O Tempo
Motivado pela curiosidade cientifica, busquei entre
alguns colegas, de diferentes áreas do conhecimento, qual o entendimento deles
sobre um tema aparentemente banal: o tempo. Depois de ouvi-los, pude perceber o
quão difícil é o estabelecimento de uma definição única.
Assim, como será o tempo sob a ótica das ciências sociais e biológicas? Como
será o tempo psicológico? Falam-se até de uma ciência, denominada
cronobiologia, que estuda os ciclos que regulam a atividade humana durante o
período de 24h e os efeitos desses ciclos rítmicos biológicos sobre o
comportamento físico, afetivo e cognitivo das pessoas. E o tempo na música? O
tempo na poesia? O tempo nas religiões? O tempo na prosa? O tempo no saber do
povo?
Continuei conversando e lançando o mote, esperando que algum colega decidisse
juntar-se a mim na tarefa de escrever algo sistematizado sobre o tema. Fazendo
jogo de palavra, posso dizer que dei tempo ao tempo e nenhum desses colegas se
apresentou.
Então, resolvi assumir a tarefa sozinho. Começando pelo livro “Padrões e
Unidades de Medida: Referências Metrológicas da França e do Brasil”. Nesse
livro o tempo é definido a partir da unidade básica segundo como sendo: “A
duração de 9 192 631 770 períodos da radiação correspondente à transição entre
dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133”.
Dando continuidade às leituras, busquei as ciências matemáticas no livro “O
poder da Ciência”, de autoria do cientista Henri Poincaré. Segundo ele,
enquanto não se sai do domínio da consciência, a noção de tempo é relativamente
clara. Entretanto, a questão se complica quando se busca resposta para duas
perguntas: “Podemos nós transformar o tempo psicológico, que é qualitativo, em
tempo quantitativo? Ou, podemos nós reduzir a uma mesma medida fatos que se
passam em mundos diferentes?” Conclusão: não temos a intuição direta da
simultaneidade, nem a da igualdade de duas durações.
Em seguida, busquei o tempo à luz da teoria da relatividade, no livro “A
Evolução da Física”, de Albert Einstein e Leopold Infeld. De acordo com eles, o
tempo é relativo quanto à posição e à velocidade do observador, e não absoluto.
Aplicada essa teoria ao universo, um acontecimento em uma estrela distante não
é testemunhado ao mesmo tempo na Terra e em outro planeta.
Enquanto fazia leituras, lembrava-me dos últimos versos do poema MÃOS DADAS, de
Carlos Drummond de Andrade: “O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os
homens presentes, a vida presente” e das palavras de Jorge Luis Borges: “O
tempo é a substância de que sou feito”.
Finalizando, fiquemos com as palavras de Hector Berlioz: “O tempo é um ótimo
professor. Pena que mate seus alunos”.
Benedito Antônio Luciano
Professor do DEE/UFCG |