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ed74


Ao Leitor
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Sherlock Holmes, Buracos Negros e Criptografia

Após o seu casamento, Dr. Watson afastou-se bastante de seu peculiar amigo Sherlock Holmes, mas um dia, ao passar pela famigerada Baker Street, Watson não resistiu a lembrar dos velhos tempos e a ver Sherlock. Uma vez no 221B, depois que Sherlock deduziu o que pareceria impossível sobre seu amigo - como de costume -, Holmes pediu a Watson que lesse um bilhete no mínimo misterioso. Watson indagou sobre o que aquilo poderia significar, Sherlock apenas disse que, como ele não tinha nenhum dado, seria um erro capital teorizar antes de ter dados. “Insensivelmente, começa-se a distorcer fatos para ajustá-los a teorias, em vez de teorias para que se ajustem aos fatos”, dissera Holmes no início do caso chamado “Escândalo na Boêmia”, do livro As Aventuras de Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle.

Essa ideia remete à Ciência em si, que é construída a partir de teorias e fatos. Contudo, nem sempre, cientistas seguem à risca as sábias palavras de Sherlock. Um exemplo em que isso ocorre é na teoria dos buracos negros. As características desses corpos mudaram significativamente ao longo das últimas décadas, mas não completamente baseadas em fatos e sim em interpretações de conclusões matemáticas. Além disso, o que se percebe na sua história é a existência de uma batalha constante para adequar essas interpretações em ambas as teorias da relatividade geral e da mecânica quântica - e não as teorias nos fatos (escassos). Até recentemente a relatividade geral parecia estar ganhando, já que físicos, como Stephen Hawking, conseguiam somente concluir que a informação era perdida definitivamente em um buraco negro, não obstante isso abalasse fortemente os pilares da mecânica quântica, segundo a qual uma informação nunca é perdida.

Esse é um dos maiores paradoxos da Ciência e nos leva a pensar em como lidar com uma informação cujo contexto se torna cada vez mais complexo em diversos níveis - não necessariamente quânticos. Hoje, pessoas têm uma quantidade assustadora de informações pessoais online: cada post no Facebook, cada pesquisa no Google, cada email. Aparentemente, isso pode parecer simplório, mas caso consideremos, por exemplo, anos de emails ou até uma vida toda de emails, muito sobre uma personalidade pode ser dito, como onde esteve, com quem, quando, porquê e, de muitas formas, até sobre seus pensamentos. E o interessante é que agora essas informações duram para sempre, ultrapassando a vida de seus donos. Perdemos o controle sobre nossas informações e também de nossa privacidade.

Nesse sentido, utiliza-se amplamente da criptografia como meio de providenciar segurança para nossos dados, com a ressalva que cada servidor possua também nossas chaves de criptografia. Assim como chaves reais abrem portas, essas chaves são valores que desbloqueiam dados criptografados. Dessa forma, com os servidores de posse desses dados, qualquer governo pode, por lei, conseguir informações sem nem mesmo seu dono ter conhecimento. A maneira de consertar esse problema, a princípio, é fácil: basta cada indivíduo ter suas próprias chaves e garantir que o servidor não as tenha. Para emails já existe um projeto que oferece esse serviço, o ProtonMail, desenvolvido por cientistas da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN, sigla em francês). Entretanto, para as outras diversas atividades promovidas online tem-se encontrado como barreira o fato de o modelo de negócios que a internet é hoje não ser compatível com a privacidade. Ao pensar nos grandes nomes na web, nota-se o enorme papel que as propagandas desempenham. Desse modo, para otimizar a publicidade que nos é mostrada, as companhias têm que saber tudo sobre nós, e a melhor forma de conseguir isso é invadindo a nossa privacidade.

A 74ª edição do Jornal PET Elétrica, portanto, procura apresentar para você, caro leitor, algumas ideias sobre a informação, explorando seus enigmas relacionados aos buracos negros em uma “breve história” até seu tratamento no nível que mais a conhecemos, por meio de um estudo sobre a criptografia. Ademais, trazemos as últimas descobertas sobre as tecnologias que prometem revolucionar o DNA, como também abordamos sobre os novos cenários do mercado de trabalho para a engenharia em vista do quadro de crise no país. Boa leitura!


Emilly Rennale Freitas de Melo

Equipe Editorial do Jornal PET-Elétrica



   







A convite do Jornal PET Elétrica, a engenheira eletricista Rachel Suassuna de Medeiros escreveu sobre a turma de 1973, da então Escola Politécnica da UFPB. Confira!




O Professor Dr. Marcelo Sampaio de Alencar destaca, em seu texto, as finalidades do Iecom, as pesquisas, as parcerias e os projetos nos quais está envolvido. Confira!














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