Angela Merkel, Paris e 2015
É interessante como em uma única pessoa pode-se apontar tantas perspectivas diferentes do contexto mundial em um ano, no mínimo, singular. Angela Merkel, chanceler da Alemanha, foi eleita pela revista americana “Time” como a personalidade do ano de 2015 em virtude do papel indispensável que desempenhou no controle da crise econômica na Europa, nas negociações com a Grécia, por ter liderado a resposta ocidental a Vladmir Putin sobre a crise na Ucrânia e, sobretudo, pelo tratamento que impôs aos refugiados. Para muitos destes, Merkel tornou-se a “salvadora” por apresentar uma política receptiva e por convidar os outros países a combater as crescentes ondas de ódio e de xenofobia, reiterando que a crise migratória é um grave problema humanitário.
De acordo com a ONU, mesmo em época de crise econômica, a Europa teria condições suficientes para receber os refugiados pois já passara por situações semelhantes ao longo do século XX, com os refugiados pós-guerras e com imigrantes que fugiam do regime comunista da antiga União Soviética. Portanto, colaborar com os refugiados seria uma questão de solidariedade, responsabilidade e interesse com a vida humana.
Dessa forma, mesmo muito relutante, a Europa tem concedido asilo a um elevado número de refugiados, cuja maioria é composta por palestinos que, pela religião, a esteriotipação do terrorismo e diante dos escassos empregos e recursos sociais, sofrem frequentemente de desconfiança e aversão, levantando, nos países mais ricos, discursos de extrema direita com um viés fortemente nacionalista - déjà vu? Assim, quando um dos terroristas que fez parte do ataque em Paris, em novembro deste ano, foi identificado como um dos refugiados, muitos culparam veemente a crise migratória como porta de entrada do terror no Velho Continente. O que a maioria parece não saber é que os refugiados palestinos e o extremismo islâmico são consequências políticas - e não religiosas - de um mesmo comportamento ocidental imperialista cujos reais resultados afundam no Mediterrâneo e dão um tom escarlate à Torre Eiffel.
A 72ª edição do Jornal PET Elétrica, nesse sentido, mostra que, além de manter você, caro leitor, sempre bem informado sobre o mundo da ciência e da tecnologia antes e depois de 2015, por meio, por exemplo, de matérias sobre o futuro do alcance da mente humana e sobre o peculiar histórico dos dispositivos de armazenamento de dados, procura ainda apresentar a realidade deste ano repleto de idiossincrasias, explorando o caráter de distintas gerações até à atual, que convive não apenas com a alta conectividade, mas também com o incremento de um terror contundente que agride vidas e valores.
Emilly Rennale F. de Melo
Equipe Editorial do Jornal PET-Elétrica
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