Diversos

 

19ª Edição

Desafio Poesia

 

Desafio

Ou isto ou aquilo
Cecília Meireles

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.


De um modo simplificado, em Lógica, o conectivo “ou... ou...” implica sentenças mutualmente excludentes. Com este alerta, vamos ao desafio!

Tem-se um número de dez dígitos (o primeiro não é zero) representado por ABCDEFGHIJ, no qual cada algarismo {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9} é usado uma só vez. Dadas as condições abaixo, qual é o número?

  1. A ou é um quadrado perfeito ou é um número triangular;
  2. B ou é um par ou é um número cúbico;
  3. C ou é um número cúbico ou é um número triangular;
  4. D ou é um número ímpar ou é um quadrado perfeito;
  5. E ou é um número ímpar ou é um número cúbico;
  6. F ou é um número ímpar ou é um número triangular;
  7. G ou é um número ímpar ou é um número primo;
  8. H ou é um número par ou é um quadrado perfeito;
  9. I ou é um quadrado perfeito ou é um número cúbico;
  10. J ou é um número primo ou é um número triangular;
  11. A < B, C < D, E < F, G < H, I < J;
  12. A + B + C + D + E < F + G + H + I + J.
Créditos do desafio: http://www.profcardy.com

Consegue solucionar o problema? Se sim, mande a resolução para jornalpeteletrica@gmail.com

Obrigado pela participação!


Responsável: Paola P. Furlanetto

 

Poesia

"Doença de mulher num corpo de homem: a histeria”

Diagnóstico do Dr. Charcot sobre Quental

Antero de Quental nasceu em Ponta Delgada no ano de 1842. Aos quatorze anos ele se mudou para Lisboa, onde efetuou os estudos preparatórios de ingresso na universidade. Em 1858 ele iniciou seus estudos de direito na Universidade de Coimbra.

Quental teve como colegas de faculdade: Eça de Queiroz, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão e o historiador Oliveira Martins. Todos eles viviam hipnotizados pela figura de Quental e pelo seu nível intelectual.

Quental saiu de uma pequena ilha para o momento de maior efervescência cultural e intelectual já ocorrida em Coimbra. Seu cotidiano variava entre a intensa boêmia e a leitura de Hegel. Essa mudança radical de estilo vida influenciou toda a sua obra e mais do que isso: debilitou e deprimiu o artista até o final da sua vida.

A poesia dele só é comparada, atualmente, a Camões e Bocage. O motivo da sua morte foi suicídio, ele acabou com a própria vida com tiro de revólver. Quental influenciou fortemente toda uma geração futura de poetas e poetisas, Florbela Espanca é um exemplo excelente disso.

Ilis Nunes Almeida Cordeiro

Sempre o futuro, sempre! e o presentes

Sempre o futuro, sempre! e o presente
Nunca! Que seja esta hora em que se existe
De incerteza e de dor sempre a mais triste,
E só farte o desejo um bem ausente!

Ai! que importa o futuro, se inclemente
Essa hora, em que a esperança nos consiste,
Chega... é presente... e só á dor assiste?...
Assim, qual é a esperança que não mente?

Desventura ou delirio?... O que procuro,
Se me foge, é miragem enganosa,
Se me espera, peor, espectro impuro...

Assim a vida passa vagarosa:
O presente, a aspirar sempre ao futuro:
O futuro, uma sombra mentirosa.

Não me fales de glória: é outro o altar

Não me fales de glória: é outro o altar
Onde queimo piedoso o meu incenso,
E animado de fogo mais intenso,
De fé mais viva, vou sacrificar.

A glória! pois que ha n'ela que adorar?
Fumo, que sobre o abysmo anda suspenso...
Que vislumbre nos dá do amor immenso?
Esse amor que ventura faz gosar?

Ha outro mais perfeito, unico eterno,
Farol sobre ondas tormentosas firme,
De immoto brilho, poderoso e terno...

Só esse hei-de buscar, e confundir-me
Na essencia do amor puro, sempiterno...
Quero só n'esse fogo consumir-me!

Soneto IV

Conquista pois sozinho o teu futuro,
Já que os celestes guias te hão deixado,
Sobre uma terra ignota abandonado,
Homem – proscrito rei – mendigo escuro!

Se não tens que esperar do Céu (tão puro,
Mas tão cruel!) e o coração magoado
Sentes já de ilusões desenganado;

Ergue-te, então na majestade estóica
Duma vontade solitária e altiva,
Num esforço supremo de alma heróica!

Faze um templo dos muros da cadeia,
Pretendo a imensidade eterna e viva
No círculo de luz da tua Idéia!

 

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