Dicas de Livro
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O Homem Duplicado
Lançado em 2002 pela Companhia das Letras e Editorial Caminho, 'O Homem Duplicado', do Nobel de Literatura José Saramago, conta a história do professor de História Tertuliano Máximo Afonso- um homem que vivia em uma rotina de marasmo e desencanto. Ao perceber tal situação do colega de trabalho, o professor de Matemática lhe recomenda o filme “Quem Porfia Mata Caça”, sendo essa comédia uma forma de espairecer a sua mente. Mal sabia, porém, as consequências do inocente conselho. Há nesse filme um ator, não semelhante apenas em traços a Tertuliano, mas definitivamente igual, um duplicado do professor de história. Tertuliano fica então obcecado por descobrir quem é o verdadeiro e qual dos dois é a cópia. Essa obsessão, em meio a debates feitos com o senso comum e consequentes acontecimentos imprevisíveis forçam o leitor a refletir sobre o indivíduo e sua identidade, ou a falta dela, numa sociedade cada vez mais homogênea e igual, seja pela aparência, seja pelo pensar.
Humberto de Brito Rangel Neto
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O último voo do flamingo
Originalmente lançado em Portugal, pela Editorial Caminho, em 2000, e no Brasil pela Companhia das Letras, em 2005, o romance “O último voo do flamingo”, de autoria do premiado escritor moçambicano Mia Couto, é um romance do gênero realismo fantástico. Deliberadamente, a editora optou por manter, inclusive no título, a ortografia vigente em Moçambique, mas introduziu um glossário para que o leitor possa compreender o significado de determinados termos.
A narrativa do romance é ambientada na pequena vila de Tizangara, em Moçambique, no contexto histórico do pós-guerra da independência, quando antigos ativistas de esquerda estão no comando e empreendem um jogo de poder pautado pela corrupção, pelo favorecimento e pela indiferença ao sofrimento do povo africano.
Nessa imaginária Tizangara, entram em confronto forças que se opõem: tradição e modernidade, informação e sabedoria secular, ritos e destruições, religião e feitiçaria, política interna e política externa, amor e ódio, realidade e ficção.
Em “O último voo do flamingo”, em meio ao enredo, Mia Couto tece uma crítica contundente aos semeadores da guerra e da miséria, e à ganância dos poderosos. Mas, também elabora uma trama em que poesia e esperança dependem da capacidade narrativa de contar a própria história por meio de vozes africanas autênticas. Pois, só alguns sabem que, conforme a tradição local, o flamingo faz o sol voltar a brilhar depois de um período de trevas e opressão.
Prof. Dr. Benedito Antonio Luciano(Tutor do PET Elétrica da UFCG)
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Dicas de Filme
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Corajosos
O filme retrata um tema comum nos dias atuais, a desestrutura familiar, que é um dos problemas apresentados pela sociedade devido à irrelevância dada à formação da base educacional que começa nos nossos lares.
“Corajosos” foi lançado em setembro de 2011, dirigido por Alex Kendrick, retratando a história de quatro policiais: Adam (Alex Kendrick), Nathan (Ken Bevel), Shane (Kenvin Downes) e David (Bem Davies) que enfrentam todos os dias as diversidades encontradas nas ruas com competência, porém cada um apresenta uma situação familiar na qual seu sucesso não é tão notório, falhando como pais e maridos. Paralelo aos policiais é mostrado a vida de Javier (Robert Amaya), um homem que apresenta problemas financeiros e dificuldades com emprego, que acaba conhecendo Adam devido a um serviço prestado por extrema coincidência, levando-o a se tornar amigo dos demais.
Após a morte da filha de Adam, sua família fica bastante abalada com o ocorrido e Adam passa a refletir sobre sua situação como pai e marido de sua casa. Após a reflexão, ele reúne seus amigos e mostra uma resolução que tinha o intuito de fazer com que ele obtivesse sucesso como líder de família, o que acaba gerando o desejo de seus companheiros o apoiarem e seguirem nesse objetivo.
Klynger Renan Menezes Dantas
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O lobo de Wall Street
O filme “ O lobo de Wall Street” , dirigido por Martin Scorsese, conta a história de Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), que tem o sonho de ser extremamente rico vendendo ações da bolsa de valores.
Jordan começa sua busca pela riqueza de baixo. Primeiro tenta uma empresa já estabelecida na Wall Street, mas não obtém sucesso. Então ver-se obrigado a procurar outro emprego. Dessa forma, ele recomeça a vida em uma empresa na qual se vendem ações de empresas menores, com lucro alto.
Após um certo tempo trabalhando nessa empresa ele conhece outra, que irá se tornar a sua alegria e sua desgraça. Donnie Azoff (Jonah Hill), percebe que o emprego de seu mais novo amigo, Belfort, é muito mais lucrativo e decide abandonar o seu e monta uma empresa junto com ele. Com isso, eles começam a ganhar muito dinheiro facilmente, mas de forma ilegal e anti-ética, enganando os compradores. E assim eles começam uma vida de loucuras, com sexo, drogas e muito dinheiro.
A trama segue mostrando como o ser humano pode deixar de lado qualquer ideal para conseguir poder e dinheiro; como ele se corrompe com facilidade para realizar todas as suas perversões. Além disso, mostra o sentimento de impunidade que essas pessoas possuem, achando que estão acima da lei, perdendo a noção de certo ou errado.
Scorsese consegue manter o filme eletrizante e com um tom de que tudo irá se arruinar a qualquer instante e toda a ilegalidade e os vícios de Jordan serão descobertos. Apesar das três horas de filme, o telespectador fica preso pela vontade de saber qual será a próxima reviravolta na vida do lobo de Wall Street, tornando este filme uma ótima escolha.
Saul Borges Nobre
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Dica de Música
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NONA SINFONIA
Escrita durante os últimos anos de vida do compositor alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827), a sinfonia número 9, em Ré-Menor, Opus 125, ficou mundialmente conhecida como a Nona Sinfonia de Beethoven ou Sinfonia Coral. Concluída em 1824, doze anos após a sétima e oitava, a Nona foi dividida em quatro movimentos, os três primeiros são de caráter instrumental e no último movimento foi introduzido o canto coral, o que serviu para influenciar outros compositores como Berlioz, Wagner, Brukner e Mahler.
O primeiro movimento (Allegro ma non troppo, um poço maestroso) começa como se os naipes orquestrais estivessem em processo de afinação. Em uma orquestra, os naipes são compostos por: cordas (violinos, violas, violoncelos e contrabaixos), madeiras (flautas, oboés, clarinetas e fagotes), metais (trompas, tropetes, trombones e tubas) e percussão (tímpanos, pratos, bumbo e afins).
No segundo movimento (Molto vivace), o padrão é ternário, quer dizer um pulso para cada três compassos, evoluindo para um pulso para cada quatro compassos, criando a ilusão de que o compasso seria quaternário. O compasso é a medida musical rítmica e métrica, que se reproduz simetricamente. É marcado na pauta por meio de barras ou travessões. De acordo com o tempo, compasso pode ser binário, ternário e quaternário.
No terceiro movimento (Adagio molto e cantabile) destacam-se os sons das trompas, dos fagotes, clarinetas, trompetes, flautas. As cordas são tocadas com os arcos e dedilhadas (“pizzicato”, termo italiano que significa “beliscado”), produzindo um efeito agradabilíssimo aos ouvidos.
O quarto movimento é baseado no poema de Johann Christoph Friedrich Von Schiller (1759-1805). E não é preciso saber alemão para sentir que ele é, de fato, um “Ode à Alegria” (An die Freude), um cântico de esperança, de júbilo, de exaltação dos melhores sentimentos do homem, da paz e da felicidade. Conforme a opinião do meu filho Pablo Luciano, o ouvinte se comove porque outra não pode ser a resposta quando se está diante de tamanha beleza. Com absoluta alegria, fica-se sabendo que, ao menos uma vez, a humanidade foi capaz de atingir à suprema perfeição.
Hoje, se alguém me perguntasse se na minha vida eu tive algum momento de transcendência, eu responderia afirmativamente. Foi no Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande – PB, em 20 de dezembro de 2002, quando a Orquestra e o Coro Sinfônico da Paraíba, em conjunto com o Coro em Canto da Universidade Federal de Campina Grande, apresentaram Nona Sinfonia, sob a regência da maestrina cubana Elena Herrera.
No dia anterior, a apresentação havia ocorrido no Centro Cultural, em João Pessoa – PB. Talvez, devido à tensão da estréia, como integrante do naipe dos baixos, eu me preocupei apenas em cantar de acordo com a partitura, mantendo a atenção para os movimentos da maestrina, em particular no tocante às entradas, pausas e impostação adequada da voz para atingir as notas mais altas.
Em Campina Grande, mais tranquilo, pude literalmente entrar no clima da música e ter o privilégio de experimentar todo o esplendor da Nona Sinfonia. Em certo momento, enquanto a orquestra tocava e os naipes aguardavam o momento da entrada, tive a sensação que algo além do meu corpo e da minha mente se projetava para além do palco, da platéia e do prédio do teatro: era a transcendência à qual me reportei.
Prof. Benedito Antonio Luciano (Tutor do PET Elétrica da UFCG)
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