão elétrica, mereceu estes méritos que foram recebidos. Notoriamente, enfatiza-se a importância dos estudantes de Engenharia Elétrica terem o conhecimento sobre personalidades que contribuíram para a evolução da eletricidade.
Jessiedna Araújo