Diversos

 

7ª Edição

Desafio Poesia

 

Desafio

Desafio Atual:

Quantos são os possíveis valores inteiros de x para que  (x+99)/(x+19) seja um número inteiro?

Consegue solucionar o problema? Se sim, mande a resolução para jornalpeteletrica@gmail.com.
Obrigado pela participação!

Resposta do desafio anterior:

X = 12

Acertadores do desafio anterior:

Tivemos 4 acertadores!

Elias Elnatã, Júlio César Diniz, Rafael Soares e Higor Ítalo dos Santos.Parabéns aos acertadores! <

Parabéns aos acertadores e obrigado pela participação! Agora tentem resolver o desafio atual!.

Responsável: Nustenil Segundo de Moraes Lima Marinus

 

Poesia

Gregório de Matos e Guerra nasceu no Brasil, filho de família abastada, cursou Direito na Universidade de Coimbra e depois de mais de trinta anos em Portugal voltou ao Brasil, não foi surpresa alguma, aqui, ele ter sido destituído de cargos eclesiásticos, Gregório se recusava a usar batina e a obedecer a Ordem. Ele, então, advogou causas que julgava justas, muitas vezes recebendo por isso sapatos ou galinhas. Sua obra satírica contra o Governador Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coltinho ocasionou seu exílio em Angola. Posteriormente retornou ao Brasil, com a condição de jamais voltar à Bahia, assim sendo ele ficou em recife até 1695, quando faleceu.

Sua obra divide-se em quatro vertentes: satírica, amorosa, filosófica e sacra. Os versos de Gregório ateavam fogo no elemento colonizador, no clero, burocratas e vários setores da sociedade civil. No amor, a mulher hora é retratada como ser angelical, hora demoníaco, capaz de arrastar os homens à perdição, essa contradição e conflito são típicos do estilo barroco do autor. A obra filosófica tem um tom profundamente reflexivo demonstrando a instabilidade espiritual e o caráter transitório da vida e dos bens materiais. Por fim, os poemas sacros de Gregório se assemelham a uma defesa perante Deus no juízo final, defendendo-se dos seus crimes na condição de mero pecador, objetivando a salvação da sua alma.

As denúncias feitas pelo poeta foram da época da colonização no Brasil, o retrato feito por Gregório data de uma Bahia de 1600 que na época era a capital, mais de 400 anos se passaram e muito do que Gregório gritou na sua obra continua presente: a corrupção e a irregularidade do (alto) clero. A diferença é que hoje em dia o inferno não possui mais uma boca na terra.

Ilis Nunes Almeida Cordeiro

As Cousas do Mundo

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não igo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa

A instabilidade das cousas do mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

Pequei, Senhor...

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
de vossa alta clemência me despido;
porque quanto mais tenho delinqüido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido,
vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada,
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha a vossa glória.