Dicas de Livros
|
|
|
O mundo assombrado pelos demônios
Um livro tão incrível, que você irá querer que todos o leiam. Tão incrível, que instiga a estudar mais e a prestar mais atenção no mundo ao nosso redor. Tão incrível, que o leitor tem vontade de decorar todas as informações contidas nele. Tão incrível, que é difícil de saber por onde começar a falar sobre.
O mundo assombrado pelos demônios foi escrito por Carl Sagan em 1994, e publicado em 1996, pouco antes da morte do autor, nesse mesmo ano. Carl Sagan era astrônomo e foi conhecido como um dos maiores disseminadores da ciência, sendo também um dos pioneiros a tentar levá-la ao grande público, principalmente com o famoso show de televisão da década de 1980, Cosmos, o qual retornou à tela como uma sequência em 2014, apresentada pelo astrofísico Neil deGrasse Tyson.
Diferentemente de outros livros famosos do escritor, como Contato, O mundo assombrado pelos demônios é uma obra de não-ficção da qual Sagan vai partir de experiências próprias para falar sobre a vida e o Universo, desmistificando o “Deus das Lacunas” ao abordar sobre os mais diversos temas: da Inquisição às aparições de santos, anjos e extraterrestres, do sistema de educação americano às equações de Maxwell.
É interessante como Carl Sagan evidencia que explicações prosaicas geralmente estão por trás de tanto daquilo que se considera “sobrenatural” ou “de outro mundo”, ao mesmo tempo que ensina o pensamento cético e o método científico - sendo este último considerado mais importante que as próprias descobertas da ciência, para Sagan. Ele admite que a ciência não é um método perfeito, mas é o melhor que temos e o que mais se aproxima da verdade.
Nesse sentido, não é surpresa que a religião também seja exaustivamente discutida nessa obra. Sagan em nenhum momento vai contra as crenças de qualquer religião. Ele simplesmente nos faz questionar sobre a existência de certos fatores, e o leitor que tire as suas conclusões. Por exemplo, na época da Inquisição, em uma sociedade sexualmente reprimida e dominada pelos homens, porque será que os inquisidores, nos julgamentos das bruxas, tinham que investigar as “marcas do demônio” que alegavam se localizar justamente nas partes íntimas da mulher? São em passagens como esta:“Nenhuma religião contemporânea e nenhum credo da Nova Era me parecem levar realmente em consideração a grandiosidade, a magnificência, a sutileza e a complexidade do Universo revelado pela ciência. O fato de que tão poucas descobertas da ciência moderna estejam prefiguradas nas Escrituras lança, a meu ver, ainda mais dúvida sobre a sua inspiração divina. Mas é claro que posso estar errado.", que Sagan expôe o que parece óbvio, mas que poucos param para pensar.
Com um raciocínio semelhante, a análise sobre os relatos de aparições de alienígenas é uma das partes mais intrigantes do livro, na qual Sagan trata desde as questões psicológicas envolvidas às constatações que tudo pode ser explicado de forma mais simples. Ele levanta alguns questionamentos que parecem - e são - óbvios, como “Se os alienígenas tentam fazer a sua tarefa em segredo, por que não eliminam completamente todas as lembranças dos raptos? Difícil demais para eles? Por que os instrumentos dos exames são macroscópicos e lembram tanto os que podem ser encontrados na clínica médica da vizinhança? Por que seres com conhecimento tão avançado em física e engenharia seriam tão atrasados em questões de biologia?”.; Os paralelos são tantos, que Sagan chega a comparar que os alienígenas de hoje com os santos e anjos de séculos passados. Por que basicamente não há relatos de alienígenas no tempo das constantes aparições de figuras religiosas, enquanto hoje parecem existir mais alienígenas interessados a se contactar conosco do que santos?
Por fim, é necessário deixar claro que o livro trabalha muitos mais assuntos além dos aqui exemplificados. Um texto “pequeno” como este não faz justiça à grandiosidade de uma obra em que Carl Sagan não se prende à Relatividade Geral nem aos mistérios da vida extraterrestre, falando plenamente também sobre democracia, política, educação etc. Por meio de uma narrativa que mais parece uma conversa entre professor e aluno, Carl Sagan nos ensina a pensar. Cabe a nós não desapontá-lo.
Ficha Técnica
|
Autor: |
Carl Sagan |
Editora: |
Companhia das Letras |
Edição: |
1ª (13ª reimpressão) |
Páginas: |
509 |
Gênero: |
Ciência (Estudo e ensino) |
País de Origem: |
Estados Unidos da América |
Emilly Rennale Freitas de Melo
Ex-editora do Jornal PET Elétrica
|
|
O Pequeno Príncipe
Considerado um dos maiores clássicos da literatura e escrito pelo francês Antoine de Saint-Exupéry há 70 anos, “O Pequeno Príncipe” foi o livro mais traduzido e vendido do mundo depois do Alcorão e da Bíblia contando uma história mágica e comovente.
Um piloto tem que fazer um pouso de emergência em um deserto onde ele julga não ter presença humana por muitos quilômetros, mas pouco tempo depois de aterrissar, ele percebe estar enganado ao encontrar uma criança.
O menino diz viver sozinho em um pequeno planeta muito distante e pede ao piloto perdido que o ajude a ter uma companhia. Durante os dias em que o piloto fica no deserto para consertar o avião, os dois compartilham suas histórias e o menino conta as aventuras de suas viagens por outros planetas até chegar a Terra. Com a convivência, os novos amigos dividem sentimentos, as vezes tristes, e acabam repensando seus valores.
Sem dúvida uma leitura incrível e comovente. “O Pequeno Príncipe” é indicado para aqueles que gostam de se emocionar. Sendo um livro apenas aparentemente infantil, é indicado para qualquer idade e com certeza você não pode deixar de apreciá-lo e entender o verdadeiro sentido da vida.
Ficha Técnica
|
Autor: |
Antoine de Saint-Exupéry |
Editora: |
Geração |
Edição: |
Sexta |
Classificação: |
129 |
Páginas: |
509 |
Gênero: |
Literatura Juvenil |
País de Origem: |
França |
Camila de Oliveira Abrantes
|
Dicas de Filmes
|
|
Palo Alto
Com o ingresso de mais um integrante da família Coppola ao mundo do cinema, Gia Coppola, neta de Francis (“O Poderoso Chefão”), explora os dramas e dificuldades da adolescência. Carregada de influências, principalmente familiares, a diretora foge das vias comuns de filmes juvenis e retrata as crises e problemas cotidianos dessa fase da vida que poucas vezes chegam às telas de cinema.
Baseado na coletânea de contos em que o escritor e ator James Franco (intérprete do personagem Senhor B. no filme) que retrata sua infância e adolescência na sua cidade natal Palo Alto, Califórnia, o filme, que leva o nome da cidade, revela memórias de uma geração problemática e de difícil relacionamento. Diferente dos tradicionais filmes de adolescentes, Coppola traz à tona um grupo de jovens que passam por problemas sérios de isolamento emocional, drogas e a busca desesperada de preencher o vazio existencial reinante em todo o enredo.
A trama segue a vida de três adolescentes, April (Emma Roberts), jovem estudante e atleta, dividida entre um flerte com o treinador do time de futebol Senhor B. (James Franco) e um romance não resolvido com Teddy (Jack Kilmer), garoto que tem problemas com a justiça devido a sua conduta e crimes praticados em parceria com seu melhor amigo Fred (Nat Wolff), viciado em drogas que leva uma vida desregrada, desajustada e autodestrutiva. O filme também conta com personagens secundários que realçam o traço da diretora no filme, a jovem Emily (Zoe Levin), que acaba se oferecendo sexualmente para todos os garotos, personifica a necessidade de afeto e atenção que Gia queria passar com toda a história dos personagens.
Apesar de inexperiente, Gia Coppola demonstra certa aptidão para a sétima arte. A perícia técnica apresentada no filme impressiona pela qualidade da filmagem, os atores em sua maior parte são convincentes e entregam exatamente o que o roteiro exige. A trilha sonora é marcada principalmente por músicas que encaixam e preenchem o espírito das cenas, com foco especial nas cenas melancólicas.
O filme Palo Alto, apesar de não ser nenhuma obra extraordinária, retrata com fidelidade uma geração de adolescentes e seus problemas, principalmente dentro do contexto da cultura educacional americana. Gia Coppola demonstra que pode amadurecer e atrair muita atenção em suas futuras produções. O filme não teve lançamento oficial em cinema, percorreu uma gama de festivais até ser liberado para serviços de video on demand em 2015.
Ficha Técnica
|
Diretora: |
Gia Coppola |
Lançamento: |
2013 |
Duração: |
100 minutos |
Classificação: |
(não lançado oficialmente no Brasil) |
Gênero: |
Drama |
País de Origem: |
Estados Unidos |
José Iuri Barbosa de Brito
|
|
O Homem Duplicado
Baseado no livro O Homem Duplicado, escrito pelo vencedor do Nobel de Literatura de 1998, José de Sousa Saramago, este suspense psicológico oferece ao espectador 90 minutos de muito mistério e curiosidade. O filme retrata o desenrolar da vida de um professor universitário de História, notavelmente solitário, ao ver que uma pessoa idêntica a ele aparece em um filme sugerido por um colega de trabalho.
O professor Adam Bell então sente uma vontade enorme de se encontrar com o que parece ser seu gêmeo. Após buscar várias referências sobre o ator do filme, de nome Anthony Claire, Adam consegue o seu telefone e, após certa insistência, ele marca um encontro com o seu sósia num hotel. A partir disso, o cotidiano de Anthony e Adam se mescla cada vez mais e vai se tornando turbulento.
O Homem Duplicado é, assim, excelente para quem gosta de pensar nos significados esotéricos da obra, que faz uma viagem ao subconsciente dos personagens, trazendo consigo o espectador.
“Chaos is order yet undeciphered”
“Caos é ordem ainda não decifrada”,
José Saramago
Ficha Técnica
|
Diretor: |
Denis Villeneuve |
Lançamento: |
2013 |
Duração: |
90 minutos |
Classificação: |
14 |
Gênero: |
Suspense Psicológico |
País de Origem: |
Canadá e Espanha |
Thiago Oliveira Delmiro Neves
|
Dica de Música
|
|
Drones
Fundada inicialmente sob o nome “Rocket Baby Dolls”, os primeiros passos da banda Muse ocorreram em 1994 durante uma pequena competição de bandas da qual o grupo saiu vencedor, e após diversos contratos com diferentes gravadoras, o primeiro álbum do grupo, Showbiz, foi lançado em 1999 e seu resultado positivo fez com que a banda passasse a acompanhar grupos como Red Hot Chili Peppers e Foo Fighters em grandes festivais até se firmarem como banda mundialmente conhecida.
Os primeiros álbuns foram todos considerados grandes sucessos, até que, em 2012, o álbum “The 2nd Law” foi divulgado e considerado bem abaixo do esperado para uma banda já tão conhecida e aclamada. Devido a isso, o vocalista, Matthew Bellamy afirmou em 2013 que o próximo álbum seria uma forma de reconectar o grupo ao básico sobre o que eles eram e ficaram conhecidos por serem.
Dois anos depois, o álbum “Drones” é lançado, com uma narrativa em suas músicas envolvendo críticas de dimensões sociopolíticas aos momentos turbulentos que a sociedade vem enfrentando.
No pequeno enredo do álbum, o protagonista, um provável recruta envolvido em uma guerra moderna, perde as esperanças a respeito da situação em que está imerso e, em outras palavras, morre por dentro ainda na primeira faixa, “Dead Inside”.
Em seguida, a trilha “[Drill Sergeant]” retrata a lavagem cerebral que os recrutas ali sofriam e como eram induzidos a apenas aceitar e repetir “Sim, senhor!” a tudo que lhes era dito.
A trilha seguinte, intitulada “Psycho”, inicia de maneira bem semelhante à vinheta anterior, dessa vez com uma melodia capaz de imergir o ouvinte na mente agora conturbada do protagonista, que, completamente perdido, é feito de máquina de combate que apenas obedece a comandos e aceita passivamente ser corrompido até se tornar um “drone humano” sem qualquer emoção, aparentemente.
Posteriormente, em “Mercy”, o lado emocional supostamente dizimado faz um apelo por misericórdia após ser destruído e feito de marionete por “homens em capas” ao som do conhecido sintetizador do grupo. Porém esse apelo logo se torna o começo da revolta contra os opressores em “Reapers”, em que o personagem faz acusações como “você mata por controle remoto e o mundo está ao seu lado”. A sonoridade dessa faixa remete a algumas das primeiras obras, principalmente em seu clímax com um trecho apenas composto por riffs de guitarra entrelaçados ao baixo, com sua intensidade controlada por batidas do baterista do grupo, Dominic Howard; por fim, o anúncio é feito: “lá vem os drones”.
Em seguida, o protagonista demonstra sua evolução e agora, em “The Handler”, ele enfrenta seu opressor, e mesmo admitindo ter se tornado uma máquina fria e insensível, ele afima que não deixará mais ter seus sentimentos controlados e que não obedecerá a mais nenhum comando, pois seus chefes nunca mais serão seus donos novamente.
O outro lado da história é iniciado com mais uma vinheta, “[JFK]” dessa vez um discurso do presidente John F. Kennedy em que chama os cidadãos a se oporem ao redor do mundo. Porém, logo em seguida, em “Defector”, o desertor reafirma sua liberdade, porém encerra suas palavras declarando sua manifestação e interesse em derrubar seus opressores.
Na próxima trilha, “Revolt”, guiada predominantemente pela bateria, palavras de empoderamento e estímulo como “você não tem medo”, “você tem alma” e “você tem força” são cantadas, a fim de preparar o desertor para o que está por vir.
Uma grande mudança acontece posteriormente em “Aftermath”, o clima aparenta ser de redenção e as emoções do personagem parecem ter retornado, e num excelente trabalho vocal de Matthew Bellamy, o tom vai gradativamente aumentando até o fim da música, deixando uma clara sensação de esperança pois reforça que, mesmo após diversos desastres, nunca se estará sozinho.
A música seguinte, “The Globalist”, apesar dos seus 10 minutos de duração, é um dos grandes marcos do álbum quando visto como um todo, pois une tudo o que aconteceu até então com não apenas um retorno ao básico da banda, mas com um percurso da sua história nos minutos, com diferentes sensações, como suspense na contagem regressiva, diferentes solos, como o de guitarra, piano e até de assovio na introdução da faixa.
Apesar de independentemente não serem tão facilmente apreciadas, as músicas na obra formam um conjunto extremamente tocante e envolvente por contarem uma história capaz de entreter e até emocionar o ouvinte de uma maneira pouco vista na maior parte das produções dos últimos anos. É sem dúvida uma excelente escolha para quem quiser ter um tempo para de fato ouvir música.
E por fim, a última faixa, que dá nome ao álbum e que foi tão anunciada ao longo dele surge: “Drones” e com ele toda a destruição que um drone de guerra pode causar. O protagonista, que após morrer por dentro e passar por um processo de redenção, tem dessa vez a sua família toda dizimada. Nesse momento, na coroação de uma das maiores assinaturas de Muse, a voz tão conhecida pelos seus graves e agudos alternados de seu vocalista recebe a honra de ser o único instrumento na trilha, que é uma música a cappella, com ecos e um clima extremamente fúnebre devido às consequências devastadoras da chegada das máquinas de guerra. E para encerrar, os últimos minutos que se assemelham a uma oração pelas vidas perdidas, todas as vozes convergem para uma só e pronunciam a palavra mais forte para esse momento: “Amém”.
Giuseppe Di Giuseppe Deininger
|
|
|
Dica de Série
|
|
Quantico
Quantico é uma série estadunidense criada por Joshua Safran que estreou no Brasil em 25 de outubro de 2015. Centrada em um misterioso ataque terrorista, a história começa quando 51 habilidosos recrutas chegam à academia de treinamento do FBI, o Quantico.
Cada um, com seu próprio motivo e missão para a adesão, vai construindo seu caminho e batalhando para alcançar sua meta. Após a formação, o grupo é considerado a melhor equipe de agentes já formada. Supreendentemente, nove meses após o início do treinamento, um deles se torna o principal suspeito por planejar o maior ataque terrorista em Nova Iorque desde o 11 de setembro.
As principais suspeitas levam a Alex Parrish (interpretada por Priyanka Chopra), a melhor aluna da turma e atual agente do FBI. Sentindo-se injustiçada, Alex junto com alguns ex-colegas se dedica a procurar e juntar pistas que provem sua inocência e impeçam que outros ataques aconteçam.
A trama é desenvolvida conectando acontecimentos que detalham o passado e o presente, apresentando situações acontecidas em Quantico paralelamente a situações atuais, quando acontecem os primeiros ataques. Com muito suspense, segredos e revelações inesperadas, Quantico prende a atenção desde o primeiro episódio e aguça a curiosidade dos expectadores que admiram um bom mistério. É recomendada para todos aqueles que gostam de séries investigativas e repletas de reviravoltas de tirar o fôlego.
Ficha Técnica
|
Criador: |
Joshua Safran |
Lançamento: |
25 de Outubro de 2015 (Brasil) |
Temporada corrente: |
2ª |
Gênero: |
Ação, suspense, drama |
País de Origem: |
Estados Unidos |
Wislayne Dayanne Pereira da Silva
|
|
|
|