Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Os esforços para a criação da Comunidade dos Países da Língua
Portuguesa (CPLP) tiveram início em Novembro de 1989, em São Luís –
Maranhão, durante a realização do primeiro encontro dos Chefes de Estado e de
Governo dos Países da Língua Portuguesa.
Já em 1990, como uma consequência dessas negociações entre os Países da Língua
Portuguesa, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em Lisboa,
em 16 de Dezembro. É isto mesmo, caro leitor, a informação não está errada. O
tão discutido e contemporâneo tema estava prestes a completar 20 anos!
Uma pergunta natural neste momento seria: qual o motivo da “moratória”
da aplicação do Acordo?
O Acordo foi assinado em 1990, no entanto, só entraria em vigor com a
ratificação de todos os países, o que era previsto para ocorrer até 1º de
Janeiro de 1994, sendo os motivos da não ratificação assunto de foro interno de
cada Estado.
Devido à não concretização do Acordo, foram realizados dois Protocolos
Modificativos. Após estes, o Acordo Ortográfico entrava em vigor com a ratificação
por três Estados signatários, além de permitir a adesão de Timor Leste.
É importante ressalvar que na época do Acordo (1990), Timor Leste ainda não
tinha reconquistado a independência e também não era parte da Comunidade, sua
adesão foi efetuada em 2002. Atualmente a CPLP é composta por oito
estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor Leste.

Figura 1. Bandeiras dos oito estados-mebros, na ordem alfabética (citada anteriormente).
Com a ratificação do Brasil, de Cabo Verde e de
São Tomé e Príncipe, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa está em vigor,
desde 1º de Janeiro de 2007, na ordem jurídica internacional e nos países
citados.
No caso do Brasil, o acordo entrou em vigor em Janeiro deste ano, sendo sua
implantação feita de forma gradual, conforme o decreto assinado pelo atual
Presidente da República, em Setembro do ano passado.
Em 2010, as novas normas deverão chegar aos livros escolares e serão
obrigatórias a partir de 2012. No caso de vestibulares e concursos públicos, as
normas antigas e novas deverão ser aceitas até Dezembro de 2012.
Agora, talvez o leitor esteja se perguntando: Qual a motivação deste Acordo?
Será talvez uma conspiração da Língua Portuguesa para que eu nunca pare de
cometer equívocos na sua grafia?
A resposta é muito simples. O Português é a língua oficial em oito estados
soberanos e possue basicamente duas grafias, ambas corretas: a de Portugal e a
do Brasil. A dupla grafia dificulta a difusão cultural e científica, as
relações comerciais e a comunicação geral entre os estados-membros da CPLP,
além de enfraquecer a capacidade de afirmação do idioma como uma das quatro
grandes línguas (Inglês, Francês, Espanhol e Português).
Apesar de o maior objetivo ser a unificação da grafia, algumas palavras
permanecerão com dupla grafia. Isto aconteceu porque o Acordo Ortográfico se
baseia na pronúncia das palavras, e, em alguns casos, as palavras são
pronunciadas com som fechado no Brasil e aberto em Portugal: polêmica (aqui) e
polémica (lá).
O Brasil será o primeiro país a implantar as regras oficialmente. Algumas
opiniões acreditam que o Brasil esteja se precipitando, já que Portugal ainda
não definiu o cronograma para aplicação do Acordo Ortográfico, além de prever
uma transição mais lenta que durará cerca de 6 anos, e de os outros países
seguirem a escrita de Portugal.
É perceptível que o nosso país está tomando a iniciativa nesse processo, muito
provavelmente com o intuito de acelerá-lo. O crescimento da influência do
Brasil na política e economia internacional é notável, portanto, é
imprescindível que, para maior firmação, o país tenha uma língua uniforme e
sólida.
Os portugueses, por sua vez, são mais avessos às mudanças, não só pelo fato de
estudos linguísticos apontarem maiores mudanças para o dicionário deles (cerca
de 1,6% das palavras contra 0,5% no caso brasileiro), mas também por entenderem
que estão cedendo ao interesse do Brasil.
No Brasil, as ações para a difusão das mudanças não são só realizadas pelo
poder público. Os meios de comunicação em geral estão trabalhando com as novas
normas, como maior exemplo temos a Rede Globo que não só modificou a grafia de
suas notícias, anúncios e jornais, mas também lançou o Soletrando 2009 com a
reforma ortográfica. Assim, os brasileiros vão aprender no cotidiano.
Espera-se que os outros países lusófonos sigam os passos do Brasil e que a
criação de um vocabulário único seja feita em breve. Afinal, estamos cansados
de ter que distinguir Português de Português (brasileiro) no Windows.
O Jornal PET-Elétrica também pretende contribuir com a disseminação da reforma
ortográfica. Acesse nossa seção de Dicas de
Português! Lá, nós iremos apresentar algumas mudanças a cada nova
edição.
Elíbia Colaço